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“Trata bem dele”
A Voz da Diocese
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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.
Caros irmãos, nesta semana, trazemos como reflexão uma síntese da Mensagem do Papa Francisco para o XXXI Dia Mundial do Doente, celebrado neste sábado, 11, cujo tema é: “Trata bem dele”! A compaixão como exercício sinodal de cura.
A doença faz parte da nossa experiência humana. Mas pode tornar-se desumana, se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo desvelo e a compaixão. Ao caminhar juntos, é normal que alguém se sinta mal, tenha de parar pelo cansaço ou por qualquer percalço no percurso. É em tais momentos que se vê como estamos a caminhar: se é verdadeiramente um caminhar juntos, ou se se vai na mesma estrada, mas cada um por conta própria, cuidando dos próprios interesses e deixando que os outros «se arranjem». Por isso, neste XXXI Dia Mundial do Doente e em pleno percurso sinodal, convido-vos a refletir sobre o fato de podermos aprender, precisamente através da experiência da fragilidade e da doença, a caminhar juntos segundo o estilo de Deus, que é proximidade, compaixão e ternura.
O livro do profeta Ezequiel oferece-nos um grande oráculo, que constitui um dos pontos culminantes de toda a Revelação, e lá o Senhor fala assim: «Sou Eu que apascentarei as minhas ovelhas, sou Eu quem as fará descansar – oráculo do Senhor Deus. Procurarei aquela que se tinha perdido, reconduzirei a que se tinha tresmalhado; cuidarei a que está ferida e tratarei da que está doente (...). A todas apascentarei com justiça» (34, 15-16). Naturalmente as experiências do extravio, da doença e da fragilidade fazem parte do nosso caminho: não nos excluem do povo de Deus; pelo contrário, colocam-nos no centro da solicitude do Senhor. Trata-se, pois, de aprender com Ele a ser verdadeiramente uma comunidade que caminha em conjunto, capaz de não se deixar contagiar pela cultura do descarte.
Como sabeis, a encíclica Fratelli tutti propõe uma leitura atualizada da parábola do Bom Samaritano (cf. nº 56). Escolhi-a como ponto de viragem para se poder sair das «sombras dum mundo fechado» (cap. I) e «pensar e gerar um mundo aberto» (cap. III). Com efeito, há uma profunda conexão entre esta parábola de Jesus e as múltiplas formas em que é negada hoje a fraternidade. Não é fácil distinguir os atentados à vida e à sua dignidade que provêm de causas naturais e, ao invés, aqueles que são provocados por injustiças e violências. Cada doença realiza-se numa «cultura» por entre as suas contradições.
Entretanto, o que importa aqui é reconhecer a condição de solidão, de abandono. Trata-se duma atrocidade que pode ser superada antes de qualquer outra injustiça, porque, para eliminá-la - como conta a parábola - basta um momento de atenção, o movimento interior da compaixão. Dois transeuntes, considerados religiosos, vêem o ferido e não param. Mas o terceiro, um samaritano, alguém que é objeto de desprezo, deixa-se mover pela compaixão e cuida daquele estranho na estrada, tratando-o como irmão. Procedendo assim, sem pensar sequer, muda as coisas, gera um mundo mais fraterno.
Nunca estamos preparados para a doença. Tememos a vulnerabilidade e a invasiva cultura do mercado impele-nos a negá-la. Não há espaço para a fragilidade. Então pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que devemos abandoná-los a fim de não nos sentirem um peso para eles. Começa assim a solidão. Na realidade, sentimos dificuldade de permanecer em paz com Deus, quando se arruína a relação com os outros e com nós próprios. Por isso é tão importante, relativamente também à doença, que toda a Igreja se confronte com o exemplo evangélico do bom samaritano, para se tornar um válido «hospital de campanha»: com efeito a sua missão, especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos, exprime-se na prestação de cuidados.
De fato, o Dia Mundial do Doente não convida apenas à oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade civil para uma nova forma de avançar juntos.
Os anos da pandemia aumentaram o nosso sentimento de gratidão por quem diariamente trabalha em prol da saúde e da investigação médica. Mas, ao sair de uma tragédia coletiva assim tão grande, não é suficiente prestar honras aos heróis. A covid-19 pôs à prova esta grande rede de competências e solidariedade e mostrou os limites estruturais dos sistemas de assistência social existentes. Por isso, é necessário que a gratidão seja acompanhada, em cada país, pela busca ativa de estratégias e recursos a fim de garantir a todo o ser humano o acesso aos cuidados médicos e o direito fundamental à saúde.
«Trata bem dele!» (Lc 10, 35): é a recomendação do samaritano ao estalajadeiro. Mas Jesus repete-a igualmente a cada um de nós na exortação conclusiva: «Vai e faz tu também o mesmo». Efetivamente «fomos criados para a plenitude que só se alcança no amor. Viver indiferente à dor não é uma opção possível» (Fratelli tutti nº 68). As pessoas doentes estão no âmago do povo de Deus, que avança juntamente com eles como profecia de uma humanidade onde cada qual é precioso e ninguém deve ser descartado.
Fonte: www.vatican.va
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