De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking mundial de transtornos de ansiedade e está entre os cinco países com mais casos de depressão. Dados preocupantes que refletem não apenas os desafios da vida moderna, mas também a influência de fatores biológicos, sociais e, surpreendentemente, nutricionais. O que poucos sabem é que aquilo que colocamos no prato pode ter uma relação direta com o nosso estado emocional.
Relação entre alimentação e saúde mental
Segundo a nutricionista Ana Luisa Rocha, a relação entre a nutrição e a saúde mental, nada mais é do que a relação cérebro e intestino, que está ligada à produção de neurotransmissores relacionados às emoções. Além disso, a nutricionista explica que desequilíbrios na flora intestinal podem contribuir para inflamações que afetam a produção desses neurotransmissores.
A serotonina, por exemplo, possui um papel fundamental na regulação do humor, sono, apetite e sensação de bem-estar. Dessa forma, baixos níveis de serotonina podem interferir na saúde mental, ocasionando situações de insônia, isolamento social, entre outros.
O papel do nutricionista na abordagem multidisciplinar
“O papel do nutricionista vai muito além de montar um prato alimentar. Não gosto de usar o termo dieta, pois dieta é algo restritivo e muitos pacientes já têm essa visão que nutricionista é algo ruim, de algo pronto. O plano alimentar tem que respeitar os seus horários, os seus objetivos e metas, suas rotinas diárias com coisas que você realmente come, porque existem muitos nutricionistas que passam algo que são extremamente difíceis de serem montados e se encaixar,” explica.
Ana Luisa ainda ressalta que os nutricionistas tem que “usar uma compreensão do paciente como um todo, avaliando e fazendo os cálculos antropométricos, tirar as medidas, verificar o peso e altura, a classificação de IMC (Índice de Massa Corpórea), ver se ele tem condições específicas, e se for necessário solicitar exames bioquímicos para avaliar se tem alguma deficiência ou alguma carência nutricional”, enfatiza.
Quais alimentos contribuem com a saúde mental?
De forma geral, uma alimentação balanceada e nutritiva é essencial para uma vida mais saudável. No entanto, Ana Luisa destaca que alguns nutrientes são especialmente importantes quando o assunto é regulação de humor e diminuição da ansiedade.
- Ácidos Graxos Ômega-3: presente em peixes, castanhas e sementes.
- Vitaminas do Complexo B: presente em carne magra, frango, ovos, legumes, grãos integrais, espinafre e abacate.
- Magnésio: presente em vegetais de folhas verde-escuras, nozes, sementes, abacate, banana e grãos integrais.
- Triptofano: presente em queijos, amendoim, ovos, peixe, batata, leite, banana, abacate e chocolate amargo.
- Antioxidantes: frutas e vegetais coloridos são ricos em antioxidantes, como vitamina C e E.
- Probióticos: presentes em iogurtes, kefir e chucrute.
O que evitar
Alimentos com alto teor de gorduras, aditivos, açúcares refinados, carboidratos simples e cafeína, como doces, refrigerantes, enlatados, energéticos e café, além de bebidas alcoólicas, devem ser evitados ou consumidos com moderação.
Existe uma dieta ideal para saúde emocional?
Em um mundo cada vez mais acelerado e cheio de pressões, a busca por bem-estar emocional nunca foi tão necessária. E, surpreendentemente, parte desse equilíbrio pode estar no que colocamos no prato todos os dias. Mas será que existe uma dieta ideal para a saúde emocional?
De acordo com a nutricionista Ana Luisa Rocha, não existe um plano alimentar ideal, pois é preciso levar em conta a individualidade de cada paciente. “Não adianta eu falar para um paciente comer frutas e legumes, enriquecer o plano alimentar dele de hortaliças de cor roxa, como repolho cebola roxa, ele não gosta. Se o paciente não fazer, irá ficar frustrado, acarretando gatilho tanto de compulsão alimentar, como repulsão alimentar, gerando um estresse psicológico emocional para o paciente”, observa.
“Recebo muitos pacientes no consultório, que são traumatizados com nutricionistas que não levaram em conta as particularidades deles, que não olharam seus históricos familiares e pegaram e passaram dietas prontas. Reforço que não há dieta nem planejamento alimentar ideal. Não existe nada pronto, precisamos olhar para os pacientes, com individualidade, com particularidade e incluímos esses alimentos de acordo com a rotina deles, gosto, olhando o paciente como um todo”, enfatiza.
* Reportagem da estagiária Laís Lima com supervisão de Henrique Amorim
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