Desde o início da pandemia da Covid-19, cientistas começaram a desenvolver as vacinas para frear a disseminação da doença que só em Nova Friburgo tirou a vida de 864 pessoas. Toda a esperança para deter a pandemia foi depositada nos imunizantes. E quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou a autorizar o uso das vacinas, em janeiro deste ano, o Brasil comemorou. Muitos faziam contagem regressiva para chegar o seu momento de iniciar o processo de se imunizar contra o coronavírus e compareceram aos postos.
Mas, a mesma expectativa para a primeira dose, infelizmente não tem observada com relação à segunda aplicação. Para alguns, o retorno aos locais de vacinação parece ter caído no esquecimento ou não está tendo a importância que deveria. Até o último dia 9, por exemplo, em Nova Friburgo, a prefeitura registrava 22.786 pessoas que deixaram de tomar a segunda dose.
De acordo com a infectologista, Patrícia Hottz (foto), só são consideradas imunizadas as pessoas com esquema completo. “Aqueles com apenas uma dose em esquema de duas ou mais doses não são considerados imunizados. A resposta imunológica com apenas uma dose em esquemas de duas doses não é suficiente para garantir a eficácia da vacina. A segunda dose, assim como a dose de reforço, completam a resposta vacinal, deixando-a mais robusta e duradoura”, alerta ela.
Segundo a prefeitura, até o último dia 9, pelo menos, 5.740 idosos não retornaram para tomar a segunda dose da vacina. Entre os profissionais de saúde, 3.113 ainda não se imunizaram totalmente. O maior número de faltosos da segunda dose está entre as pessoas que fazem parte do grupo de risco (portadores de doenças, grávidas, entre outros): 12.522 delas não receberam a segunda dose. E a população em geral foi a que mais aderiu ao esquema completo, registrando apenas 1.411 faltosos.
Quem está em atraso deve procurar um local de vacinação o quanto antes
Patrícia Hottz explica que mesmo que tenha passado a data do retorno marcada no cartão de vacinação, a pessoa deve procurar o posto. “Quem recebeu a primeira dose e não retornou para a segunda, pode procurar os locais de vacinação para completar o esquema, mesmo se o tempo entre as doses tenha ultrapassado o intervalo proposto. Não precisa reiniciar o esquema”, esclarece ela.
Aumento da vacinação e queda do número de casos e mortes
No último dia 10, Nova Friburgo alcançou 70% da população totalmente vacinada com as duas doses ou a dose única. Também foi registrada, na mesma data, cinco dias seguidos com todos os leitos destinados ao tratamento da Covid-19 nos hospitais locais zerados. Entre os dias 20 de outubro e 10 de novembro, foram registadas duas mortes causadas pela Covid-19, as duas ocorridas no último dia 5 em hospitais particulares, de acordo com a prefeitura. No mesmo período, foram registrados 2.111 novos casos da doença. Desde o início da pandemia, 25.753 pessoas foram infectadas pelo coronavírus e 864 morreram em decorrência da doença.
A meta de vacinar esse percentual da população foi estabelecida pela Prefeitura de Nova Friburgo pois, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa era a quantidade mínima estimada para atingir a chamada “imunidade de rebanho”. O termo se refere à diminuição do contágio de um vírus em determinado grupo de pessoas ou local, devido ao grau de imunidade adquirida pelos indivíduos, reduzindo as chances da doença encontrar uma pessoa vulnerável para infectar.
A prefeitura informou que “para atingir os faltosos está reforçando as campanhas de conscientização sobre a importância da vacinação contra a Covid-19 – já realizadas desde o início do período de imunização na cidade –, de modo a sensibilizar os friburguenses sobre a necessidade de completar o esquema vacinal”.
Apesar de ter alcançado a chamada “imunidade de rebanho”, a prefeitura informou que todos os protocolos de segurança devem ser mantidos, como o distanciamento de um metro entre as pessoas, o uso de álcool em gel e de máscaras faciais.
A nota emitida pela prefeitura diz que “com relação à liberação do uso de máscaras em ambientes abertos, essa possibilidade será amplamente debatida com os órgãos técnicos do município, em especial da Secretaria Municipal de Saúde, levando em consideração não apenas a porcentagem da população imunizada, mas também o cenário epidemiológico atual.”
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