O preço das carnes no Brasil: por que está mais caro e o que esperar para 2025

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Se você tem ido ao açougue ou ao supermercado, já deve ter notado que o preço das carnes não para de subir. E não é só impressão: os números confirmam. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, o preço das carnes aumentou pelo terceiro mês consecutivo em novembro. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de impressionantes 15,43%.

Essa tendência de alta quebra um período de um ano e meio de quedas no preço da proteína bovina, que voltou a subir em setembro de 2024. Entre os cortes mais impactados, o patinho lidera o ranking com aumento de 19,63% no acumulado do ano. Ele é seguido pelo acém (18,33%), peito (17%) e lagarto comum (16,91%). A única exceção foi o fígado, que registrou queda de 3,61% no mesmo período.

Apenas em novembro, as carnes tiveram uma alta mensal de 8,02%, o maior salto registrado desde dezembro de 2019, quando os preços subiram 18,06%. Mas por que os preços estão subindo tanto? Economistas apontam quatro fatores principais para esse cenário:

Ciclo pecuário: A pecuária tem seus ciclos naturais de oferta e demanda. Nos últimos dois anos, o Brasil teve um número elevado de abates, o que aumentou a oferta de carne no mercado e ajudou a manter os preços mais baixos. Agora, porém, o cenário mudou. Com a redução dos abates, a oferta de bois começa a diminuir no campo, pressionando os preços para cima.

O clima: Também tem um papel decisivo nesse cenário. A seca prolongada e as queimadas prejudicaram a formação dos pastos, que são a principal fonte de alimento para o gado. Com menos alimento disponível, o custo de criação do boi aumenta, e esse custo acaba sendo repassado ao consumidor.

Dólar caro = exportações: O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e vem batendo recordes de vendas para o exterior. Com a demanda internacional aquecida, grande parte da produção brasileira está sendo destinada ao mercado externo, reduzindo a oferta no mercado interno e contribuindo para a elevação dos preços.

Aumento do poder de compra: Se por um lado o aumento da renda é uma boa notícia, por outro ele também impacta os preços. A queda do desemprego e a valorização do salário mínimo estimularam o consumo de carnes no Brasil, o que aumentou a demanda interna. Com mais gente comprando, os preços subiram ainda mais.

 

E no ano que vem?

Segundo os especialistas, o cenário de alta deve continuar. Como os fatores que impulsionam os preços – como o ciclo pecuário, as exportações e o clima – são estruturais e não se resolvem no curto prazo, a tendência é que os valores se mantenham elevados em 2025 e, possivelmente, em 2026.

Embora o mercado interno esteja sentindo o impacto, é importante notar que o Brasil continua se destacando como grande exportador mundial, especialmente para mercados como a China. Esse aumento nas exportações gera divisas para o país, mas traz o desafio de equilíbrio da oferta interna com a demanda externa.

 

Como economizar

Para quem está sentindo o peso no bolso, algumas estratégias podem ajudar. Substituir cortes mais caros por opções mais em conta, como o fígado (que ficou mais barato), pode ser uma alternativa. Além disso, considerar outras fontes de proteína, como carne de frango, ovos e até cortes suínos, pode aliviar o impacto no orçamento.

Outra dica é aproveitar promoções e planejar as compras. Em momentos de alta nos preços, fazer uma pesquisa entre diferentes supermercados pode garantir boas economias. Comprar em açougues de bairro ou até diretamente de pequenos produtores também pode ser uma alternativa para encontrar preços mais acessíveis.

 

Reflexos no prato dos brasileiros

O impacto da alta das carnes vai além do bolso. O consumo per capita de carne bovina no Brasil, que já vinha em queda nos últimos anos, pode sofrer mais uma retração. Segundo dados do setor, o brasileiro médio consumia cerca de 42 quilos de carne bovina por ano em 2021, número bem abaixo dos 60 quilos registrados em 2006. Com os preços em alta, é provável que o consumo diminua ainda mais.

A alta no preço das carnes é, sem dúvida, um desafio para os consumidores brasileiros. Mas com planejamento e criatividade, é possível atravessar essa fase com mais equilíbrio. Enquanto isso, o mercado e as políticas públicas precisam buscar formas de mitigar os impactos da inflação para garantir que a carne – elemento tão presente na cultura alimentar do país – continue acessível a todos.

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