Voltamos!

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Para pensar:

"Se alguém coloca as paixões à frente dos princípios, mesmo que vença, perderá.”

Sr. Miyagi

Para refletir:

“O poder não corrompe as pessoas. Os estúpidos, contudo, quando alcançam uma posição de poder, corrompem o poder.”

George Bernard Shaw

Voltamos!

Para alegria de uns e tristeza de outros a coluna está de volta, e cheia de assuntos para colocar em dia.

Durante pouco mais de um mês estivemos diretamente envolvidos com a coordenação da sabatina com os 16 candidatos a prefeito, num esforço que consumiu duas páginas diárias de nossas edições e gerou o maior, mais rico e mais acessível registro dos planos de governo à escolha do eleitor ao fim da última semana.

Esperamos que este material seja bem aproveitado pela população, e possa contribuir para que os próximos quatro anos sejam de avanço para nosso município.

Entrelinhas

Evidentemente, todo brasileiro adulto já deve, ou ao menos já deveria, ter a consciência de que a avaliação de discursos eleitorais não deve se dar unicamente em função da qualidade daquilo que se promete, mas também levando em consideração o quão factíveis são tais promessas.

Não apenas diante das possibilidades administrativas disponíveis, mas também considerando o caráter e o histórico dos personagens que integram cada grupo.

Mais do que interpretação de texto, é sobre análise do discurso que estamos falando aqui.

Longe da realidade

Vivemos um momento - e este é um cenário nacional - no qual o eleitorado se tornou em grande parte previsível e suscetível a gatilhos, a atalhos, a teatralizações e populismos.

Em vez de observar se, de fato, a realidade vem melhorando ou não a partir da atuação de quem é eleito, muita gente tem se agarrado à “segurança” de que os mandatários declarem crenças religiosas e valores afins, ou votado com o objetivo de assegurar mais quatro anos de liberdade para ironizar em redes sociais os grupos rivais derrotados, como se estivéssemos falando de uma partida de futebol.

Não é preciso refletir muito para perceber a quem serve este tipo de cenário...

Dilema

É óbvio, por dedução, que os locais onde o eleitor mais busca segurança são, também aqueles mais valorizados e cobiçados por quem quer o voto fácil.

Políticos pilantras navegam pelo espectro ideológico (e religioso) ao sabor das marés, dizem o que o povo quer ouvir (sem importar se acreditam verdadeiramente no que estão dizendo) e jamais assumem prejuízos eleitorais em razão de qualquer ideologia.

E o resultado disso é que o eleitor médio se vê diante de um dilema: os discursos que mais o agradam estão infestados de mentirosos; os discursos mais confiáveis não o agradam.

Teoria e prática

Em teoria, eleições municipais deveriam ser as mais fáceis para se votar, dada a proximidade em relação aos candidatos e as possibilidades de acesso às suas respectivas reputações.

Ocorre, no entanto, que tal proximidade muitas vezes é enganosa.

Quem abraça nas ruas, trata com intimidade e por vezes chama pelo nome, muitas vezes se comporta como crápula na proteção e no isolamento dos gabinetes.

Além disso, não são poucas as pessoas que conhecemos que se prestam ao papel de idolatrar político, emprestando alguma credibilidade a quem, na maioria das vezes, está pagando (com nosso dinheiro) para ser elogiado.

Fala mansa

Naturalmente, para quem cobre política dia após dia é fácil identificar mentiras e riscos.

A gente lê determinada candidatura dizendo que formará uma equipe técnica, e sabe que, nos grupos fechados de WhatsApp, dizem aos candidatos a vereador que suas contas em redes sociais estão sendo “monitoradas”, e que apenas quem estiver suficientemente engajado na campanha fará parte do próximo governo.

Eis o tal “critério técnico”, eis a apropriação da coisa pública.

Mas, mesmo para quem não tem tais referências, ainda é fácil reconhecer um discurso populista, estereotipado e carregado de atalhos.

Basta olhar com a devida atenção.

Momento perigoso

Fato é que o momento é muito, muito perigoso para Nova Friburgo.

Certamente o mais perigoso em nossa história política nas últimas décadas.

A coluna não pode (nem deseja) influenciar o desenrolar da corrida eleitoral, e sabe bem até onde pode e precisa ir.

Não podemos, por exemplo, dar nomes aos bois, mas podemos e precisamos dividir com os leitores que a experiência na cobertura política nos revela ao menos quatro grupos guiados por motivações nada republicanas concorrendo à Prefeitura de Nova Friburgo.

Atenção e serenidade

E o pior é que o jogo entre estes personagens é tão sujo e pesado - não na parte visível da campanha, mas nos porões da prática política - que muitas vezes mesmo uma denúncia feita com o devido respaldo acaba passando do ponto e dando margem a vitimizações e teatralização, rendendo a falsa impressão de que o perigo não existe.

Que ninguém se iluda: o momento demanda maturidade de todos os que colocam o interesse coletivo em primeiro lugar.

Ainda mais nesta semana, na qual certamente muitos golpes serão desferidos abaixo da linha da cintura.

Como identificar

Voltaremos ao assunto nos próximos dias, mas por ora fica uma dica: pessoas que defendem de forma apaixonada determinada candidatura, ou atacam apenas grupos específicos fazendo vista grossa para o que ocorre em outros terreiros, são frutos facilmente reconhecíveis da política viciada, da promessa de cargos, da compra de elogios ou do financiamento de difamadores.

Nesses casos, tanto quem paga quanto quem se vende ficam expostos, e cabe à população dizer se ainda tolera esta casta de párias, ou se já cansou da brincadeira.

Semana quente

Dando mais um indício de que a semana irá ferver - e olha que temos uma sexta-feira 13 pela frente - a segunda-feira, 9, começou com uma operação de busca e apreensão na casa do dr. Luis Fernando, candidato a prefeito pelo Pros, motivada por denúncia anônima de que grande volume de dinheiro estaria sendo guardado para a compra de votos.

Nada que pudesse dar sustentação à denúncia foi encontrado durante a operação, mas a presença de um drone gravando a ação levantou suspeitas seríssimas de que a denúncia teria origem eleitoral, que inclusive já parecia estar bem identificada quando do fechamento desta edição.

De olho

A coluna naturalmente irá aguardar pelos fatos antes de se pronunciar, pois algumas informações de grande importância ainda precisam ser esclarecidas.

Mas aproveita o gancho para chamar atenção da sociedade e das autoridades quanto aos indícios de que podemos ter muita boca de urna no próximo domingo.

Tem “esperto” por aí que inclusive gravou áudio falando justamente sobre isso.

Bom exemplo (1)

Ao longo do tempo em que esteve de recesso, a coluna acumulou algumas histórias bem bacanas para dividir com os leitores.

Uma delas foi protagonizada pelo incansável geógrafo Pedro de Paulo, que no dia 19 de outubro se deparou com uma geladeira absurdamente descartada às margens do Córrego dos Inhames, na Chácara do Paraíso, e não sossegou enquanto não fez algo a respeito.

Bom exemplo (2)

Com o apoio de outros voluntários (a coluna agradece desde já se alguém puder ajudar fornecendo o nome de todos os envolvidos). Pedro retornou ao local no dia 31 do mesmo mês, e, atuando conjuntamente o grupo, retirou a geladeira.

“Também recolhemos outras sucatas e um pouco de plástico. Todo o material reciclável foi encaminhado para reciclagem. Felizmente conseguimos tirar a geladeira do córrego antes que alguma enxurrada a levasse”, comemorou.

Escolher bem

A coluna registra o episódio não apenas a fim de chamar atenção para o absurdo deste tipo de descarte, mas também para dividir com os leitores um bom exemplo do tipo de compromisso público e ambiental que tanta falta nos faz no meio político.

É de gente assim, pró-ativa, abnegada, consciente e comprometida com os interesses coletivos que precisamos na titularidade dos mandatos.

Em tempo: ninguém envolvido neste episódio é candidato.

Ainda assim, ninguém pode dizer que faltam opções para escolher.

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Bom exemplo (1)
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