Os dados divulgados pela Federação Internacional de Diabetes em novembro acenderam um alerta sobre a prevalência do diabetes no mundo. Em 2021, um em cada dez adultos entre 20 e 79 anos, cerca de 537 milhões de pessoas, conviveram em todo o mundo com a doença caracterizada por distúrbios na taxa de glicose (açúcar) no sangue.
O levantamento constatou um aumento de 16% em relação ao último levantamento da IDF (International Diabetes Federation), realizado em 2019. O diabetes tipo 2 (que geralmente é adquirido devido a maus hábitos e não necessariamente requer o uso de insulina) responde por 90% dos casos.
Segundo o décimo atlas da Federação, a doença foi responsável por 6,7 milhões de mortes em 2021 (uma a cada cinco segundos). Além disso, a IDF estima que o diabetes afetará 643 milhões de pessoas no mundo até 2030 e cerca de 784 milhões até 2045. Especialistas apontam alguns impactos da pandemia sobre esses números.
O tipo 2 é corresponde à maioria dos casos de diabetes, e o fator genético também pode contribuir. Contudo, é reconhecido que este tipo de diabetes está associado ao excesso de peso e à obesidade.
Dessa maneira, para boa parte dos médicos, é possível afirmar que a pandemia de Covid-19 influenciou esse aumento expressivo do número de casos no mundo. Muitas pessoas ficaram dentro de casa, ansiosas, sem acompanhamento médico, engordando e sem fazer exercícios físicos. Esse é um combo para a incidência do diabetes tipo 2 e piora dos quadros de quem já tinha. A atividade física é essencial para o controle do diabetes, tanto do tipo 2 quanto do tipo 1.
Estudo aponta que, durante a pandemia, houve um aumento no consumo de produtos alimentícios ultraprocessados, outro fator que influencia no ganho de peso e, consequentemente, na incidência do diabetes. Durante esse período de confinamento, os indivíduos tentaram optar também por alimentos mais fáceis de manter por mais tempo em casa. No entanto, escolher alimentos ultraprocessados pode causar efeitos deletérios ao organismo.
Alimentação não saudável, sedentarismo e má qualidade do sono estão associados ao aumento de casos de diabetes. A pessoa que dorme mal tem mais apetite para alimentos altamente palatáveis e também pode ter alterações psíquicas.
Por conta da necessidade de manter o distanciamento social, muita gente deixou de sair de casa para se movimentar, mesmo que fosse para fazer uma caminhada, pedalar ou passear com o cachorro. Tudo isso, sem contar que a busca por conforto na comida, para aliviar emoções, ansiedade e estresse impostos por esse momento de reclusão, também favoreceu o ganho de peso. Enquanto o tipo 1 tem causa genética, o tipo 2 pode ser prevenido e controlado com prática de exercícios, redução do sedentarismo e cuidados com a alimentação.
Especialistas reforçam que os exercícios físicos são o pilar do tratamento da doença, que inclui ainda medicamentos e dieta. Enquanto que essa prática é fundamental para evitar complicações de indivíduos que convivem com o tipo 1 e melhorar o seu prognóstico, pode prevenir e até reduzir o uso de medicamentos entre aqueles diagnosticados com o tipo 2.
No passado era muito comum recomendar a realização de atividades aeróbicas três vezes por semana nesses casos. Todavia, hoje, sabe-se que é importante incluir um trabalho de resistência muscular para manutenção da massa magra. Por isso, o tratamento requer uma abordagem multidisciplinar.
No início da pandemia, com o aumento das restrições para garantir um distanciamento social, academias e parques fecharam e nem todas as pessoas conseguiram fazer atividades físicas em casa. Agora que a vacinação está avançando em todo o país, quem ainda não retornou à prática de exercícios físicos por causa do coronavírus, a recomendação é retomar esse cuidado com a saúde.
Outro dado que chama a atenção é a quantidade de pessoas que, segundo a IDF, apresentam tolerância à glicose diminuída. Conforme o décimo atlas da Federação Internacional de Diabetes, 541 milhões de adultos apresentam esse quadro, que é um fator de risco para o diabetes tipo 2.
Indivíduos com quadro pré-diabético também têm aumentadas as chances desses eventos. Nesse contexto, a prática de exercícios tem papel fundamental para prevenir esses agravos ou até mesmo a evolução para um quadro de diabetes.
Deixe o seu comentário