A hospitalidade

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Nesta semana vamos refletir sobre duas virtudes necessárias para a edificação de uma comunidade de amor: hospitalidade e empatia. A narração do Evangelho de Lucas nos coloca diante do momento em que Jesus visita uma pequena aldeia chamada Betânia e entra na casa de Marta e Maria. No relato, encontramos Marta afoita com os muitos afazeres e Maria sedenta, sentada aos pés do mestre, que como uma verdadeira discípula escuta atenta suas palavras.

Ao incomodo de Marta com a postura de sua irmã, Jesus adverte sobre as preocupações excessivas com os afazeres da vida cotidiana e a convida a discernir sobre o que é mais importante: se o que está estabelecido pela lei e pelas práticas culturais ou a acolhida da novidade do Reino.

Nesta passagem Marta realiza o “normal”, faz tudo o que ditam as normas de hospitalidade de seu tempo. Ela é o ícone dos que acreditam que basta cumprir a lei para a salvação e colocam um pesado julgo aos ombros dos que não a cumprem. Por outro lado, Maria também cumpre o costume da acolhida e da hospitalidade, mas de um modo diferente. Ela deixa transbordar o coração!

As atitudes das irmãs à primeira vista parecem ser opostas e se anularem, contudo, elas são complementares. Hospitalidade é também saber sentir a necessidade do outro, ser sensível à dor alheia. É ser empático! Neste tempo de pandemia tivemos a oportunidade de testemunhar muitos homens e mulheres de boa vontade que não se limitaram a cumprir a lei, mas arriscaram a própria vida para ir ao encontro das amarguras dos irmãos.

O Papa Francisco analisando a conjuntura social de nosso tempo denunciou: “o coronavírus não é a única doença a ser combatida, mas a pandemia trouxe à luz patologias sociais mais vastas. Uma delas é a visão distorcida da pessoa, um olhar que ignora a sua dignidade e a sua índole relacional. Por vezes consideramos os outros como objetos, objetos para serem usados e descartados. Na realidade, este tipo de olhar cega e fomenta uma cultura do descarte individualista e agressiva, que transforma o ser humano num bem de consumo” (Audiência geral, 12 ago. 2020).

É indiscutível a importância da lei para a sadia e frutuosa convivência da humanidade. Mas é estéril a comunidade que vive a lei pela lei, diminuindo o valor da vida e das pessoas. Aprendemos do Evangelho que a lei foi feita para o homem e não o homem para a lei (cf. Mc 2,23 – 3,6). Isto é, a lei deve ser libertadora e nunca poderá oprimir a caridade. O critério deve ser sempre o ser humano, portanto nenhuma norma que oprima, marginalize e/ou o exclua poderá ser aceita.

Duas atitudes que ferem a harmonia são a indiferença: o olhar para o outro lado; e o individualismo: o olhar somente para si, para os próprios interesses. Como pessoas que querem construir um mundo mais fraterno e justo precisamos aprender mais da hospitalidade de Cristo Mestre. A harmoniosa hospitalidade de Jesus nos ensina a olhar para os outros, para as suas necessidades, para os seus problemas, estar em comunhão. Ser empático!

Busquemos reconhecer em cada pessoa a sua dignidade humana, independente de qual seja a sua raça, língua, condição social e econômica, orientação sexual e política. A pessoa no centro, sem adjetivos ou acidentais.

Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação

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