A respiração é um movimento tão natural que a gente nem percebe que está fazendo. Mas você sabia que existe um jeito de inspirar e expirar que é considerado mais correto e eficiente do que outros?
O segredo de uma boa respiração está em usar principalmente o diafragma e o abdome, em vez do peito. "O grande ponto da história é começar a prestar atenção na nossa respiração e fazer com que o ar não saia mais do tórax, mas, sim, do abdome", resume o psiquiatra Luiz Carlos Sampaio.
De acordo com Sampaio, a maioria dos adultos respira de forma superficial, usando principalmente o peito, ao contrário do que fazem os bebês.
“Se você reparar em um bebê respirando, vai ver que a barriguinha dele sobe e desce, numa respiração profunda. Esse é o jeito certo de respirar: aquele em que você respira com o seu abdome”, explica o psiquiatra.
Mas será que inflar demais o pulmão pode ser perigoso? E é verdade que respirar bem ajuda a dormir melhor? Veja as respostas para dúvidas mais comuns sobre a respiração:
Respiração curta e rápida é prejudicial para nossa saúde?
"Sim, pode ser", afirmou Sampaio. Segundo ele, respirar de forma superficial pode ter impactos diretos na saúde física e mental, como já mostraram vários estudos.
Isso pode resultar em sensação de cansaço, dificuldade de concentração e um aumento nos níveis de estresse e ansiedade, por exemplo. Já quando respiramos com o diafragma — um músculo localizado horizontalmente entre o tórax e o abdome —, em vez de movimentar o peito, mais oxigênio entra em nosso corpo.
O resultado, entre outros, é que isso envia mensagens ao cérebro que ajudam a nos manter em um estado mais relaxado, o que pode diminuir os níveis de ansiedade, explicou.
A respiração diafragmática é o contrário do que estamos acostumados a fazer. Perceba que, quando você inspira (puxa o ar), o abdome geralmente desce e, quando expira (solta o ar), ele sobe.
No movimento correto, porém, o ar entra nos pulmões, o peito não sobe e a barriga se expande durante a inspiração. O médico explica como ela deve ser:
“Inspire lentamente pelo nariz, sinta o ar encher o pulmão e empurre o abdome para fora, como se estivesse enchendo uma bexiga que está dentro de sua barriga. Em seguida, segure a respiração por alguns segundos e expire lentamente. Enquanto esvazia o pulmão, você vai perceber seu abdome baixando. Todo o trabalho é feito com a musculatura do abdome, que é melhor do que a musculatura torácica", detalhou.
Respiração saudável é sempre silenciosa?
Não necessariamente. É verdade que a respiração barulhenta pode ser indício de algumas doenças, como a bissinose e a laringomalácia, mas esses problemas geralmente também são acompanhados de outros sintomas respiratórios. Nem todo ruído ao respirar é um mau sinal. "A respiração de quem pratica artes marciais, por exemplo, é bem ruidosa, você solta o ar a todo vapor, ela é ruidosa".
Boa respiração ajuda a dormir melhor?
Sim. Uma pesquisa mostrou que participantes que conseguiram reduzir seu ritmo de respiração caíram no sono em média 20 minutos mais cedo e dormiram melhor, acordando menos durante a noite. Isso porque a respiração lenta muda a química do cérebro, acalma o corpo e até diminui os batimentos cardíacos.
Respirar corretamente traz benefícios para o sistema digestório?
Sim, respondeu Sampaio, explicando que a respiração abdominal é como se fosse uma "massagem interna" no sistema digestório. "Com isso, você consegue melhorar todo o funcionamento do seu intestino e aumenta os movimentos peristálticos do intestino".
Inflar demais ou pulmão na respiração pode ser perigoso?
Mito. No entanto, o médico destacou que a nossa capacidade respiratória é controlada tanto pela expansão como pelo ritmo. Por isso, é importante manter um bom ritmo respiratório, assim como esvaziar o pulmão, "jogando fora" o ar residual.
"Se esse ar residual for ficando lá, ele vai minando os seus alvéolos pulmonares [estruturas responsáveis pelo fluxo de ar nos pulmões]", ressaltou o médico, explicando que os espaços criados pelo ar residual podem se tornar um "ninho" para o crescimento de bactérias, aumentando o risco de infecções a longo prazo.
"Tirar o ar velho é tão importante quando colocar ar novo", afirmou, sugerindo que o tempo de inspiração seja a metade do tempo dedicado a expirar o ar. "Se você inspira em dois tempos, tem que expirar em quatro tempos, por exemplo".
"A expiração tem que ser mais longa para você esvaziar o seu pulmão, se não a respiração vai ficando superficial e, quanto mais ar residual fica lá dentro, mais dificuldade você vai ter de receber mais ar". (Fonte: www.uol.com.br/vivabem/)
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