Quaresma: Tempo também para a conversão ecológica

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

segunda-feira, 06 de março de 2023

O pecado do homem de virar as costas para Deus, criou desordem não só na consciência, na integridade pessoal, não só na convivência social e relacionamento com o próximo, gerando desigualdades e injustiças, mas também causou um desequilíbrio na sua própria relação com a natureza.

A volta à unidade com a natureza, a casa comum

O ser humano, saindo da harmonia do Criador, perdeu também o senso de respeito e integração com a casa natural. As agressões cresceram à vegetação, às águas, aos animais, ao ar, à camada de ozônio, aos ecossistemas. Do egoísmo cego surge um galopante desmatamento, uma inconsciente degradação do solo, queimadas, poluição volumosa, contaminando e comprometendo os recursos hídricos, envenenando o ar, causando a maior incidência de raios solares e o aquecimento global. Avança a caça irracional, a pesca predatória, levando a extinção das espécies e a desorganização, o desequilíbrio ecológico. É o pecado de quem olha só para o seu interesse e para o seu imediato lucro ou vantagem, não se importando com os danos ao meio ambiente e consequentemente aos seres humanos.

Todos estes vários cenários estão indicados com profundidade e riqueza na Encíclica Social do Papa Francisco, a Laudato si, como em diversas campanhas da fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recordando e conscientizando de que é preciso preservar o que é de todos, a casa comum, a água, a terra, os biomas, especialmente a Amazônia... e no centro da Ecologia, o ser humano, totalmente integrado à ela, os indígenas, as populações ribeirinhas, os quilombolas, os pobres e miseráveis, os privados dos bens naturais, sedentos e famintos, os excluídos do sistema capitalista materialista, que devem ser resgatados e promovidos em sua dignidade de imagem e semelhança de Deus, filhos do Criador, irmãos do Redentor, templos do Espírito Santo.

É necessário criar uma generalizada consciência de responsabilidade ecológica, como um ato de conversão, de volta à sintonia com o plano da criação no respeito à ordem natural. Preservar a imensa riqueza da biodiversidade. Combater as agressões diversas. Promover a educação ambiental, como valorização e defesa da vida e da saúde de toda a comunidade social. Saber cuidar como o nosso irmão São Francisco da irmã natureza, como sagrado sinal da bondade e graça do Deus-Amor.

É importante protegermos a Amazônia grande reserva de vida da humanidade. Mas, também, devemos identificar as "nossas amazônias" bem perto de nós, na nossa cidade e região, os rios, as bacias, as matas, os impactos ambientais de empreendimentos industriais, comerciais, habitacionais, muitas vezes desastrosos, as campanhas que devemos fazer para manter a casa comum com todo equilíbrio para a vida e saúde de todos. Peçamos perdão ao Senhor pelas vezes em que nos omitimos na defesa da vida e da ordem natural, causando assim um grande mal a tantos irmãos, permitindo que a morte prevalecesse. Pelas vezes em que mesmo praticamos destruição ao meio ambiente, colaborando com projetos irresponsáveis no sentido ecológico. Pelas vezes em que nos esquecemos do ser humano não valorizando e protegendo a sua dignidade e vida desde a concepção até a morte natural, não lutando por seus direitos e integridade.

Queiramos a conversão total, não só um ponto ou outro. Busquemos a libertação integral, até porque não se pode separar uma postura da outra. São uma trindade. É na mudança da mentalidade e atitude fundante da estrutura pessoal que iremos reformar e transformar o social num espírito de comunhão e integração com toda a natureza criada. No respeito ao plano do Criador e seguindo o modelo do Salvador, no sopro do Espírito.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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