Meu pé, meu melhor amigo

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 11 de julho de 2023

Você já parou para pensar como seus pés são importantes? O transtorno que seria em sua vida, se um ou os dois lhe faltassem? Pois é, muitas vezes só sentimos falta de algo, quando não mais o temos. Por isso, é importante cuidar bem do nosso “amigo pé”, principalmente quando se é diabético. Mas, muito dos tópicos abordados abaixo servem, também, para quem não é diabético.

Meu saudoso mestre, dr. Francisco Arduíno, sempre lembrava, em suas aulas sobre o pé, no curso de especialização em Diabetes, de um diabetólogo famoso que conhecera nos Estados Unidos e que tinha afixado na sala de espera de seu consultório a seguinte frase: “Diabético, cuide do seu pé melhor que do seu rosto”.

Pela sua condição anatômica de ser o segmento mais afastado do coração, o pé é o último segmento a ser irrigado, pela corrente sanguínea. Assim, naqueles indivíduos, que têm ou podem vir a ter distúrbios circulatórios, todo cuidado é pouco. E como é sabido, principalmente nos diabéticos mal controlados, os distúrbios circulatórios estão entre os primeiros a surgir.

Mantenha seus pés sempre limpos, lavando-os com água corrente e sabão neutro. Seque-os bem, principalmente entre os dedos, para evitar micoses. Aproveite para cuidar das unhas após o banho, quando elas estão mais maleáveis, por causa do contato com a água. Mas lembre-se, o melhor é lixa-las ou cortá-las quadradas, para evitar que encravem nas bordas. Se a vista já estiver “curta”, não hesite em pedir ajuda ou consultar um podólogo.

Lembre-se: calos e lâmina de barbear são incompatíveis, com resultados catastróficos quando se juntam. Muitas amputações de dedos ou mesmo de todo o pé, começam com esse casamento explosivo. Assim como saco de água quente ou os escalda pés, para aquecê-los. Tanto um como outro pode ferir a pele e num segmento com a circulação já comprometida, as infecções podem surgir com consequências imprevisíveis.

Na Segunda Guerra Mundial, durante a campanha da FEB, na Itália, nossos pracinhas foram os únicos a escaparem dos problemas que o frio causava nos pés. Isso porque, utilizando-se do famoso jogo de cintura que nos é peculiar, envolviam seus pés com jornal, antes de calçar as meias e as botas. Portanto, para aquecer os pés, envolva-os sempre com uma meia de lã, ou se for insuficiente, coloque jornal dentro de uma fronha e aplique sobre os pés. Jamais recorra às bolsas de água quente.

Calce sapatos confortáveis, maleáveis e se forem novos, devem ser amaciados antes de entrarem no batente. Evite o uso de sandálias do tipo havaianas, que são presas entre o primeiro e segundo dedos. Isso pode ocasionar quedas, principalmente entre os mais idosos. São recomendáveis sandálias que fixem o calcanhar e todos os dedos do pé. No entanto, ao caminhar na praia, as havaianas são o ideal, para evitar queimaduras provocadas pela areia quente.

Antes de calçar os sapatos, é bom verificar se não existem pedras, pregos ou insetos dentro deles. Esses objetos podem ferir os pés e causar problemas; nas fazendas essa preocupação é importante, pois pode haver cobra escondida dentro das botas. Use meias, de preferência de algodão, pois absorvem melhor a umidade, além de reduzir o atrito do pé com o calçado.

Se você tem os pés muito secos, use cremes hidratantes, pois a pele fica sensível e pode rachar, causando ferimentos. Mas lembre-se, qualquer ferida deve ser comunicada ao seu médico, pois pomadas e cremes devem ser bem escolhidos. A água oxigenada e as soluções ácidas, por exemplo, devem ser evitadas, pois são irritativas para a pele.

Portanto, lembre-se: seu pé é um amigo indispensável e deve ser bem tratado, como aliás fazemos com nossos velhos e inseparáveis amigos. Cuide bem deles e eles continuarão a servi-lo, enquanto você viver. Um talquinho após o banho, deixa-os macios, perfumados e contentes.

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