O brasileiro não tem jeito

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 02 de janeiro de 2024

Li, sem nenhuma surpresa, que brasileiros, em Portugal, estavam tendo problemas ao tentarem alugar imóveis e sofrendo ataques xenofóbicos. Esse é o preço a ser pago, pelas pessoas de bem, ao comportamento inadequado que uma grande parcela de tupiniquins adota em nosso país, ou no estrangeiro. Quando essas demonstrações de insociabilidade, de falta de educação, de má conduta são demonstradas em terras brasileiras, só no resta lamentar e rezar para que essas pessoas, possam um dia, melhorar as respectivas condutas. No estrangeiro, a situação muda, pois reforça o conceito que se faz lá fora da nossa maneira irresponsável de viver a vida.

Desde há muito que os portugueses reclamam de compromissos assumidos por brasileiros, no caso específico do aluguel que não são cumpridos, além da transgressão do acordado quanto ao número de pessoas que vão ocupar o imóvel, de falta de respeito aos horários de silêncio (lá fora respeitado por todos, aqui uma zorra), da sujeira que promovem e não limpam, quando restituem o que foi alugado. E é por isso que a cada dia que passa fica mais difícil o aluguel de uma casa ou similar nas terras lusitanas. Isso, talvez, seja menos comum na Alemanha, na França e em outros países mais disciplinados, pois a ordem e a lei têm de ser mantidas, como prioridade. Não quero dizer com isso, que no caso de estrangeiros que alugam imóveis aqui, tudo seja um mar de rosas; afinal má educação e má conduta existe não importa onde. Mas, com certeza, as incidências são menores.

O problema, e essa é uma tese minha, está na origem do nosso povo. Quando nossos descobridores aqui chegaram, encontraram nossos indígenas com um tipo de vida simples, aculturados para os padrões ocidentais e cuja atividade era voltada para o extrativismo tanto vegetal, animal e material. Por outro lado, os colonizadores eram uma mistura de degredados, pelos mais diversos motivos, prostitutas, gente da escala social mais baixa. Se salvavam a tripulação, aqui incluídos todos, marinheiros e os de alta patente, padres e capelães, médicos e alguns militares que faziam parte da equipe de conquistadores. Na realidade, os que ficaram aqui, provinham da raia miúda e acabaram por corromper nossos habitantes locais. À medida que a colonização avançava, foram chegando pessoas de outras nacionalidades, não só mais portugueses, mas, com certeza, sem muita cultura, pois poucos se aventuravam a mudarem-se para uma terra inóspita e sem os recursos a que estavam acostumados em seus países de origem. Ou seja, os primórdios do Brasil não foram nenhum pouco auspiciosos.

Daí que não concordo com a tese de que essa mistura de brancos, negros, índios, europeus, asiáticos, americanos, etc tenha moldado o caráter alegre e amistoso do povo brasileiro. A realidade, infelizmente, é outra porque copiamos mais os defeitos do que a qualidade desses povos. Cabo Frio, onde vim para passar as festas de Natal e Ano Novo, é uma prova do eu falei acima.

Para cá vem pessoas de todos os lugares, muitos de Minas Gerais, outros da Baixada Fluminense e de localidades não muito distantes. O que se vê por aqui é uma amostragem da falta de incivilidade e de educação das pessoas. O trânsito caótico, pois uma cidade com cerca de 200 mil habitantes fixos, chega a comportar 1,8 milhão, conforme a estimativa da CCR, concessionária que administra a Via Lagos. Some-se aos engarrafamentos, as transgressões das leis do trânsito como avanços de sinais, circulação nas vias de contramão, estacionamentos irregulares, paradas no meio da rua para consultar direção a seguir, etc, etc, etc.

A sujeira é uma tônica, pois os garis não dão conta de sacolas, garrafas pets, lixo de todas as espécies jogados na rua. Sem falar da música alta em casas e apartamentos até altas horas da noite, numa demonstração equivocada do estou de férias e o resto que se dane. A educação, se é que a têm, ficou na terra deles. Apesar de que, repetem por aqui, os maus hábitos que seguem em casa. Por falar nisso, o banheiro das casas dessas pessoas deve ser um horror, basta entrar num mictório público e comprovar isso, aliás, o que chama atenção de acordo com informações colhidas com amigas, os femininos são piores do que os masculinos. Talvez porque os homens usem menos o papel higiênico.

Em Cabo Frio esse período é cheio de casos curiosos, mas que mostram até onde chega o modo esculachado de ser brasileiro. Num deles, uma pessoa viu tanta gente na frente de uma casa que perguntou com eles faziam para dormir. A resposta veio na lata: “é simples, os homens dormem no bagageiro do ônibus.

Creio que esse quadro não tem solução, afinal são 724 anos de história e a situação só se agrava. A solução a meu ver é falar o menos possível o português lá fora e torcer para não ser reconhecido como brasileiro, é mais seguro.

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