Incêndio florestal atinge encosta do Pico do Caledônia

Não há previsão de chuva tão cedo: assim como o ar, a vegetação está extremamente seca
segunda-feira, 18 de julho de 2022
por Jornal A Voz da Serra
O fogo no Pico do Caledônia (Foto: Vagner Moraes)
O fogo no Pico do Caledônia (Foto: Vagner Moraes)

Um grande incêndio florestal, ainda sem informações oficiais sobre a extensão, atingiu a encosta do Pico do Caledônia neste domingo, 17 - coincidentemente, Dia Mundial de Proteção às Florestas. Bombeiros do 6º GBM foram mobilizados para o combate às chamas, em local de difícil acesso. A trilha de fogo podia ser vista do Centro e durou toda a madrugada.

Foi o segundo grande incêndio em mata observado nas principais montanhas de Nova Friburgo neste ano. O primeiro aconteceu no último fim de semana de junho, na encosta de pinheiros junto à Via Expressa, em Olaria. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, na ocasião foram destruídos 900 metros quadrados de mata. O combate durou cerca de 36 horas e mobilizou um total de 30 homens e quatro viaturas, além de drone para mapear a área e avaliar riscos a imóveis vizinhos. 

Não há previsão de chuva tão cedo, segundo sites de meteorologia especializados. Assim como o ar, a vegetação está extremamente seca e a umidade relativa do ar está em 40% em Friburgo. O período de estiagem normalmente vai de maio a outubro.

Nesta época do ano, o perigo frequentemente cai do céu, sobre a vegetação mais seca. Todos os anos o Corpo de Bombeiros alerta sobre os perigos de soltar balões. Por carregarem  estopa  e materiais inflamáveis, os balões entram em correntes de ar e são levados para locais imprevisíveis, impossíveis de monitorar. Dependendo de onde caiam, causam danos irreparáveis. 

Mais de 40 focos desde março

Como A VOZ DA SERRA publicou neste fim de semana, em referência ao Dia de Proteção às Florestas, um estudo feito pela ONG MapBiomas observou mais de 150 mil imagens de satélites com dados de queimadas entre 1985 e 2020. O estudo traz resultados preocupantes: somada, a área queimada no Brasil corresponde a quase 20% de todo o território nacional. O cerrado e a floresta amazônica concentram a maior parte da área atingida pelo fogo, sendo 65% em vegetação nativa. aS queimadas são uma grande agressão às florestas, que tem neste domingo, 17, um dia decidado a conscientização sobre a necessicade de sua preservação e proteção.  

Com o clima seco, a preocupação com as queimadas cresce nesta época do ano, o que gera um perigo para o meio ambiente e os focos de incêndio. O Rio de Janeiro registrou 502 queimadas e incêndios em 2021 e em primeiro lugar ficou Pará com 22.876 seguido do Mato Grosso com 22.520 e Maranhão com 16.077 respectivamente, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Inpe divulgou que, de 1º de janeiro de 2022 até 16 de março, foram contabilizados 41 focos de incêndio no Estado do Rio. Os municípios de Bom Jesus de Itabapoana com 9,8%, Angra dos Reis, Cachoeiras de Macacu e Rio das Ostras com 7,3%, cada; e Itaguaí com 4,9%. Em janeiro deste ano, foram registrados 16 focos de incêndio, no interior fluminense, além de Rio Bonito, na Região Metropolitana. Em fevereiro, foram quatro pontos, em Japeri, São Fidélis, Saquarema e Silva Jardim; e em março, foram 21 focos em vários municípios do Estado. 

No comparativo com os mesmos períodos de 2021, foram contabilizados 22 focos de incêndio no Rio, ficando São Gonçalo em terceiro lugar do ranking com 9,1% de queimadas. Em janeiro de 2021 foram registrados 18 focos de incêndios, em fevereiro foram quatro; e em março, 16 focos.

Consequências

Entre as consequências das queimadas o Conselho Nacional de Municípios (CNM) pontua alguns pontos: aumento da liberação de dióxido de carbono, uma das principais causas do aquecimento global; destruição da vegetação e dos habitats naturais; erosão e perda de produtividade do solo; perda da absorção do solo, aumentando os índices de inundações; poluição de nascentes, águas subterrâneas e rios por meio das cinzas; perda de fauna e flora, podendo causar extinção de espécies endêmicas; danos às infraestruturas; mortandade de animais; problemas respiratórios para população local; e prejuízos financeiros e econômicos.

O que é uma queimada? 

 Existem dois tipos de queimadas: as naturais e as antrópicas (ou artificiais). As naturais geralmente ocorrem em áreas secas de clima árido ou semiárido. Por conta do vento e da baixa umidade, é comum que fagulhas surjam naturalmente, causando incêndios que podem chegar a grandes proporções. 

Já as antrópicas, ou seja, iniciadas propositalmente por seres humanos, e possuem diversas finalidades, como limpeza da vegetação ou preparo do solo para agricultura ou pecuária. ​As queimadas antrópicas podem ser consideradas crimes e as leis ambientais proíbem que elas sejam feitas a menos de 15 metros dos limites da faixa de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica; numa faixa de 100 metros, ao redor da área de domínio de subestação de energia elétrica; numa faixa de 50 metros, ao redor das áreas de unidades de conservação ambiental; numa faixa de 15 metros de cada lado de rodovias estaduais e federais e de ferrovias. É importante ressaltar que toda queimada precisa ser autorizada pelo órgão ambiental dos municípios e/ou do estado. 

Como combater as queimadas 

A melhor solução para evitar queimadas é a prevenção. Conscientizar a população pela cobrança intensa das instituições de controle e combate a queimadas ilegais é um dever de todos. Conversar com as crianças sobre os perigos que as brincadeiras com o fogo podem provocar também pode ser eficaz para evitar acidentes no futuro. 

No dia-a-dia, evitar descartar bitucas de cigarros em áreas de vegetação seca. Não queime nem jogue lixo próximo a plantações, matas ou canaviais, nem mesmo em áreas privadas, pois faíscas transportadas pelo vento podem gerar novos focos de incêndio.

E se a queimada ocorrer próxima à rede elétrica? 

O calor e a fuligem tornam o ar capaz de conduzir corrente elétrica entre a rede elétrica e o solo ou entre os fios. Isso provoca o desligamento da rede e causa a falta de energia. A falta de luz ocorre não só na região do fogo, como também em várias outras. Pode afetar as escolas, os bancos, as lojas, os hospitais e muitas outras instituições. 

Os fios de energia também podem ter deterioração acelerada pelo calor e a quebra dos fios pode atingir pessoas que estejam próximas, causando acidentes fatais. Caso um foco de incêndio que atinja a rede elétrica seja identificado, não deve ser apagado com água. O mais seguro é acionar o Corpo de Bombeiros e entrar em contato com a distribuidora de energia. 

As causas das queimadas

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação reconhece como principais causas das queimadas: Incendiários: incêndios provocados por pessoas a propriedades alheias, sem motivos específicos; Fumantes: incêndios originados por pessoas que descartam cigarros de forma incorreta; Queimadas para limpeza: geralmente promovidas por agricultores e pecuaristas, em áreas de pastagens ou de agricultura, para renovação do solo e introdução de sais minerais liberados pela prática; Fogos campestres: provocados por pessoas que acampam ou estão no campo, desenvolvendo alguma atividade, e fazem uma fogueira, que pode alastrar-se; Operações florestais: queimadas causadas por trabalhadores que estão nas florestas, que usam do fogo para alguma finalidade, como sinalização ou preparo de alimentos; Estradas de ferro: queimadas promovidas direta ou indiretamente pelas atividades nas estradas de ferro; Raios: descargas elétricas podem promover incêndios diretos ou indiretos na natureza ou em áreas de pastagens; Diversos: incêndios que não se encaixam nos grupos anteriores; queimadas que ocorrem de forma rara ou incomum.   

Por que ocorrem tantas queimadas 

Alguns fatores têm feito as queimadas no Brasil aumentarem, como o avanço do desmatamento e a ampliação das áreas de pastagem e atividades econômicas ligadas à agropecuária. Outro fator que influencia na propagação de queimadas pelo território brasileiro é o tempo seco e quente, vivenciado em diversas regiões do país entre agosto e setembro. 

Na maioria das vezes, essas queimadas são provocadas pela ação humana de maneira criminosa. Os incêndios são muitas vezes iniciados por agricultores em áreas de pastagens, para renovação de pastos, e por grupos que causam desmatamento para eliminar vegetação rasteira e retirada de madeira para comercialização. 

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), todos os seis biomas brasileiros sofreram com essas ações, mas Amazônia, Pantanal e Cerrado são os que mais têm sofrido com os focos de incêndio. ​

Como controlar as queimadas 

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Ministério do Meio Ambiente são as instituições responsáveis pelo monitoramento e controle de queimadas no país. Cabe principalmente ao ministério a elaboração de planos de ação para o combate aos focos de incêndio e o financiamento de equipamentos e aviões para o controle. 

Como forma de prevenir, o Inpe conta com satélites que analisam grandes áreas, notificando em tempo real quando alguma região está com temperaturas muito elevadas. Para controlar um incêndio, duas práticas são mais comuns: o uso de brigadistas, pessoas treinadas para o combate ao fogo com equipamentos de segurança e de controle de incêndios; e o uso de aviões com água, despejando nas áreas afetadas pelo incêndio.  

Caso encontre focos de incêndio e queimadas, chame as autoridades competentes, como o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193 e a Polícia Militar pelo telefone 190. Em caso de denúncia de incêndios criminosos, ligue para o Ibama (Linha Verde): 0800 061 8080. (Com informações da Tribuna RJ e Neoenergia)

 

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TAGS: fogo