Um remédio muito bom para a saúde mental

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 04 de janeiro de 2023

Não é fácil olhar a nós mesmos para entender nosso comportamento. Não é agradável aceitar algum comentário de uma pessoa que nos conhece e nos aponta falhas em nosso jeito de ser como pessoa, mesmo que isto seja feito com respeito e desejo de ajudar.

A gente se torna aquilo que nos causa menos dor. Pense nessa frase. Vou repeti-la: A gente se torna aquilo que nos causa menos dor. Isso significa que este jeito de ser que você e eu somos nesse momento da vida é o melhor que conseguimos fazer com a gente mesmo para ser o que somos agora. É importante admitir que nesse jeito de ser que somos até agora podem existir defeitos de caráter, formas rudes, agressivas de falar e se comportar, bem como um jeito passivo carente de atitudes positivas.

É muito comum pai e mãe levarem seu filho ou filha num psicólogo porque a criança apresenta alguma alteração no comportamento, por exemplo, um jeito agressivo e desrespeitoso de falar com eles e com outros parentes, e este pai ou esta mãe, ou ambos, não perceberem a relação que existe entre a atitude agressiva do filho e a própria atitude que também pode ser um tanto abusiva do pai ou da mãe, ou de ambos. A criança copia e se rebela contra o jeito agressivo ou impaciente do genitor. Então, eles desejam que o psicólogo “conserte” o filho ou a filha que apresenta uma conduta negativa em parte causada pelo temperamento da criança e em parte por reação ao jeito do pai ou da mãe, ou de ambos, lidarem com ela.

Parece um paradoxo o que vou dizer, mas para as pessoas que estão mais saudáveis mentalmente, a autopercepção de seus erros de comportamento é algo doloroso e estas não querem fugir disso, pelo contrário, querem entender melhor as falhas em suas atitudes para corrigi-las. Elas têm mente aberta e boa disposição para aprenderem sobre si mesmas, pois desejam se tornar pessoas melhores, de mais fácil relacionamento.

Podemos passar muitos anos funcionando sempre de um mesmo jeito complicado que produz dificuldades em nossos relacionamentos justamente pela dificuldade de olhar a nós mesmos e aceitar que existem áreas de nosso comportamento que precisam mudança. Geralmente temos tendência de justificar nosso comportamento disfuncional em vez de aceitar que temos uma falha. Nossa tendência humana é olhar os problemas de personalidade dos outros em vez de ver os nossos.

Certa vez, vi um pensamento que dizia assim: “Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo. Depois... olhe-se de novo.” Jesus recomendou que deveríamos olhar o palito em nosso olho em vez de ficar observando o cisco no olho da outra pessoa. Não porque a outra pessoa é perfeita e nós somos imperfeitos. Mas porque nosso bem estar tem mais que ver com olhar a nós mesmos e procurar corrigir nossos erros de conduta, do que ficarmos focados nos erros das pessoas.

Ver a nós mesmos pode doer quando nesta olhada nos defrontamos com falhas em nossa conduta. Falhas em nossa conduta podem incluir um jeito agressivo de falar, mentir, falar demais sem ouvir as pessoas, hipocrisia, se sentir facilmente melindrado ou magoado, falta de sinceridade, infidelidade nas relações familiares e com amigos, dizer “sim” quando seria melhor dizer “não”, e outros comportamentos.

Olhe o que você já sabe e já entendeu sobre alguma falha em seu comportamento e comece a trabalhar agora mesmo para vencer isso, um dia de cada vez. Ao ir obtendo vitórias sobre este defeito em sua personalidade pelo esforço dedicado a isto, a verdade lhe indicará outro defeito a ser trabalhado. Assim, pouco a pouco, você vai se tornando uma pessoa mais agradável, mais confiável, mais leve de se relacionar, mais fácil das pessoas amarem você. Se irão amá-lo mais, não sei, mas você se sentirá melhor consigo mesmo e isso é mais importante para sua saúde mental e social.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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