Dados mostram que a expectativa para o Dia dos Pais em 2025, em termos de movimentação financeira, é de cerca de R$7,84 bilhões, o que representa um crescimento de 3,2% em relação ao último ano, de acordo com a projeção realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). São números expressivos, que torna o Dia dos Pais a quarta data de maior movimentação do varejo, atrás apenas de Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados.
“O mercado de trabalho aquecido e as medidas de estímulo ajudaram a sustentar o consumo no último ano. No entanto, a taxa de juros restritiva começa a impactar a atividade econômica. Já observamos uma desaceleração no ritmo de concessão de crédito, reflexo não só do custo elevado, mas também da inadimplência crescente. Como o crédito é um pilar importante para o consumo no Brasil, esse cenário mais apertado tende a refletir nas vendas, especialmente para os pequenos e médios negócios”, explica Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian.
Com afeto e responsabilidade
Com o avanço do endividamento, consumidores buscam alternativas criativas para comemorar os pais sem comprometer o orçamento. Segundo o educador financeiro André Charone, é possível equilibrar carinho e consciência finianceira.
Ele ressalta, que é comum que filhos se sintam pressionados a retribuir o carinho paterno com presentes ou almoços especiais. Afinal, datas comemorativas movimentam o comércio, aquecem campanhas publicitárias e, inevitavelmente, provocam apelos emocionais.
Mas nem sempre esses gestos cabem no bolso. Segundo dados da Serasa, o Brasil já ultrapassa os 72 milhões de inadimplentes, número que vem crescendo especialmente em datas como Dia das Mães, Natal e Dia dos Pais, “ocasiões marcadas mais pela emoção do que pela razão”. Ainda assim, especialistas em finanças defendem que é possível celebrar de forma significativa, sem cair na armadilha do consumismo.
Para Charone, a ideia de que o amor precisa se traduzir em um presente caro é um dos maiores erros incentivados pelo mercado. “O marketing transforma o sentimento em produto. Mas amor não precisa ser medido pelo valor da etiqueta. Dar algo caro, se for à custa de um orçamento já apertado, não é homenagem, é desequilíbrio financeiro”, afirma.
Dicas
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Uma carta escrita à mão, um café da manhã preparado com cuidado, um vídeo com lembranças familiares podem ser mais marcantes do que qualquer camisa de grife. “Um gesto personalizado mostra dedicação e conexão real”.
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Preparar um almoço em casa, com os pratos preferidos do pai, é não só mais econômico, mas também mais intimista.
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Filhos que desejam dar um presente mais robusto podem se unir e dividir os custos. Isso permite oferecer algo de maior valor, sem sobrecarregar individualmente o orçamento de ninguém. O gesto conjunto pode, inclusive, reforçar laços entre os irmãos.
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“O pai que ama seus filhos não espera um presente caro. Ele vai preferir ver os filhos equilibrados financeiramente do que endividados em nome de uma homenagem.”
Por fim, o especialista recomenda que os filhos priorizem a criação de boas memórias. Um passeio no parque, um tempo de conversa, um jogo assistido juntos na televisão ou simplesmente uma visita inesperada podem ser mais significativos do que qualquer objeto. “No fim das contas, o que fica são as experiências. Objetos se desgastam, mas memórias permanecem.”
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