No último dia 7, o arquiteto friburguense Bruno Schelb, 35 anos, iniciou uma caminhada até Brasília, como forma de protesto em razão das mais de 500 mil mortes já contabilizadas em todo o Brasil de pacientes infectados pelo coronavírus. A previsão é de que a empreitada dure cerca de 60 dias e o friburguense complete sua marcha no início de agosto.
“Desde o início da pandemia, tive o privilégio de poder trabalhar de casa, mas cansei de esperar que a situação voltasse ao normal. Cansei de ficar de braços cruzados. Quando constatei que estava anestesiado pelas notícias que davam conta de duas mil mortes por dia, decidi fazer algo sem qualquer cunho político e ideológico”, garantiu.
O arquiteto afirma que o principal objetivo da marcha é levar uma mensagem de conscientização para as pessoas durante todo o percurso de quase dois mil quilômetros. “A intenção é fazer com que as pessoas se lembrem de coisas simples como a preciosidade da vida”, destaca Bruno. “A receptividade tem sido boa", afirmou.
“Quando as pessoas vêem o meu esforço para passar a mensagem, ela é aceita. Em um restaurante, onde algumas medidas de segurança sanitária não eram seguidas, conversei com a proprietária e ela aceitou minhas ponderações. Consegui convencer uma senhora a tomar a vacina. São pequenos atos que têm feito grande diferença”, comemorou.
O friburguense contou também que o início da caminhada foi o mais complicado por conta da parte física. “Logo no começo, tive que parar alguns dias para descansar. Sem dúvida, a questão física tem sido o maior problema, principalmente nos pés. Estou com muitas bolhas, mas aos poucos elas vão desaparecendo e nos próximos trechos vou ter mais facilidade”, acredita o agora andarilho.
No momento desta entrevista, Bruno estava em Cruzeiro-SP, na rodovia SP-58. Para evitar grandes subidas e trajetos poucos seguros, ele optou por fazer um caminho mais longo. “O natural seria atravessar Minas Gerais em linha reta, mas eu passaria por uma região latifundiária e ficaria complicado me hospedar, descansar e me alimentar”, contou.
“Apesar desse limitador físico, tento caminhar cerca de 40 quilômetros por dia. Já tenho a rota planejada e as paradas também. Não há como precisar ao certo o tempo total que vou demorar para chegar até a capital. Sei que estou correndo riscos de ser atropelado, assaltado e até de pegar o vírus, mas evito me expor mais do que o necessário, sem comprometer a minha saúde”, comentou.
O friburguense disse ainda, com certo humor, a possibilidade de se ver em meio a um fogo cruzado por conta da caçada a Lázaro Barbosa, procurado pela polícia, acusado de matar quatro pessoas da mesma família e protagonista de uma verdadeira caçada, que tem mobilizado um efetivo de mais de 200 oficiais, drones e helicópteros, em Goiás. “Estatisticamente, a Covid tem mais chance de me encontrar do que ele. Mas espero que seja detido até lá (risos)”, ironiza ele lembrando que “está fazendo a caminhada de cabeça e coração abertos. Quando chegar vou resolver o que fazer, mas a princípio devo voltar para Friburgo de ônibus”, prevê.
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