Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Meu lugar no mundo
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna às terças e quintas.
Eu amo Nova Friburgo
E não é desses amores fáceis
Da boca para fora
Porque amor de verdade
Só quem vive e vivencia a cidade
Que sente prazer e felicidade
Mas que também sabe
Do tanto de dificuldade
Da dor que sua história já atravessou
Da sua brava gente que pelejou
Pelos chãos das fábricas,
Pelos campos e praças
Para fazê-la sempre nova como se idealizou.
Que a defende sem fingir
Que sempre está tudo bem,
Mas trabalha para que ela seja a melhor
Vigilante para não ser ufanista
Mas deixa livre esse sentimento
Cada vez maior
Pois, de todos as vaidades,
Nenhuma é mais gloriosa
Do que a de se orgulhar da sua cidade
Doar seus passos e hombridade
Seu peito e vivacidade
De fazer o presente feliz
E o futuro promissor.
Que Nova Friburgo seja grande
Amada e devotada
Por amor verdadeiro de quem vive
Seu dia a dia, sua jornada
Suas raízes, sua gente
Sua história de vigor
Que seja desejada
E ser justa seja o seu maior valor
Acolhedora e pioneira
De paz e de diversidade
Nova Friburgo a primeira
Entre todas- a mais bela flor.
Eu sei,
Quero descobrir cada dia mais,
Para saber mais e mais sobre você
E os tantos vocês que fazem você,
Nova Friburgo,
ser o meu lugar no mundo
Te amo, porque te vivo,
E sem você, Nova Friburgo,
Não encontro lugar para mim no mundo
São 206 anos de todos nós que fizemos e fazem Nova Friburgo! Por mais que a idade e a data de nascimento da cidade seja um tanto quanto controversa. 3 de janeiro, 16 de maio, 17 de abril? 1818, 1820?
Em 16 de maio de 1818, D. João VI aprovou o contrato comercial com Sebastian Nicolas Gachet, a fim de estabelecer uma colônia de suíços na Fazenda do Morro Queimado, no distrito de Cantagalo. Mas foi em 3 de janeiro de 1820 que D. João VI baixou o alvará criando a Vila de Nova Friburgo, desmembrando-a, portanto, de Cantagalo. Essa dúvida da data perdurou até as celebrações dos 150 anos, quando à Câmara de Vereadores, à época, junto à prefeitura, Academia Friburguense de Letras e outras entidades se debruçaram sobre o tema. Apesar de tudo indicar o dia 3 de janeiro, com parecer até de um instituto de História, preferiu-se o 16 de maio.
Mas a data de nascimento de Nova Friburgo é ainda mais complexa. Se em 16 de maio de 1818 foi feita a autorização da colônia suíça, se em 3 de janeiro de 1820 apareceu pela primeira vez o termo Nova Friburgo e sua condição de vila, há quem defenda que na verdade, Nova Friburgo surgiu mesmo em 17 de abril de 1820, quando ocorreu o encontro dos primeiros habitantes da vila para celebrar a sua fundação.
Três datas possíveis, três signos diferentes para quem gosta de astrologia: Capricórnio, Áries ou Touro? Pior ainda se for fazer todo o estudo de mapa astral, com ascendente e tudo o mais. Coitados dos astrólogos.
Qual a verdadeira personalidade de Nova Friburgo?
Estabelecer Nova Friburgo como todos nós é um bom ponto de partida. Somos diferentes, pensamos diferente, temos condições diversas. Em tempos de extremismos, isso se torna ainda mais complexo. Mas estamos no mesmo barco, sob o mesmo céu, nem sempre de estrelas.
Convivermos para nos completarmos e contemplarmos o que construímos: a identidade que faz a cidade ter sentido de ser cidade. Mais do que isso, não começamos do zero e trazemos as marcas do passado, de todos que vieram antes de nós, com seus acertos e erros de cada época. Essas marcas, ainda que não tão evidentes, estão no nosso DNA. Entre evoluções e retrocessos - seguimos com essas tatuagens, nem sempre à vista.
Praticamente todo friburguense, com o mínimo de sensatez, concorda que Nova Friburgo vem andando para trás nos últimos anos. Perda de protagonismo e de identidade. Negando a modernidade e se afastando cada vez mais do pioneirismo que a tanto destacou no século passado. Se não fosse a coragem de alguns entusiastas em diversos setores, a situação seria ainda pior. Está em todos os números que se for pesquisar. Quedas acentuadas em todos os medidores, de renda à educação, de qualidade na saúde a questões ambientais. O diagnóstico é perverso, mas matematicamente real e as pessoas sentem isso na pele.
Mas é uma cidade de muitos potenciais que permitem sonhar. Quando Nova Friburgo parou de sonhar? Quando foi que deixamos de ter o brilho no olhar? Por que temos nos contentado com a mediocridade vigente, quando nosso destino sempre nos convidou à excelência?
Portanto, revolucionar o cotidiano com simples organização e cultura de pertencimento é o primeiro passo fundamental. É preciso reacender o friburguense raiz, instigado a inovar e retomar à cidade a sua natureza inventiva e propulsora de potenciais e transformações contínuas.
Quem é que não está com saudade dessa Nova Friburgo? Eu estou, inclusive daquilo que não vivi!
Desejo, assim, que Nova Friburgo possa recuperar sua autoestima, valorizar a sua história e se inspirar na sua caminhada. Desejo que valorizemos mais nossas instituições e personalidades. Desejo uma cidade próspera, mais igual, mais humana e acolhedora. Desejo uma cidade ambientalmente focada e que preserve o legado que Deus deu a essas terras de nobre estatura. Desejo que apostemos na educação como ferramenta de transformação. Desejo uma cidade onde as pessoas tenham facilidade para se locomover. Desejo uma cidade que as pessoas não morram por omissão e mais do que isso, uma cidade que pare de focar na doença e passe a trabalhar para que as pessoas não adoeçam. Desejo que Nova Friburgo possa ser de fato a cidade que pode ser: nova por nome e gloriosa por definição.
Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna às terças e quintas.
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