“Estávamos acostumados com o sinal do recreio, com o agito do pátio, com os abraços que recebíamos nos corredores, com as perguntas, curiosidades e descobertas dentro da sala de aula. E agora? Um sentimento de vazio tomou conta. Não só o vazio físico provocado pelo distanciamento social, mas o vazio do peito, a ausência, a saudade, a falta que machuca bem fundo.
Uma data tão importante em meio a um contexto complicado. 15 de outubro: Dia dos nossos mestres, daqueles que desde pequenos nos ensinaram muito mais do que a ler e escrever, mas se tornaram referências em nossa vida, projetores de sonhos, e, por muitas vezes, nossos ouvidos e conselheiros. O papel do docente vai muito além do ensinar pedagógico e da construção do conhecimento. A escola é sim o ambiente formador, o espaço do despertar de ideologias, mas também local de encontro daqueles amigos que nos acompanharão por toda a vida.
As salas de aulas que eram espaços de calor, deram lugar às telas frias de celulares e computadores. Ficamos sozinhos, sem a companhia dos nossos colegas de profissão na hora do intervalo e nos transformamos em heróis que levam o conhecimento e a esperança de dias melhores para dentro das casas de nossos queridos alunos.
A pandemia nos transformou. Tivemos que nos reinventar. Estamos sobrevivendo por amor à educação, amor ao que fazemos. De acordo com a diretora e professora Magda Rocha Tibúrcio, “assim como o mundo inteiro, após essa pandemia nossos professores nunca mais serão os mesmos. Eles tiveram que se reinventar, vencendo seus desafios diários, aprendendo a lidar com situações nunca vividas. Nenhum de nós foi preparado para isso, mas estamos dando o nosso melhor.”
A tecnologia veio para nos ajudar e para fazer parte desse novo contexto, um novo normal que teremos daqui em diante aliado às diversas ferramentas digitais. Através da internet e contatos telefônicos conseguimos em grande parte alcançar nossos educandos e manter esse elo educacional aceso. Aulas por aplicativos, plataforma digital para postagem de conteúdo, solução de dúvidas por WhatsApp e entrega de material impresso àqueles que por inúmeros motivos não têm acesso à internet. Além do conteúdo pedagógico, o tempo do novo normal nos fez adotar uma abordagem voltada para o lado socioemocional dos nossos alunos, tão importante neste momento. Estamos tentando, cada dia é um novo desafio. Mas ser professor é encarar, é não desistir, é ter vontade de superar, é ter o amor pela educação que nos move a avançar, vencendo cada degrau.
O amor sempre vence e supera. Talvez não seja aquele amor perfeito das histórias que conhecemos desde a infância, mas o sentimento verdadeiro destes gigantes que buscam ultrapassar seus limites e suas dificuldades para oportunizar educação de qualidade aos seus alunos. Parabéns a todos os professores nesse dia tão especial, uma classe tão desvalorizada, mas que merece aplausos sinceros a todo momento, principalmente neste ano. Ser professor em meio à pandemia é ser um herói sem sair de casa.”
*Juliana Gabrig, 30 anos, é pós-graduada em Língua Portuguesa e professora há oito anos
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