Os tesouros que existem nas histórias

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

terça-feira, 05 de setembro de 2023

Encontramos preciosidades quando abrimos um livro de literatura, seja em prosa ou poesia, e mergulhamos em suas páginas. Aliás, toda história nos ensina algo porque o autor e o leitor são aprendizes por essência. Vou falar de uma autora brasileira que admiro, Lygia Bojunga, e da sua obra “Paisagem”, publicada em 2006, pela Casa Lygia Bojunga.

Além de uma escrita leve, nós, os leitores, vamos interpretando a história, captando suas ideias e intenções que pretendem abordar a relação entre o autor com seu leitor. O livro conta a história da autora com Lourenço, seu Leitor. Fantástico, não?

O tesouro dessa obra é a conversa entre a autora com alguém que a lê.  Por certo, o leitor conhece o autor de sua preferência e estabelece com ele um contato afetivo e, por vezes, profundo. Já o escritor repousa sua alma na história de tal forma que toca a alma do leitor. Contudo é uma interação de pessoas que se conhecem apenas através da literatura, estabelecem uma relação intensa a ponto do leitor e o autor interagirem ao longo do tempo. Inclusive, depois que o autor morre, ele continua vivo para seus leitores, fazendo-se emergir das páginas dos seus livros. Em cada história que cria, o autor coloca sua essência na escolha das palavras, na idealização dos personagens, na construção do texto, seja em que estilo literário for.

Em “Paisagem”, Lygia, inicialmente, imagina como seu Leitor poderia ser e decide conhecê-lo. Viaja, o procura e o encontra. Ao ler o livro, me lembrei da relação com meus leitores ao visitar as escolas que adotaram meus livros. Os leitores gostam de sentir a presença do autor do livro que leram para perceberem que eles existem, que são pessoas como eles: de carne e osso. Gostam de escutar a voz e conhecer a sua história de vida e, principalmente, de saber da construção do enredo e dos personagens com os quais se identificaram.

É um relacionamento mágico de modo que o autor passa a existir em função das suas histórias e, consequentemente, dos seus leitores. E o leitor recebe influências significativas na construção do seu destino.

Assim sou com relação a Saint-Exupéry. O “O Pequeno Príncipe” mora dentro de mim e influencia meu modo de ver as coisas da vida e de escrever.  

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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