Vivemos tempos difíceis no mundo que, agravado pela pandemia do coronavírus, vem se tornando uma “tragédia global” com consequências que nos tem levado a um futuro cada vez menos previsível, mais dividido e desigual. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 13 milhões de pessoas na extrema pobreza, aquelas que, de acordo com o Banco Mundial, vivem com até R$ 151 por mês. E quase 52 milhões na pobreza – com renda de até R$ 436 por mês. A desigualdade social continua, ano após ano e o resultado são milhões de famílias sem “fonte de renda” para subsistência.
Em maio deste ano, um “coletivo de cidadãos e cidadãs” de Nova Friburgo, independentemente de etnia, credo, raça, ideologia e situação social, se dispuseram a promover um “socorro” às famílias que, devido o agravamento da pandemia da Covid-19, se encontravam em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar na cidade.
Surgiu aí a campanha "Temos Fome!" e seu "coletivo", com mesmo nome, que, além de promover uma ajuda assistencial e emergencial à famílias em situação de extrema pobreza, se propôs a chamar a atenção da sociedade friburguense para a gravidade da situação de fome em Nova Friburgo e sua causa, bem como auxiliá-la na construção do seu “bem viver” e superar esta realidade de tamanha indignidade.
A realidade de Nova Friburgo
O idealizador do projeto, Wilkie Mafort, relata que “segundo dados da Secretaria de Assistência Social de Nova Friburgo, tínhamos em março deste ano 6.968 famílias com renda per capita de R$ 0 até R$ 89 caracterizando-se como famílias em extrema pobreza, 1.830 famílias com renda per capita de R$ 89,01 até R$ 178, caracterizando-se como famílias em situação de pobreza, 3.029 famílias com renda per capita de R$ 178,01 até R$ 522 caracterizando-se como famílias de baixa renda e 6.385 famílias com renda familiar per capita de R$ 522,01, ou seja, quase 10% das famílias friburguenses estão passando por alguma insegurança alimentar desde a sua forma leve até a grave (fome mesmo)”, relatou.
Wilkie observa ainda o desafio das famílias friburguenses para colocar comida na mesa. “Se considerarmos a alta no desemprego e no preço dos alimentos isso faz com que comer todos os dias seja um desafio para essas famílias friburguenses. Daí a campanha "Temos Fome" se propôs a arrecadar gêneros alimentícios e também itens de proteção contra a Covid-19, a fim de compor ‘cestas’, a serem distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar e ajudar na organização dessas famílias a se fazer ‘ouvir’ e cobrar direitos e dignidade”, disse.
Entre os gêneros alimentícios que a campanha tem recebido para doar estão: arroz, feijão, açúcar, óleo, canjiquinha, fubá, farinha, sal, biscoito, macarrão, além de produtos de higiene, como álcool em gel, água sanitária, cremes dentais, sabonetes, escovas de dente, palhas de aço, sabão em barra, entre outros.
55 famílias beneficiadas
Neste mês de junho, ao todo, 55 famílias friburguenses dos bairros Granja Spinelli e Rui Sanglard, em situação de extrema pobreza, foram atendidas com doações arrecadadas pelo grupo jovem Effatá, do Colégio Anchieta e por paroquianos da Igreja Imaculada Conceição, no Jardim Ouro Preto, distrito de Conselheiro Paulino.
“A meta inicial da campanha é atender essas 55 famílias, dessas duas localidades, por no mínimo três meses com "cestas" que após esse período poderá ser novamente estendida, por igual período, se necessário, até que estas 55 famílias saiam da condição de insegurança alimentar através de projetos socioambientais (como hortas urbanas, cooperativas, escola comunitária, entre outros) que o coletivo "Temos Fome!" pretende, nesse tempo, desenvolver nas localidades atendidas pela campanha”, esclarece o idealizador do projeto.
Para conseguir as doações, a campanha está distribuindo caixas em supermercados, escolas, igrejas, entre outros estabelecimentos da cidade. Quem não puder se deslocar e quiser participar da campanha, basta ligar para o telefone (22) 9 9888 5904 e se informar como ajudar a campanha. A campanha também possui um site (www.temosfome.com.br) onde é possível encontrar mais informações sobre o projeto.
Solidariedade em alta
A solidariedade ascendeu nos últimos meses desafiadores para o país com a pandemia. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, que ouviu por telefone mais de 1.500 brasileiros de diversas faixas etárias (a partir de 16 anos) nas regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste do país, entre os dias 1º e 8 de setembro.
A pesquisa mostrou que 96% dos brasileiros têm o desejo de ser mais solidário e buscam realizar ações para fazer o bem. Porém, apesar da intenção de ser mais solidário, apenas 27% efetivamente se envolvem atualmente em ações.
A maioria das pessoas entrevistadas (68%) age de forma individual e pontualmente por não conhecer outras formas e oportunidades para realizar essas ações. Ainda de acordo com a pesquisa, praticamente todos os brasileiros declararam que costumavam praticar pelo menos uma ação de solidariedade antes da pandemia. O brasileiro se enxerga solidário (92%), mas a percepção é menor quando se olha para o outro (68% não consideram o próximo solidário).
Outras ações de solidariedade ocorrem pela cidade, a maioria delas são sempre veiculadas em A VOZ DA SERRA e em redes sociais, como por exemplo, a arrecadação de doações para o Lar Abrigo Amor a Jesus (Laje), que está mais de um ano sem poder realizar eventos em função da pandemia. Com isso, a queda de receita se acentuou e vem se agravando. As despesas aumentaram muito e as consequências deixadas vem exigindo muitos cuidados extras. Assim, quem puder ajudar, basta depositar qualquer valor nas contas bancárias do Laje: CNPJ 00.068.903/0001-04 Itaú: Agência 6542 c/c 08635-7; Caixa: Ag. 0186 c/c 071-7 Operação 003; Bradesco: Ag. 0540 c/c 106943-8; Pix: 00068903000104 (O Pix é mesmo número do CNPJ).
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