Blog de massimo_18840

Johnny

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Para pensar:
"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
Ariano Suassuna

Para refletir:
“O fim da esperança é o começo da morte.”
Charles de Gaulle

Johnny

Ao longo dos últimos quatro anos, fazendo a cobertura das atividades do Legislativo municipal, este colunista teve oportunidade de conviver bastante com o novo prefeito eleito de Nova Friburgo, vereador Johnny Maycon.

Para pensar:
"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
Ariano Suassuna

Para refletir:
“O fim da esperança é o começo da morte.”
Charles de Gaulle

Johnny

Ao longo dos últimos quatro anos, fazendo a cobertura das atividades do Legislativo municipal, este colunista teve oportunidade de conviver bastante com o novo prefeito eleito de Nova Friburgo, vereador Johnny Maycon.

Agora, diante do resultado das eleições, parece oportuno falar um pouco sobre essa experiência, e o tipo de expectativas que ela levanta quanto ao que se pode esperar da próxima administração municipal, caso sua conduta não venha a se alterar.

Caráter

A primeira e talvez mais importante coisa a se registrar é que Johnny Maycon é um rapaz sério, que verdadeiramente acredita nas coisas que diz, e é coerente com elas.

Características que obviamente deveriam ser pressupostos na vida pública (e também fora dela), mas que no contexto político brasileiro e friburguense atual acabam sendo dignas de nota.

Testado

Aos 31 anos ele assumiu seu primeiro mandato na Câmara Municipal, sendo confrontado logo de cara com um governo que constantemente testou o quanto cada vereador estava apto a exercer suas funções e disposto a fiscalizar e se envolver.

E é justo reconhecer que Johnny foi um dos poucos que passaram nesse teste, entre os parlamentares da atual legislatura.

Aprendizado (1)

É também notório que o prefeito eleito aprendeu muito sobre o funcionamento das instituições e sobre os problemas da gestão municipal ao longo de seu primeiro mandato.

Algo que fica claro não apenas na evolução de seus discursos, mas na qualidade e na efetividade de suas ações fiscalizatórias.

Aprendizado (2)

Claro que ele tem apenas 35 anos, e não escapa às características da juventude, para o bem ou para o mal.

E é óbvio que, quando tiver 39 e encerrar o novo mandato, terá muito mais experiência e conhecimento do que tem agora.

Ainda assim, sua experiência não deve ser desprezada.

Além disso, já foram dadas demonstrações de que Johnny aprende rápido.

Desafios

Além de todos os desafios complexos que tem pela frente, basicamente envolvendo o enfrentamento da(s) crise(s) decorrente(s) da Covid-19, Johnny também tem consciência de que foi eleito com o apoio de pequena parcela da população, em grande parte (mas não integralmente) condensada na comunidade evangélica friburguense.

Diversos setores de nossa sociedade o encaram com desconfiança, e parece claro que os tradicionais mandatários do município não se reconhecem nele.

Independência

Parte dessa desconfiança advém de sua filiação partidária, e a julgar pela conjuntura nacional certamente haveria bons motivos para tais ressalvas.

Ainda assim, o convívio próximo deixa claro que o prefeito eleito não deverá se dobrar a qualquer influência partidária com a qual não concorde, e a forma como o  Republicanos instruiu que o partido compusesse a base do governo Renato Bravo é bom exemplo disso.

Chantagistas (1)

A difícil missão de desconstruir a desconfiança junto a esses setores e assegurar apoio popular suficiente para as medidas que precisam ser tomadas certamente não será facilitada pelos ataques que com certeza irá sofrer.

Na Câmara Municipal há um bom punhado de vereadores cujas reeleições sustentam-se sobre assistencialismo, sobre a obtenção de empregos e gratificações, e é de se esperar que essa turma reaja fortemente à anunciada determinação de não negociar cargos para obtenção de base de governo.

Um dos caminhos, claro, será tentar entregar a presidência a um desses chantagistas.

Falaremos sobre isso em breve.

Chantagistas (2)

Além disso, também na comunicação, sobretudo em redes sociais, é grande o contingente de párias, de difamadores profissionais, pessoas que ganham a vida chantageando, vendendo elogios ou ataques mentirosos, e seria demais imaginar que agora, sem luta, essa turminha vai espalhar currículos e procurar emprego.

Antes, é claro, vão tentar valorizar os próprios passes, fazer parecer que têm alguma influência ou relevância, como se o recente resultado das urnas não tivesse deixado claro o suficiente que falam apenas para si mesmos e não são levados a sério por ninguém que se dê ao respeito.

Voto de confiança

Apesar de todo este contexto, contudo, a cidade faria bem ao dar um voto de confiança ao prefeito que acabou de eleger.

Primeiro, obviamente, porque ninguém ganha se a cidade não estiver indo bem, e depois porque a fragmentação política, o vácuo de lideranças, a falta de referências, a descrença crescente reservada aos governantes e a falta de renovação nos cargos eletivos têm exposto Nova Friburgo a enormes riscos, e são situações que não podem mais esperar para que comecem a ser revertidas.

Apoio necessário

Medidas como privilegiar a memória administrativa e dar preferência a servidores de carreira na composição dos primeiros escalões da equipe de governo há muito são aguardadas e só podem ser elogiadas.

Da mesma forma, a disposição para retomar alguns serviços terceirizados que há tempos acumulam suspeitas com relação aos valores investidos também precisa contar com apoio da população, pois irá mexer com interesses pesados, certamente dispostos a financiar campanhas de difamação.

Caminho certo

Atuando como vereador, Johnny acertou muito mais do que errou.

Existem sim arestas que podem e talvez precisem ser aparadas, mas o tempo joga a seu favor.

Se, ao longo dos próximos anos, o prefeito eleito preservar os princípios e mantiver a curva de aprendizado que marcaram sua passagem pelo Legislativo, então encontrará neste espaço mais elogios do que críticas.

Esperança

Assim como dissemos anteriormente a todos os prefeitos, o espaço está aberto para qualquer esclarecimento que se faça necessário à população, qualquer notícia de interesse público.

A única contrapartida que esperamos é a de um governo sério, comprometido com o interesse coletivo, que saiba lidar com denúncias ou críticas construtivas de maneira madura e producente.

Boa sorte, Johnny.

Este colunista torce por você.

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Já vai tarde

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Para pensar:

"Nas veredas da vida construímos passo a passo nosso destino para a honra ou desonra.”

Paulo Roberto Barbosa

Para refletir:

“A lei do retorno é implacável! A vida se encarrega de dar, a cada um, o que merece.”

Mallu Moraes

Já vai tarde

Para pensar:

"Nas veredas da vida construímos passo a passo nosso destino para a honra ou desonra.”

Paulo Roberto Barbosa

Para refletir:

“A lei do retorno é implacável! A vida se encarrega de dar, a cada um, o que merece.”

Mallu Moraes

Já vai tarde

A coluna falará bastante sobre as eleições ao longo da semana, e amanhã, 18, irá dedicar bastante espaço à vitória de Johnny Maycon e o que se pode esperar de seu mandato, bem como da nova composição do plenário de nossa Câmara Municipal.

Hoje, contudo, é dia de reservar algumas palavras a essa inglória gestão atual, que há muito já deveria ter sido abreviada por vias institucionais, mas de algum modo durou o suficiente para que pudesse ser despejada a vassouradas do Palácio Barão de Nova Friburgo pela soberana vontade popular.

O peso da máquina

Pelos quatro cantos do Brasil analistas políticos falam sobre a tendência de reeleição entre os prefeitos, sobre a influência da máquina administrativa na construção dos resultados, o peso dos votos de nomeados e seus familiares no desfecho da corrida eleitoral.

Sobretudo em cidades de interior, nas quais o percentual de funcionários municipais é sempre mais alto entre a totalidade da população.

Naufrágio

E, apesar de tudo isso, apesar de tudo a que se apelou, o prefeito Renato Bravo foi condenado à 10ª posição na tabela de votos, limitado ao apoio de 3.538 friburguenses.

Desconte desta lista nomeados/agregados/parasitas e seus familiares, e o que resta é praticamente nada. Sem o suporte da máquina administrativa certamente teria disputado as últimas posições, com votação medida em três dígitos.

E olhe lá.

É, de muito longe, o maior naufrágio eleitoral já sofrido por um prefeito na história de Nova Friburgo.

Não acabou

Talvez o leitor considere estas palavras duras demais, mas só quem cobriu este governo no cotidiano, ouvindo dia após dia relatos e áudios escandalosos, lendo documentos e tomando parte em seguidas apurações, e em meio a tudo isso teve de ouvir gracinhas e deboches em razão da demora judicial, tem noção do quão baixo se chegou na administração municipal ao longo destes quatro anos.

Acreditem: a verdadeira dimensão do que foi este governo só será conhecida pelo friburguense médio dentro de alguns anos, quando as inúmeras denúncias, muitas das quais ricamente fundamentadas, vierem a público.

Cartão de visitas

De fato, qualquer ilusão que este colunista pudesse alimentar a respeito do caráter dos mandatários na atual gestão caiu por terra ainda nos primeiros meses de governo.

É bem verdade que houve problemas sérios desde a transição, mas a real percepção sobre o tipo de gente com quem estávamos lidando se deu quando a gestão da Saúde determinou que fossem continuadas as cirurgias eletivas e orientou pacientes a processarem os médicos que se recusassem a operar, um dia após este colunista ter telefonado ao prefeito para informar, com provas, que o Hospital Municipal Raul Sertã não estava esterilizando instrumentos cirúrgicos de maneira satisfatória.

Revolta

Não sabíamos, naquela altura, que as mesmas responsáveis pela medida já mantinham contato por e-mail com a empresa que dias mais tarde seria beneficiária de um contrato emergencial de valor altíssimo para a prestação do serviço de esterilização externa, o qual jamais prestou de maneira aceitável.

Ainda hoje, lembrar que pessoas possivelmente sofreram de forma evitável e tiveram seus quadros agravados por esse tipo de atuação causa indignação.

Miríade

Desde então dezenas de outros episódios trataram de confirmar as péssimas impressões daqueles primeiros dias.

Poderíamos falar sobre as razões que levaram o primeiro secretário de Saúde a pedir exoneração com apenas 45 dias de governo, sobre a famigerada Ata de Caxias, os contratos emergenciais de fornecimento de alimentação hospitalar, o contexto em que se deram os pareceres na compra de seringas, a forma como a cidade foi deixada nas mãos da concessionária de transporte coletivo.

Nem fingiu

Poderíamos, paralelamente, falar sobre promessas de campanha que jamais foram merecedoras de ao menos uma tentativa ensaiada e teatral de realização, entre as quais se destacam as UPAs de Olaria e São Geraldo.

O povo, no entanto, já disse tudo que precisava ser dito sobre o conjunto da obra.

E, no devido momento, a Justiça também há de nos dar oportunidade de aprofundar muitos destes episódios.

Grotesco

Em meio a tanto mau cheiro, a campanha eleitoral da reeleição teve o mérito de conseguir piorar o que já era putrefato.

Episódios como a chamada “live da verdade” encontram-se, desde já e para sempre, entre os momentos mais grotescos de toda a história política friburguense.

O tipo de vídeo que merece ser guardado para consultas futuras.

Molecagem

E o que dizer sobre a indigna sugestão de que as críticas deste espaço teriam origem na redução de gastos com a publicação de atos oficiais, quando foi o próprio governo - e somente ele - quem diversas vezes tentou estabelecer esse vínculo, dando a entender que iria reduzir as publicações se as críticas não cessassem?

O leitor faz ideia de quantas vezes “ameaças” dessa natureza chegaram aos ouvidos deste colunista?

O tipo de postura, enfim, que se espera de moleques, jamais de estadistas.

Desconexão

Aliás, o contraste entre a previsível tragédia eleitoral e o empenho do governo para que pudesse reverter a reprovação das contas de 2018 e assim tomar parte na eleição apenas reforça a desconexão absoluta com a realidade das ruas, e mostra o quão espessa e opaca se tornou a bolha em torno de quem afastou de perto de si qualquer voz que ponderasse, que não bajulasse, que não aceitasse jogar sob quaisquer circunstâncias.

Porque, é claro, pessoas de grande valor também passaram pela atual gestão.

Grandes

Pessoas como Ângelo Jaquel, ex-secretário de Infraestrutura e Logística, que foi atacado publicamente nos corredores da prefeitura, aos berros, por ter salvado parte do processo licitatório que já se encontrava maduro e tinha potencial de preservar o erário dos danos causados à adesão à Ata de Caxias.

Pessoas como o ex-procurador Sávio Rodrigues, que sofreu toda forma de ataque por ter se portado como legítimo procurador, orientador do governo no sentido de preservar os interesses coletivos, tendo se colocado no caminho de muitas operações de natureza extremamente questionável.

Gratidão

Pessoas como as incontáveis fontes deste espaço, servidores que não tinham a opção de pedir exoneração, mas que não concordavam com o que estavam vendo e fizeram questão de contribuir com informações e provas que tantas vezes sustentaram denúncias e deram a este colunista a segurança necessária para que pudesse escrever tudo que escreveu, sempre com cartas guardadas na manga, sempre em condições de publicar muito mais caso alguém tentasse desmentir o que quer que fosse.

A todas estas pessoas - algumas conhecidas, outras não - a sociedade friburguense deveria reservar toda sua gratidão.

Vergonha

Por outro lado, não podemos encerrar essa coluna sem lembrar do grande contingente de carreiristas que, quando se viram diante de sinais inequívocos de que o interesse coletivo estava sendo vilipendiado, optaram egoística e covardemente por virar os olhos e tapar os ouvidos.

Que cada comentário bajulador em postagem mentirosa seja printado, que cada alegação de que as denúncias não passavam de “politicagem” sejam guardadas, que ninguém esqueça desses pusilânimes - alguns tristemente jovens - que se dispuseram a jogar pela janela o interesse coletivo quando o interesse pessoal esteve em jogo.

Quanta pequenez. Quanta vergonha!

Porta dos fundos

Mesmo para um prefeito de ocasião, como foi o caso de Renato Bravo, alçado à prefeitura muito mais pela rejeição reservada a seus adversários do que por qualquer lastro próprio, a mensagem popular foi forte e clara demais.

No próximo dia 1º de janeiro, o governo que tão cedo perdeu as ruas, cujo líder jamais foi à Câmara Municipal, que chegou ao isolamento extremo de fechar os acessos ao palanque oficial em datas comemorativas, deixará o Palácio Barão de Nova Friburgo pela porta dos fundos para assumir seu lugar nos porões da história.

Foto da galeria
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Voto consciente

sábado, 14 de novembro de 2020

Para pensar:

"A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o desenvolvimento da inteligência humana.”

Charles Darwin

Para refletir:

“A virtude é o primeiro título de nobreza; eu não presto tanta atenção ao nome desta ou daquela pessoa, mas antes aos seus atos.”

Molière

Voto consciente

Para pensar:

"A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o desenvolvimento da inteligência humana.”

Charles Darwin

Para refletir:

“A virtude é o primeiro título de nobreza; eu não presto tanta atenção ao nome desta ou daquela pessoa, mas antes aos seus atos.”

Molière

Voto consciente

Os últimos dias têm sido extremamente turbulentos, uma experiência antropológica que vem mostrando a quantidade de pessoas dispostas a abrir mão de princípios em nome de um objetivo pessoal, e também o tipo de consequência que esse tipo de postura, quando adotada coletivamente, traz à sociedade.

Em linhas gerais a campanha pela prefeitura em Nova Friburgo tem sido muito, muito baixa, com raras e louváveis exceções, que podemos exaltar no futuro.

Muleta

A VOZ DA SERRA esteve várias vezes na linha de tiro, e não poderia ser diferente num momento em que tantas equipes a serviço de grupos específicos - muitas vezes assumindo esta condição - reivindicam credibilidade como se isentas fossem e invertem os fatos, ridicularizando tudo que não lhes seja favorável em meio a acusações vazias.

De fato, já faz tempo que chamar a imprensa e a mídia de podre, de lixo, tornou-se muleta para narrativas reducionistas, teatralizadas e populistas, de “luta contra o sistema”.

Quantos são os que percebem o objetivo claro (e os riscos) de unir poder, máquina pública e monopólio sobre a verdade, ou que se incomodam com isso?

Coerência

Este espaço, todavia, se dirige a quem ainda leva a si mesmo a sério, e conserva respeito pela própria opinião.

Não chegamos aqui há pouco tempo, e nos dois últimos mandatos demos demonstrações muito claras, para quem quis ver, de que nossa linha editorial não está à venda e não se altera quando da prestação ou não de qualquer serviço ao poder público.

Por coerência, quem chama a mídia de vendida, quem critica a associação entre verbas públicas e linha editorial, deveria reservar a devida atenção a este veículo.

Credibilidade

Sabemos, no entanto, que na maioria das vezes não se tratam de acusações com substância, mas genéricas e levianas, com objetivos muito claros, e que por isso não se portam com coerência.

É sintomático, por exemplo, que, no momento de tentar dar credibilidade a uma notícia falsa, tantos grupos que atacam a mídia insiram marcas da imprensa séria nas peças que inventam.

Pouco importa.

Os muitos leitores que dão vida a este espaço dão seguidas demonstrações de que ainda existe público para conversas mais sérias, e hoje precisamos ter uma dessas.

Conjuntura frágil

Como dissemos no início desta semana, o momento é delicado e muito perigoso para Nova Friburgo.

Em meio a essa conjuntura louca de pandemia e vácuo de liderança o número de candidatos explodiu, quase que triplicou, agregando riscos e oportunidades num momento em que o processo de formação de opinião encontra-se fortemente prejudicado.

A árvore e os frutos

Sabia-se, desde o início, que a pulverização de tempo e espaço, aliada ao curto e limitado período de campanha, levaria grupos menos afeitos a ética a tomar os rumos da apelação, da busca por gatilhos, atalhos, e o voto fácil, automático.

De certo modo, contudo, isso serviu para que muitas máscaras pudessem cair.

É fácil, afinal, reconhecer quem trata o eleitor como criança, quem interpreta um personagem estereotipado, quem evita propostas concretas e factíveis e se esforça por mergulhar a disputa municipal na polarização federal.

Critérios práticos

O que ninguém diz ao eleitor é que, no Brasil inteiro, a escolha de partidos por parte de quem pretende se candidatar na esfera municipal se dá - com exceções fáceis de perceber - por critérios em nada relacionados a ideologia.

“Quais as opções que eu tenho?” “Quais os partidos que estão carentes de liderança municipal?” “Onde tenho mais chances de me eleger?” “Onde terei mais apoio e liberdade?” “Qual o discurso que rende mais votos atualmente?”

Além, é claro, das muitas candidaturas movidas por convites de amigos.

Ingenuidade

Seria ótimo se tivéssemos apenas cinco ou seis partidos, todos com bandeiras bem definidas.

A realidade, contudo, é de que a política - com exceções que todos conhecem - é o quintal dos caciques, local de tráfico de influência, de venda de apoio e tempo de TV.

É ingenuidade demais acreditar que pelo partido automaticamente se reconhece o caráter, tanto mais quando resta evidente que políticos picaretas sempre migrarão para onde a popularidade é maior.

Separar o joio do trigo é - ou deveria ser - parte do processo de escolha.

Vale sempre pesquisar

A Justiça disponibiliza muitas informações valiosas ao eleitor que busca se aprofundar.

O recente debate promovido entre os candidatos a vice-prefeito trouxe à tona por exemplo, que há candidatos aqui em Nova Friburgo respondendo a processos e/ou com dívidas ativas medidas em dezenas ou mesmo centenas de milhares de reais, algo que parece preocupante para quem pretende ser gestor de uma cidade do porte de Nova Friburgo.

São informações públicas, ao alcance de qualquer um.

Olhar com atenção

Fato é que a experiência cobrindo política e lidando com a maioria dos grupos que agora se candidatam aponta para um cenário curioso e perigoso, no qual ao menos quatro grupos estão nitidamente com objetivos não republicanos, ao passo que alguns grupos sérios parecem invisíveis em razão do partido pelo qual militam ou por não haver a crença de que têm chances reais.

Curioso esse processo, no qual tantos sentem que não podem ou não devem votar em quem gostariam, especialmente numa eleição que se revela aberta e indefinida, por mais que muitos grupos tentem dizer o contrário.

Tudo aberto

Eleições internas simuladas pelas empresas 3F e Predial Primus reforçam essa percepção.

Na primeira, como seria de se esperar, o resultado foi bem semelhante àquele obtido na Stam.

Já na segunda, o que se viu foi um agravamento das tendências apontadas pela pesquisa encomendada por A VOZ DA SERRA.

Enfim, o jogo está aberto, e a bola está nos pés do eleitor.

Alerta

Por fim, fica aqui mais uma vez o alerta a respeito da boca de urna.

Se algum eleitor testemunhar esse tipo de situação tem o dever de denunciar.

E mais: quem joga o vale tudo precisa ser punido nas urnas. Somente o eleitor tem o poder de estabelecer as regras daquilo que funciona ou não funciona, daquilo que é ou não é aceitável, daquilo que o convence ou não convence.

A moralização da política começa pelo eleitor, pela sua autoestima, pela forma como espera ser tratado.

Bom voto!

A todos os leitores, que neste espaço ajudaram a contar a história de anos difíceis e frustrantes, fica o desejo de que votem de maneira consciente, que se façam respeitar, e que continuem aqui após as eleições, cobrando que as promessas feitas sejam cumpridas.

Seguiremos juntos, na esperança de que o contexto nos permita elogiar mais e criticar menos.

Bom voto a todos.

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Ao próximo prefeito

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Para pensar:

"As questões políticas são muito sérias para serem deixadas para os políticos.”

Hannah Arendt

Para refletir:

“A coragem significa um forte desejo de viver, sob a forma de disposição para morrer.”

G. K. Chesterton

Ao próximo prefeito

Para pensar:

"As questões políticas são muito sérias para serem deixadas para os políticos.”

Hannah Arendt

Para refletir:

“A coragem significa um forte desejo de viver, sob a forma de disposição para morrer.”

G. K. Chesterton

Ao próximo prefeito

Há quatro anos atrás esta coluna publicou uma carta aberta ao prefeito que dias depois seria eleito, ainda sem saber quem ele seria, manifestando o desejo de estabelecer uma parceria construtiva, moralizada, colocando a enorme rede de informantes à disposição do poder público com o intuito de agilizar a solução de problemas.

Nada que envolvesse dinheiro ou qualquer contrapartida asquerosa, nem tampouco que comprometesse a isenção da linha editorial.

Apenas o desejo de ajudar a cidade a melhorar.

Disposição

Infelizmente, o estender da mão foi absolutamente unilateral.

A frustração do trabalho nestes últimos quatro anos, no entanto, é tema a ser abordado no futuro.

Por ora, a coluna deseja apenas reafirmar ao próximo prefeito ou à próxima prefeita que a disposição aqui sempre foi e sempre será a de ajudar.

Se houver a possibilidade de que um problema venha a ser resolvido sem que a notícia precise ser publicada, não vemos problema nisso.

O que importa é que a cidade melhore, não somos sensacionalistas.

Fazer por merecer

Independentemente de quem quer que venha a ser eleito, este espaço respeitará, como sempre fez, a vontade popular.

Evidentemente não faremos vista grossa caso algo de nocivo à coletividade seja identificado, mas torcemos para que a próxima gestão nos dê a oportunidade de elogiar mais do que criticar.

Que faça por merecer nossa confiança e nosso respeito.

Que coloque o interesse coletivo em primeiro lugar.

Porque quem quiser trabalhar com seriedade terá sempre o apoio deste espaço.

A vez da Haga

Em meio a tanta podridão, tanto mau-caráter se revelando, período eleitoral também tem umas coisas muito legais.

Ontem, 12, falamos aqui sobre a simulação de votação realizada junto aos funcionários da Stam.

Hoje, faremos o mesmo em relação ao pessoal da Haga.

E é muito legal isso, ver essas tradições se consolidando, o pessoal interessado, o engajamento, a busca por referências.

Bacana.

Jogo aberto

Novamente a coluna não pode dar o resultado, mas pode tecer comentários.

De novo, o número somado de brancos, nulos e abstenções supera por grande margem o do candidato mais votado, não deixando dúvidas a respeito da margem ainda existente para mudanças de última hora, bem como sobre a importância de que a sociedade se una para não tolerar qualquer forma de boca de urna.

Não é aceitável que algumas horas de jogo sujo e derramamento de dinheiro obtido de maneira obscura resultem em quatro anos de carência de representação.

Alinhado

Feita esta introdução, vale registrar que a prévia entre os funcionários da Haga esteve muito alinhada à pesquisa encomendada por A VOZ DA SERRA, ao contrário do que houve na Stam.

Vale observar, ainda, que o universo amostral foi menor.

Ao todo, foram contabilizados 190 votos.

Todavia, o pessoal da Haga se orgulha de ter acertado o vencedor nas últimas quatro eleições, o que deve dizer algo a respeito da representatividade de seus quadros.

Sem máscaras

Outro aspecto positivo trazido por este período eleitoral é justamente a oportunidade rara de vermos tantas máscaras caindo.

As eleições vão passar, mas quem puder printar postagens e guardar vídeos certamente fará um bem a si mesmo, quando, no futuro, algumas destas pessoas vierem reivindicar alguma credibilidade.

Este colunista, infelizmente, viu algumas estrelas se apagarem recentemente.

E sabe que não está sozinho nessa percepção.

É hoje!

A friburguense Ilona Szabó é personagem de destaque hoje no Paris Peace Forum, onde, a partir das 11h (horário de Brasília) apresenta o projeto do Instituto Igarapé sobre crimes ambientais na Amazônia.

Interessados em participar podem se inscrever no endereço https://registration.parispeaceforum.org.

Por falar nela...

Na noite de ontem, 12, Ilona também participou de um bate-papo virtual promovido pela Editora Companhia das Letras como parte da divulgação de seu mais novo livro, “A Defesa do Espaço Cívico”, já disponível no mercado.

Collor e Azevedo

A coluna pediu mais informações, e novamente foi atendida.

Ivan Prado Fernandes, do Observatório Social, ajuda a contextualizar de forma mais profunda o encontro entre Fernando Collor de Mello e o ex-prefeito de Nova Friburgo Paulo Azevedo.

Aspas

“A coluna publicou uma foto de dezembro de 1989 em que o presidente eleito Fernando Collor visita o prefeito Paulo Azevedo. Na ocasião eu era o presidente do PRN, partido do Collor, e fui quem o convidou e o levou a visitar o Paulinho.

O Collor tinha muito carinho e gratidão à nossa cidade porque foi aqui que ele foi lançado como candidato à presidente da República. Tenho muitas outras fotos do Collor em nossa cidade. Inclusive um almoço de adesão à sua candidatura que realizamos no Country Clube.”

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Segue o jogo

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Para pensar:
"O primeiro passo para conhecer-se é desconfiar de si mesmo.”
Júlio e Augusto Hare

Para refletir:
“Não há contradição entre disciplina e iniciativa. Elas complementam-se.”
Textos judaicos

Segue o jogo

O colunista gostaria de começar os trabalhos de hoje, 12, pedindo desculpas pelo desabafo de ontem, 11, mas realmente a dose de decepção para com pessoas até pouco tempo atrás admiradas foi muito grande.

Para pensar:
"O primeiro passo para conhecer-se é desconfiar de si mesmo.”
Júlio e Augusto Hare

Para refletir:
“Não há contradição entre disciplina e iniciativa. Elas complementam-se.”
Textos judaicos

Segue o jogo

O colunista gostaria de começar os trabalhos de hoje, 12, pedindo desculpas pelo desabafo de ontem, 11, mas realmente a dose de decepção para com pessoas até pouco tempo atrás admiradas foi muito grande.

A má-fé de tanta gente, especialmente evidente em período eleitoral, só não desanima mais porque felizmente os leitores estão aí para nos lembrar que ainda existe gente disposta a encarar a realidade como ela é, imperfeita, multifacetada, contraditória, e por vezes frustrante.

Termômetro?

Aproveitando a vastidão de sua equipe, a Stam promoveu uma simulação de votação para prefeito entre seus quadros.

Ao todo foram contabilizados 856 votos, o que representa um contingente bastante considerável, ainda que não necessariamente representativo da realidade municipal como um todo.

A coluna naturalmente não pode divulgar o resultado, mas pode dizer que ele está de acordo com as previsões para esse nicho específico do eleitorado, e diverge significativamente da única pesquisa oficial divulgada até o momento em que estas linhas eram escritas.

De olho

Ainda assim, a leitura mais objetiva segue a mesma, quando se observa que o número de votos brancos ou nulos supera, por larga margem, o do candidato mais votado.

A disputa certamente será decidida em seus instantes finais, e esse é mais um motivo para que as autoridades e a sociedade fiquem de olho muito atento para eventuais esquemas de boca de urna.

Ao eleitor, caso seja confrontado com algo do gênero, cabe perguntar: quem financia tais operações?

Como irá governar quem quer vencer a qualquer preço?

Básico

Algumas pessoas andaram dizendo, por leviandade ou incapacidade de compreensão, que a pesquisa publicada por A VOZ DA SERRA havia sido impugnada.

Ora, qualquer um com boa-fé que tivesse buscado se informar teria visto que a que foi impugnada foi outra, sem qualquer relação com o jornal e elaborada em contexto muito, muito diverso.

Sintoma

Uma das atribuições de quem pretende informar ou governar é ter o conhecimento básico a respeito daquilo que está falando.

Quem age desta forma não pode ser nem bom comunicador, nem bom gestor.

Ao contrário, o jornal teve a cautela de adiar a publicação impressa por 24 horas, a fim de que o pedido de impugnação da pesquisa pudesse ser apreciado.

Postura

Como dito ontem, 11, este nunca foi o problema.

Quem agora difama e tenta desacreditar este veículo estaria compartilhando a pesquisa com impulsionamento se o resultado indicado tivesse sido diferente.

Ora, todo mundo é livre para buscar instituições confiáveis e encomendar a realização de uma pesquisa.

Isso não é postura que se espere de quem pretende encarar o desafio de gerir uma cidade em tempos tão turbulentos.

Fila andando

A Prefeitura de Cabo Frio farejou a grande possibilidade de obtenção de investimentos externos ao alcance de cidades fluminenses na atualidade, que a coluna vem abordando há muito tempo, por vezes sendo ironizada por isso.

Nesta segunda-feira, 9, o secretário municipal de Governo de Cabo Frio, Matheus Mônica, foi recebido pelo secretário estadual de Governo, André Lazaroni, e na mesma visita protocolou ofício junto ao Governo do Estado e à Federação de Automobilismo do Rio de Janeiro disponibilizando áreas para a construção do Autódromo Internacional do Estado do Rio de Janeiro.

Contexto favorável

É evidente, para quem acompanha o esporte, que a Fórmula 1 tem ambições de retornar ao Rio de Janeiro, manifestamente compartilhadas pelo Governo Federal.

A construção da pista em Deodoro, na Zona Oeste da capital, no entanto, vem encontrando (justa) resistência uma vez que o projeto prevê danos irreparáveis à Floresta do Camboatá.

Iniciativa

Diante de tudo isso, Cabo Frio fez o que a coluna diversas vezes sugeriu que Nova Friburgo deveria ter feito.

Apresentou as áreas disponíveis e inclusive levou um projeto prévio para o autódromo. Pesa a favor da cidade litorânea a existência de um aeroporto com capacidade para receber qualquer tipo de carga.

A intenção é fazer de Cabo Frio um centro de desenvolvimento do desporto automobilístico no Brasil.

Tomara que consigam.

Por falar nisso...

E já que mencionamos o esporte a motor, Guilherme Spinelli, de profundas raízes friburguenses e provavelmente o piloto mais consistente do off-road nacional, teve mais uma grande atuação no Rali dos Sertões neste ano, que infelizmente acabou sendo abreviada por uma falha mecânica.

Andando sempre entre os primeiros, Guiga, como é mais conhecido, agora se prepara para competir mais uma vez no maior desafio do mundo em sua especialidade, o Rali Dakar.

Boa sorte, campeão!

Créditos

A coluna pediu os nomes, e foi atendida.

Além do geógrafo Pedro de Paulo, também participaram do resgate da geladeira descartada às margens do Córrego dos Inhames, na Chácara do Paraíso, a engenheira ambiental e sanitária Renata Teixeira; o estudante Carlos Fernando, e os recicladores Eduardo Pimentel e Brasil.

A todos, mais uma vez, fica o agradecimento deste colunista pelo voluntariado em relação a questões que deveriam ser mais abraçadas pela sociedade como um todo.

Registro

Por questões técnicas a coluna não conseguiu publicar ontem, 11, esta fotografia resgatada pelo amigo Girlan Guilland, que mostra o encontro entre o ex-prefeito Paulo Azevedo e o então candidato a presidente da República Fernando Collor de Mello, nos idos de 1989.

Neste dia 11 Paulo Azevedo, que foi uma das vítimas da tragédia climática de janeiro de 2011, teria completado 82 anos.

A coluna não tem o crédito da imagem, embora Girlan acredite que seja de Ezídio Barroso ou do Ricardo Emerich. Se alguém tiver a informação, agradecemos desde já.

Foto da galeria
Registro (Foto: Girlan Guilland)
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Campo minado

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Para pensar:

"Pessoas que repetidamente atacam sua confiança e autoestima estão perfeitamente cientes de seu potencial, mesmo que você não esteja.”

Autor desconhecido

Para refletir:

“O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.”

Barão de Itararé

Para não esquecer:

“Amigo é uma palavra muito forte. São poucos os que a merecem.”

Leandro Floriano Batista

Campo minado

Semana eleitoral é sempre um terreno minado.

Para pensar:

"Pessoas que repetidamente atacam sua confiança e autoestima estão perfeitamente cientes de seu potencial, mesmo que você não esteja.”

Autor desconhecido

Para refletir:

“O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.”

Barão de Itararé

Para não esquecer:

“Amigo é uma palavra muito forte. São poucos os que a merecem.”

Leandro Floriano Batista

Campo minado

Semana eleitoral é sempre um terreno minado.

Momento no qual grupos políticos adeptos do vale tudo (e sempre vale enfatizar que a forma como se tenta vencer uma eleição diz tudo sobre a forma que se pretende governar) geralmente jogam suas últimas e mais sórdidas cartadas.

Momento em que várias mentiras são atiradas ao eleitor, na esperança de que não sejam desmentidas até que o voto já tenha sido depositado.

Porque a natureza do mentiroso é exatamente essa: a seus olhos o que importa são os fins, não os meios.

Cautela

Eleições passadas nos dão fartos motivos para que adotemos filtros extras para qualquer informação suspeita recebida neste momento.

Inclusive porque existem procedimentos que se espera de qualquer pessoa honesta e comprometida com interesses coletivos quando confrontada com situações passíveis de serem denunciadas.

E, certamente, estes procedimentos não incluem guardar as informações para que sejam divulgadas na reta final de uma corrida eleitoral.

Triste

De fato, compreender esses dias só é possível quando se tem em mente que às vésperas de uma eleição, mais do que já ocorre habitualmente, mentiras são muito mais premiadas e recompensadas do que verdades.

Não falta dinheiro para financiar quem está disposto a se vender, quem se presta a assumir qualquer papel e a jogar contra o interesse coletivo em troca de uma complementação na renda ou da promessa ou manutenção do emprego.

E é triste, e profundamente desanimador, ver tantos colegas se prestando a isso.

Sem vergonha

A coluna se sente muito à vontade para falar francamente sobre todo este teatro que temos visto em redes sociais porque já fomos confrontados com as mesmas propostas, as mesmas tentativas de interferência editorial.

E não nos vendemos.

As mesmas vozes que hoje insinuam, com rara leviandade, que as críticas publicadas neste espaço seriam motivadas por questões de natureza financeira eram as mesmas que, tempos atrás, tentavam intimidar, ameaçar, comprar.

Falta vergonha na cara.

Zumbido

Porque, no fundo, é disso que se trata.

Em tempos de “bolhas digitais”, de algoritmos filtrando percepções de mundo, de grupos de WhatsApp promovendo e se aproveitando de histórias fantasiosas e parciais, quem ainda quer - ou suporta - ser confrontado com fatos ou narrativas que não sejam de seu agrado?

Quem segue em busca da verdade, quando há tanta gente oferecendo algo mais bonito ou agradável?

Patético

Nos últimos dias este jornal tem sido alvo de ataques essencialmente covardes, inconsistentes, baseados em alegações oportunistas, por parte de quem não consegue disfarçar interesses pessoais atrelados a versões convenientes da realidade.

Tentativas de desacreditar, de ironizar, partindo de quem não perde tempo em compartilhar alguma matéria publicada por aqui, quando estas lhes são convenientes.

De gente que adora cantar nossa irrelevância, mas não consegue nem ao menos fingir que não lê ou não se importa.

Patéticos.

Inspiração

Aos muitos leitores que dão sustentação e sentido a este espaço, amigos que tantas mensagens enviaram celebrando o retorno da coluna, nossa gratidão e nosso respeito.

Enquanto vocês estiverem por aqui, seguiremos juntos.

Acertando, errando, mas sempre buscando a verdade.

Sobre a pesquisa

Algumas palavras sobre a pesquisa de opinião encomendada por A VOZ DA SERRA ao Instituto Paraná.

Ao publicar as informações, seguindo todos os trâmites estabelecidos pela Justiça Eleitoral, o jornal foi bastante enfático ao destacar que vários candidatos se encontram em situação de empate técnico, e que os mais de 40% de indecisos são garantia de que a eleição será decidida nos momentos derradeiros e que o resultado das urnas ainda deve trazer alterações significativas em relação ao que pesquisas venham a mostrar.

Quem fala?

Mas é claro que, daqui a quatro anos, ninguém fará este tipo de consideração quando quiser colocar em dúvida a validade de novas pesquisas, da mesma forma como várias postagens atuais atribuíram a este jornal pesquisa publicada em outro veículo há quatro anos.

O importante é vencer, não é mesmo?

Ora, alguém tem alguma dúvida de que quem questiona a credibilidade da pesquisa estaria compartilhando a mesma caso o resultado fosse de seu agrado? E que quem a exalta estaria questionando sua credibilidade se não gostasse do que ela aponta?

Menos, gente. Menos…

Somos muitos

Amigos, tenham em mente o seguinte: quem vive de se vender não quer políticos ilibados no poder, gente que não possa ser chantageada ou não precise “comprar popularidade”.

Da mesma forma, quem se habituou a dizer para si mesmo que “qualquer um na minha posição teria feito o mesmo” se sente bastante desconfortável quando na presença de quem faz diferente, não se vende, enfrenta o sistema e é perseguido e difamado por isso.

Tudo que vem de tais fontes tem sentido oposto. Ser atacado, nesse contexto, é ter a certeza de estar no rumo certo.

E, felizmente, ainda tem muita, muita gente ciente disso.

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Voltamos!

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Para pensar:

"Se alguém coloca as paixões à frente dos princípios, mesmo que vença, perderá.”

Sr. Miyagi

Para refletir:

“O poder não corrompe as pessoas. Os estúpidos, contudo, quando alcançam uma posição de poder, corrompem o poder.”

George Bernard Shaw

Voltamos!

Para alegria de uns e tristeza de outros a coluna está de volta, e cheia de assuntos para colocar em dia.

Para pensar:

"Se alguém coloca as paixões à frente dos princípios, mesmo que vença, perderá.”

Sr. Miyagi

Para refletir:

“O poder não corrompe as pessoas. Os estúpidos, contudo, quando alcançam uma posição de poder, corrompem o poder.”

George Bernard Shaw

Voltamos!

Para alegria de uns e tristeza de outros a coluna está de volta, e cheia de assuntos para colocar em dia.

Durante pouco mais de um mês estivemos diretamente envolvidos com a coordenação da sabatina com os 16 candidatos a prefeito, num esforço que consumiu duas páginas diárias de nossas edições e gerou o maior, mais rico e mais acessível registro dos planos de governo à escolha do eleitor ao fim da última semana.

Esperamos que este material seja bem aproveitado pela população, e possa contribuir para que os próximos quatro anos sejam de avanço para nosso município.

Entrelinhas

Evidentemente, todo brasileiro adulto já deve, ou ao menos já deveria, ter a consciência de que a avaliação de discursos eleitorais não deve se dar unicamente em função da qualidade daquilo que se promete, mas também levando em consideração o quão factíveis são tais promessas.

Não apenas diante das possibilidades administrativas disponíveis, mas também considerando o caráter e o histórico dos personagens que integram cada grupo.

Mais do que interpretação de texto, é sobre análise do discurso que estamos falando aqui.

Longe da realidade

Vivemos um momento - e este é um cenário nacional - no qual o eleitorado se tornou em grande parte previsível e suscetível a gatilhos, a atalhos, a teatralizações e populismos.

Em vez de observar se, de fato, a realidade vem melhorando ou não a partir da atuação de quem é eleito, muita gente tem se agarrado à “segurança” de que os mandatários declarem crenças religiosas e valores afins, ou votado com o objetivo de assegurar mais quatro anos de liberdade para ironizar em redes sociais os grupos rivais derrotados, como se estivéssemos falando de uma partida de futebol.

Não é preciso refletir muito para perceber a quem serve este tipo de cenário...

Dilema

É óbvio, por dedução, que os locais onde o eleitor mais busca segurança são, também aqueles mais valorizados e cobiçados por quem quer o voto fácil.

Políticos pilantras navegam pelo espectro ideológico (e religioso) ao sabor das marés, dizem o que o povo quer ouvir (sem importar se acreditam verdadeiramente no que estão dizendo) e jamais assumem prejuízos eleitorais em razão de qualquer ideologia.

E o resultado disso é que o eleitor médio se vê diante de um dilema: os discursos que mais o agradam estão infestados de mentirosos; os discursos mais confiáveis não o agradam.

Teoria e prática

Em teoria, eleições municipais deveriam ser as mais fáceis para se votar, dada a proximidade em relação aos candidatos e as possibilidades de acesso às suas respectivas reputações.

Ocorre, no entanto, que tal proximidade muitas vezes é enganosa.

Quem abraça nas ruas, trata com intimidade e por vezes chama pelo nome, muitas vezes se comporta como crápula na proteção e no isolamento dos gabinetes.

Além disso, não são poucas as pessoas que conhecemos que se prestam ao papel de idolatrar político, emprestando alguma credibilidade a quem, na maioria das vezes, está pagando (com nosso dinheiro) para ser elogiado.

Fala mansa

Naturalmente, para quem cobre política dia após dia é fácil identificar mentiras e riscos.

A gente lê determinada candidatura dizendo que formará uma equipe técnica, e sabe que, nos grupos fechados de WhatsApp, dizem aos candidatos a vereador que suas contas em redes sociais estão sendo “monitoradas”, e que apenas quem estiver suficientemente engajado na campanha fará parte do próximo governo.

Eis o tal “critério técnico”, eis a apropriação da coisa pública.

Mas, mesmo para quem não tem tais referências, ainda é fácil reconhecer um discurso populista, estereotipado e carregado de atalhos.

Basta olhar com a devida atenção.

Momento perigoso

Fato é que o momento é muito, muito perigoso para Nova Friburgo.

Certamente o mais perigoso em nossa história política nas últimas décadas.

A coluna não pode (nem deseja) influenciar o desenrolar da corrida eleitoral, e sabe bem até onde pode e precisa ir.

Não podemos, por exemplo, dar nomes aos bois, mas podemos e precisamos dividir com os leitores que a experiência na cobertura política nos revela ao menos quatro grupos guiados por motivações nada republicanas concorrendo à Prefeitura de Nova Friburgo.

Atenção e serenidade

E o pior é que o jogo entre estes personagens é tão sujo e pesado - não na parte visível da campanha, mas nos porões da prática política - que muitas vezes mesmo uma denúncia feita com o devido respaldo acaba passando do ponto e dando margem a vitimizações e teatralização, rendendo a falsa impressão de que o perigo não existe.

Que ninguém se iluda: o momento demanda maturidade de todos os que colocam o interesse coletivo em primeiro lugar.

Ainda mais nesta semana, na qual certamente muitos golpes serão desferidos abaixo da linha da cintura.

Como identificar

Voltaremos ao assunto nos próximos dias, mas por ora fica uma dica: pessoas que defendem de forma apaixonada determinada candidatura, ou atacam apenas grupos específicos fazendo vista grossa para o que ocorre em outros terreiros, são frutos facilmente reconhecíveis da política viciada, da promessa de cargos, da compra de elogios ou do financiamento de difamadores.

Nesses casos, tanto quem paga quanto quem se vende ficam expostos, e cabe à população dizer se ainda tolera esta casta de párias, ou se já cansou da brincadeira.

Semana quente

Dando mais um indício de que a semana irá ferver - e olha que temos uma sexta-feira 13 pela frente - a segunda-feira, 9, começou com uma operação de busca e apreensão na casa do dr. Luis Fernando, candidato a prefeito pelo Pros, motivada por denúncia anônima de que grande volume de dinheiro estaria sendo guardado para a compra de votos.

Nada que pudesse dar sustentação à denúncia foi encontrado durante a operação, mas a presença de um drone gravando a ação levantou suspeitas seríssimas de que a denúncia teria origem eleitoral, que inclusive já parecia estar bem identificada quando do fechamento desta edição.

De olho

A coluna naturalmente irá aguardar pelos fatos antes de se pronunciar, pois algumas informações de grande importância ainda precisam ser esclarecidas.

Mas aproveita o gancho para chamar atenção da sociedade e das autoridades quanto aos indícios de que podemos ter muita boca de urna no próximo domingo.

Tem “esperto” por aí que inclusive gravou áudio falando justamente sobre isso.

Bom exemplo (1)

Ao longo do tempo em que esteve de recesso, a coluna acumulou algumas histórias bem bacanas para dividir com os leitores.

Uma delas foi protagonizada pelo incansável geógrafo Pedro de Paulo, que no dia 19 de outubro se deparou com uma geladeira absurdamente descartada às margens do Córrego dos Inhames, na Chácara do Paraíso, e não sossegou enquanto não fez algo a respeito.

Bom exemplo (2)

Com o apoio de outros voluntários (a coluna agradece desde já se alguém puder ajudar fornecendo o nome de todos os envolvidos). Pedro retornou ao local no dia 31 do mesmo mês, e, atuando conjuntamente o grupo, retirou a geladeira.

“Também recolhemos outras sucatas e um pouco de plástico. Todo o material reciclável foi encaminhado para reciclagem. Felizmente conseguimos tirar a geladeira do córrego antes que alguma enxurrada a levasse”, comemorou.

Escolher bem

A coluna registra o episódio não apenas a fim de chamar atenção para o absurdo deste tipo de descarte, mas também para dividir com os leitores um bom exemplo do tipo de compromisso público e ambiental que tanta falta nos faz no meio político.

É de gente assim, pró-ativa, abnegada, consciente e comprometida com os interesses coletivos que precisamos na titularidade dos mandatos.

Em tempo: ninguém envolvido neste episódio é candidato.

Ainda assim, ninguém pode dizer que faltam opções para escolher.

Foto da galeria
Bom exemplo (1)
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De olho

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Para pensar:
"A justiça é o direito do mais fraco.”
Joseph Joubert

Para refletir:
“Se, por vezes, o juiz deixar vergar a vara da justiça, que não seja sob o peso das ofertas, mas sob o da misericórdia.”
Miguel de Cervantes

De olho

Diz a sabedoria popular que em cidade pequena todo mundo se conhece.

Mas, às vezes, os laços que se cruzam vão além desse estágio, e geram algumas situações, digamos, delicadas.

Para pensar:
"A justiça é o direito do mais fraco.”
Joseph Joubert

Para refletir:
“Se, por vezes, o juiz deixar vergar a vara da justiça, que não seja sob o peso das ofertas, mas sob o da misericórdia.”
Miguel de Cervantes

De olho

Diz a sabedoria popular que em cidade pequena todo mundo se conhece.

Mas, às vezes, os laços que se cruzam vão além desse estágio, e geram algumas situações, digamos, delicadas.

Parece ser esse o caso quando olhamos para a dinâmica da construção parcialmente irregular que ameaça colapsar na Rua Rosa Ribeiro, em Conselheiro Paulino.

Desconforto

Reportagem publicada por A VOZ DA SERRA a esse respeito informa que “um processo será aberto e encaminhado com os laudos para a Procuradoria-Geral do Município”.

Importa, contudo, dar total transparência à tramitação de tal processo dentro da PGM, uma vez que o caminho natural da peça, pelo setor responsável pelas desapropriações e regularizações de obras, apresenta situações que, no entendimento deste colunista, talvez devessem suscitar uma declaração de impedimento, sob pena de lançar dúvidas sobre os desdobramentos, mesmo que todas as partes venham a agir com máxima lisura.

Mulher de César

A coluna está sendo bastante discreta aqui, apenas para que as partes envolvidas e a própria Justiça reflitam a esse respeito.

Afinal, as suspeitas envolvidas neste episódio são muito sérias e representam o tipo de precedente que não pode ser tolerado de forma alguma.

Não é preciso refletir muito para avaliar o tipo de risco a que tantas pessoas são expostas quando existe desrespeito aos procedimentos previstos, e ninguém quer que, ao fim, restem dúvidas quanto à legitimidade da apuração dos fatos e das respostas que venham a ser dadas.

Cenário definido

As últimas peças do tabuleiro eleitoral friburguense foram definidas pouco antes do início do período eleitoral.

Confirmando o que já era esperado, no PRTB Marcelo Sanglard é mesmo o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por André Montechiari, ao passo que no PT o candidato a vice-prefeito é Rogério Rocha dos Santos, na chapa encabeçada por Silvia Faltz.

Por fim, na chapa encabeçada pelo prefeito Renato Bravo, o candidato a vice é Marcos Marins.

Em tempo

E já que abordamos o cenário eleitoral friburguense, a coluna aproveita para corrigir uma informação.

Em nossa edição de 19 de setembro, a matéria que reuniu as informações disponíveis a respeito das chapas que vão disputar a gestão municipal pelos próximos quatro anos atribuiu ao Partido Verde o número 23, quando o correto teria sido 43.

A informação foi devidamente corrigida na versão digital, mas parece justo que a correção se dê também no impresso.

Congestionamento

A eleição para vereadores em Nova Friburgo conta com exatamente 540 candidatos.

É gente demais para alguém dizer que não existem boas opções.

Mas, por outro lado, uma rápida olhada na composição das nominatas indica que podemos ter problemas na próxima legislatura, em razão do voto proporcional.

Tal procedimento faria sentido num ambiente no qual candidatos buscassem partidos em razão de afinidades ideológicas, mas se esvazia de sentido quando escolhem suas siglas justamente em razão de onde terão mais chances de se eleger, ou seguindo a movimentação de algum padrinho, entre outras razões de natureza “prática”.

Como mudar?

Evidentemente não vale para todos.

Felizmente ainda há partidos que, concorde-se ou não, possuem bandeiras claras que não sejam apenas a perpetuação no poder.

O fato é que algo precisa mudar. As bandeiras efetivamente defendidas nos mais de trinta partidos existentes no Brasil caberiam, sem maiores atritos, em cinco ou seis deles.

A grande quantidade de siglas serve unicamente aos interesses dos chamados caciques, e à política do toma-lá-dá-cá, da chantagem, da perpetuação.

O grande problema é que quem tem os meios para mudar este cenário é justamente quem tem interesse em manter tudo como está…

Perspectiva

Enfim, a perspectiva é de que, ainda que o friburguense vote com consciência, o plenário conte, ao longo dos próximos quatro anos, com a presença de algumas pessoas que não tenham muita noção a respeito do que significa ser um bom vereador.

Pra cima deles!

Nos dias 2, 3 e 4 de outubro será realizado o Festival Brasileiro de Kart Indoor em Cotia-SP no KGV-Kartódromo Internacional da Granja Viana.

Nesta edição, dois pilotos da AFK-Associação Friburguense de Kart, Dirley Guaceroni e Kleber Tavares, vão participar na Categoria Graduados e se juntarão a mais 24 pilotos do Estado do Rio.

Aspas

Dirley Guaceroni comentou: “Espero fazer um bom trabalho nas pistas e representar de forma honrosa a associação na qual eu faço parte.”

Kleber Tavares vai participar pelo segundo ano consecutivo: “Em 2019 participei da categoria Novatos e terminei em 23º lugar. Esse ano, já em outra categoria, espero ter um bom resultado final. Claro que, além do prazer de guiar o kart em um dos melhores kartódromos do Brasil, tem o lado do networking com pilotos e representantes do automobilismo nacional, que é fundamental para os planos da AFK em Friburgo.”

Boa sorte!

O colunista, que é amante do esporte a motor e entusiasta de primeira hora do trabalho sério e profissional que vem marcando as atividades do FKC desde sua fundação, torce não apenas por bons resultados dos pilotos friburguenses, mas sobretudo para que avancem bem as tratativas para que tenhamos, também aqui, um kartódromo de nível nacional ou internacional.

O espaço na coluna está sempre aberto a ajudar nesse sentido.

Até breve

A grande quantidade de candidatos a prefeito representa um desafio logístico para a cobertura jornalística.

Para que possa realizar uma sabatina com todos eles, trazendo o máximo de informações ao leitor, A VOZ DA SERRA deixará de publicar esta coluna diariamente pelas próximas semanas.

Mas ninguém precisa se preocupar, ou festejar.

Logo a gente estará de volta.

Foto da galeria
Mulher de César (Foto: Henrique Pinheiro)
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Vai vendo

terça-feira, 29 de setembro de 2020

 

Para pensar:
"A primeira igualdade é a justiça.”
Victor Hugo

Para refletir:
“Não há ordem sem justiça.”
Albert Camus

Vai vendo

Ao tratar daquele que foi certamente o personagem mais controverso da atual gestão municipal, o ex-secretário de Governo e da Casa Civil, Bruno Villas Bôas, a coluna da última sexta-feira, 25, naturalmente repercutiu bastante.

 

Para pensar:
"A primeira igualdade é a justiça.”
Victor Hugo

Para refletir:
“Não há ordem sem justiça.”
Albert Camus

Vai vendo

Ao tratar daquele que foi certamente o personagem mais controverso da atual gestão municipal, o ex-secretário de Governo e da Casa Civil, Bruno Villas Bôas, a coluna da última sexta-feira, 25, naturalmente repercutiu bastante.

Logo pela manhã as informações já estavam sendo reproduzidas em várias, páginas de notícias, grupos e sites e, de alguma forma que o jornalismo não explica, começou a agregar declarações fantasiosas como a de que um dos dois carros apreendidos pela Polícia Federal seria, vejam só, uma Lamborghini.

Bombardeio

Teria sido fácil fazer uma consulta para observar que, na verdade, se tratavam de um Jeep Compass e de uma Chevrolet S10.

O episódio ilustra bem o quanto estamos sujeitos atualmente ao bombardeio e à influência de informações inverídicas, e o quanto a população precisa escolher bem suas fontes, caso deseje formar opinião com bases reais.

Tanto mais em meio a uma corrida eleitoral tão curta e congestionada.

Para que inventar?

E é curioso que alegações falsas brotem justamente onde existiria um monte de informações verdadeiras a serem acrescentadas.

Alguém poderia ter lembrado, por exemplo, do episódio em que Ângelo Jaquel, que fez excelente trabalho à frente da Secretaria de Infraestrutura e Logística, foi repreendido publicamente - vejam só! - por ter salvado parte de um processo licitatório e, com isso, preservado o erário de dano ainda maior.

Na linha do trem

Ou então que se não tivesse pedido exoneração em 2018, sob a alegação de ter recebido convite da iniciativa privada, Villas Bôas teria sido alvo do procurador-geral da época, Sávio Rodrigues, o qual já havia inclusive manifestado por entrevista a este jornal, logo depois de assinados os Termos de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Federal e do Trabalho, que a revisão de inúmeros contratos dos gestores municipais exigido pelos TAC´s seria iniciado justamente pela Ata de Duque de Caxias que - oh surpresa! - jamais havia passado pela análise da Procuradoria do Município.

Piuíiii

Sem esquecer, é claro, que o procurador-geral à época também teve a postura elogiável de cancelar o PL 430/18, episódio em que ficou publicamente constatado que o ex-secretário de Governo também havia contornado o PGM em esforço para ver aprovada pela Câmara a prorrogação do improrrogável contrato do município com a empresa de ônibus Faol.

Ou seja: se não tivesse pedido para sair, ia sair de qualquer jeito.

Esterilizando

E já que estamos falando sobre controvérsias, eis que a semana começou com mais um desdobramento de operação legislativa “Mãos de Sangue”, protocolada no fim de 2017.

Após três anos de investigações o Ministério Público Federal (MPF) denunciou as ex-secretárias municipais de Saúde, Suzane Oliveira de Menezes e Michelle Silvares Duarte de Oliveira por fraude na contratação emergencial da Bioxxi Serviços de Esterilização Ltda para prestação de serviços no Hospital Maternidade Dr. Mario Dutra de Castro e no Hospital Municipal Raul Sertã, como detalha reportagem na página 3 desta edição.

Questão de tempo

Também foram denunciados Paulo Eduardo de Souza, ex-servidor da SMS, Marcus Vinícius Negri Pereira, diretor médico da Bioxxi, e Diego Guimarães da Silva Pinto, sócio-administrador da empresa.

Cá entre nós, era apenas uma questão de tempo para isso acontecer, como também é questão de tempo para que surjam desdobramentos de muitas outras linhas de investigação a respeito de procedimentos extremamente questionáveis ocorridos durante o mandato atual.

Escandaloso

Esse episódio da esterilização foi escandaloso sob todos os aspectos, em especial quando a Secretaria de Saúde determinou a continuidade da realização de cirurgias eletivas mesmo quando já estava evidente que a esterilização estava sendo muito deficiente, e ainda orientou pacientes a processarem médicos que se recusassem a operar.

A coluna jamais vai esquecer disso, porque no dia anterior, antes de publicar qualquer palavra sobre o tema, telefonou para a prefeitura e comunicou a situação, disposta a não publicar nada caso medidas fossem tomadas.

Direcionamento

Os denunciados vão responder pelos crimes de dispensa ilegal de licitação e peculato.

“O que aparentava ser uma providência administrativa formalmente legítima para evitar o fechamento das três salas de cirurgia do HMRS, encobria, entretanto, prévio acerto criminoso entre os agentes públicos e os particulares denunciados para conceder à empresa Bioxxi Ltda contratos de serviço de esterilização das unidades hospitalares da SMS”, relata na denúncia o procurador da República João Felipe Villa do Miu.

Sem surpresa

Com autorização da Justiça Federal, a quebra de sigilo dos e-mails revelou que, antes mesmo da interdição da CME do Hospital Raul Sertã, os denunciados deram início às tratativas para a contratação da Bioxxi, comprovando o conluio entre os agentes públicos e os representantes da empresa contratada por dispensa de licitação.

A Bioxxi foi a única a apresentar proposta, iniciando as tratativas em data anterior à instauração do procedimento administrativo para a contratação, e as investigações revelaram que Suzane, Michelle e Paulo dolosamente dificultaram a apresentação de uma segunda proposta pela empresa Oxetil. Também não foi realizada ampla pesquisa de mercado para a contratação do serviço.

Até o fim

Não custa lembrar, no entanto, que o valor de seis meses do serviço contratado - e que nem ao menos era prestado devidamente, sendo fartos os registros de material devolvido sujo de sangue - custaria mais de 20 vezes o valor que se revelou necessário para recuperar a CME…

Ainda hoje este colunista ainda fica indignado com tudo o que viu naqueles dias, e por isso parabeniza ao Ministério Público Federal por mais esta ação.

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Justiça

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Para pensar:
"A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”
Aristóteles

Para refletir:
“O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis.”
Platão

Justiça

Tornou-se um aforismo, em alguns casos um hábito preguiçoso, dizer que o Brasil é o país da impunidade.

Para pensar:
"A base da sociedade é a justiça; o julgamento constitui a ordem da sociedade: ora o julgamento é a aplicação da justiça.”
Aristóteles

Para refletir:
“O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis.”
Platão

Justiça

Tornou-se um aforismo, em alguns casos um hábito preguiçoso, dizer que o Brasil é o país da impunidade.

Mas, como acontece tantas vezes, a generalização termina por ir além da conta e perder a razão que, numa abordagem mais moderada, continuaria lá.

Ora, existe impunidade no Brasil? Claro que sim, e muita. E, quando se trata da gestão pública, esta impunidade é certamente mais acentuada na esfera municipal.

Mas definitivamente não se pode generalizar, sob pena de sermos nós mesmos os injustos.

Sem alarde

Porque muitas vezes a Justiça age de maneira silenciosa e longe dos holofotes.

Por vezes lenta, como o ponteiro da hora, que ao observador parece estar parado, mas em seu ritmo discreto gira 1º a cada dois minutos.

Pois bem, dia desses uma fonte deste espaço saiu em busca de determinadas informações e acabou encontrando algumas pepitas pelo caminho, que francamente não esperava encontrar.

Mirou no que viu, e acertou no que não viu.

Desde então a coluna tem processado um volume grande de informações, que começa divulgar na edição de hoje.

Relembrando

Os leitores habituais devem se lembrar que no dia 24 de outubro de 2017 foi protocolada pelos vereadores Professor Pierre, Zezinho do Caminhão, Johnny Maycon, Wellington Moreira e Marcinho Alves a Operação Legislativa “Mãos de Sangue”, e também aberto inquérito no MPF.

Em dezembro daquele  ano, ocorreu a primeira operação da PF, intitulada "Esterilização".

As investigações pelo MPF, todavia, seguiram seu curso.

Aprofundamento

Em setembro de 2019, o vereador Professor Pierre apresentou isoladamente uma segunda representação, denominada suboperação legislativa "Juízo Final", na qual apontou superfaturamento da Ata de Preços de Duque de Caxias, aferida pelo município em 2017, em projeções diversas que indicaram patamares entre 50% e 60%.

Tais projeções foram obtidas a partir de detalhada quantificação de valores reunidos em meio a extensiva análise do banco de dados do Ministério da Saúde (BPS - Banco de Preços em Saúde) e as licitações do Município.

Efeitos

Como dito, a representação do vereador foi encaminhada à PF e ao MPF em setembro.

Pouco depois, no dia 27 de novembro de 2019, o Ministério Público Federal impetrou ação na Justiça Federal, solicitando deferimento do juízo competente para operações.

Em processo já conclusivo, o MPF reproduziu em sua petição exemplos de tabelas constantes da suboperação Juízo Final.

E fez comprovar em suas apurações as ligações telefônicas estabelecidas entre o ex-secretário de Governo e empresários.

Abaixo, alguns trechos da manifestação do MPF, assinada pelos procuradores da República João Felipe Villa do Miu e Felipe Almeida Bogado Leite.

Aspas (1)

“Em novembro de 2017, o Ministério Público Federal recebeu substanciosa representação formulada por vereadores de Nova Friburgo dando conta de graves crimes praticados em contratações feitas pela Secretaria Municipal de Saúde ao longo de 2017. Os desvios de conduta reportados são graves e têm relação direta com a deterioração dos serviços de saúde pública no município, no ano de 2017 em diante, que vem afetando milhares de pessoas usuárias do SUS em Nova Friburgo e região circunvizinha.”

Aspas (2)

“O aprofundamento da investigação do evento ‘Carona Caxias’ e o afastamento dos sigilos forneceram quadro probatório consistente da existência de esquema criminoso articulado para a prática de delitos de associação criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação e peculato, além de indícios de corrupção ativa e passiva.

Em síntese, a investigação do MPF reuniu provas de atuação criminosa de agentes públicos e empresários de distribuidoras de medicamentos para desvio de verbas da saúde municipal.”

Sem sutilezas

Na peça, Bruno Villas Bôas, que foi coordenador de campanha de Renato Bravo à prefeitura em 2016, coordenador da transição de governo e ex-secretário municipal de Governo e da Casa Civil durante a primeira metade da atual gestão municipal, é descrito sem meias palavras como “chefe do esquema”.

Outros quatro ex-servidores também tiveram suas atuações identificadas na ação.

Entre eles estão as ex-secretárias municipais de Saúde Suzane Oliveira de Menezes e Michelle Silvares Duarte de Oliveira.

Aspas (3)

“Na mesma linha da constatação feita pela CGU, a representação [Juízo Final] apresentou dados de que o valor total das notas fiscais emitidas pelas empresas investigadas (...) superava o valor total liquidado e pago às empresas pela Prefeitura de Nova Friburgo, indicando que, mesmo após dois anos da entrega dos medicamentos, a referidas empresas não foram pagas — nem reclamaram — o crédito perante o município. O MPF submeteu as tabelas comparativas objeto da representação a escrutínio da perícia técnica do parquet. No parecer (...) a expert do MPF ratificou os números apresentados no método de comparação BPS, ressalvando pequenas inconsistências.”

Aspas (4)

“Dados do Sittel colhidos a partir da quebra de sigilo telefônico dão conta que Bruno Villas Bôas travou contatos diretos e frequentes com os sócios da empresa Telemedic Ltda (...) ao longo de 2017, antes e durante o processo ARP Caxias, sem que semelhante padrão de comunicação tenha se repetido em relação a outros fornecedores de medicamentos da prefeitura. A frequência e intensidade das comunicações demonstram o vínculo formado pelos principais agentes do esquema criminoso.”

Medidas cautelares

A coluna poderia continuar reproduzindo trechos indefinidamente, mas o leitor certamente já percebeu que o Ministério Público Federal utilizou termos muito mais incisivos do que esta coluna, ainda que tivéssemos, há muito tempo, conhecimento acerca da maioria das informações ali reunidas, e que terminaram por redundar no pedido feito ao Juízo Federal sobre a necessidade de medidas cautelares, que a seguir foram deferidas pelo juiz federal da 1ª Vara Federal de Nova Friburgo, Artur Emílio de Carvalho Pinto - substituto, o qual determinou as ações constantes de sua decisão em 5 de dezembro de 2019.

Carona de Duque

A seguir, no dia 22 de janeiro de 2020, como desdobramento de tudo que foi descrito aqui, foi deflagrada a Operação "Carona de Duque", amplamente noticiada no Brasil inteiro.

Fruto de atuação conjunta por parte do Ministério Público Federal (por ação dos procuradores da República João Felipe Villa do Miu e Felipe Almeida Bogado Leite); da 

Polícia Federal (sob o comando do chefe do departamento em Macaé, delegado Alexandre do Nascimento), e da Controladoria Geral da União.

Aspas (5)

Em consequência dessa operação, até mesmo veículos de Bruno Villas Bôas foram apreendidos e colocados à disposição da Polícia Federal “eis que inexiste qualquer elemento nos autos que indicasse, ainda que minimamente, a origem lícita dos veículos apreendidos. Note-se que o ônus de comprovar a licitude da origem do bem apreendido é do suposto proprietário, o que não ocorreu no caso em comento”.

“Conquanto a defesa alegue que os dois veículos possuiriam origem lícita, o MPF logrou êxito em detalhar dúvidas razoáveis sobre a origem supostamente lícita daqueles bens.” 

Resumo

A história é longa, e nosso espaço é curto.

Em resumo, o ex-secretário tentou recorrer em 2ª instância, mas não logrou êxito no Tribunal.

A rigor, a Procuradora Regional da República, em uma das manifestações ao Tribunal, foi tão enfática quanto o foram as declarações que reproduzimos acima.

O processo judicial está parcialmente disponibilizado ao acesso, ainda contando com partes sob sigilo.

Naturalmente isso significa que as investigações não cessaram.

Exemplo e vergonha

A respeito de todo este episódio, a coluna não pode deixar de enfatizar a efetividade alcançada quando órgãos como o Poder Legislativo, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a CGU operam de maneira coordenada e em harmonia.

Nem tampouco pode deixar de se dirigir a todos aqueles que, ao longo dos últimos anos, por razões de conveniência medíocre, ironizaram todas as denúncias apresentadas no plenário da Câmara e neste espaço, reduzindo tudo a “politicagem” enquanto demonstravam confiar em “blindagens” por influência de padrinhos cujas identidades, em meio a ironias, nem ao menos faziam questão de disfarçar.

Desabafo

Ainda existe sim gente séria na Justiça, na imprensa, na política, nos quadros de servidores municipais, e em todas as instituições.

Gente que não se vende e não se cala.

Aos leitores, a coluna pede perdão pelo desabafo.

Foto da galeria
Aspas (4) : Bruno Villas Boas (Foto: Henrique Pinheiro)
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