Água Benta bate Palmeiras no primeiro jogo da final paulista

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 04 de abril de 2023

Me desculpem, mas é Água Santa, mais precisamente Esporte Clube Água Santa, fundado em 27 de outubro de 1981, em Diadema, no interior paulista. Seu nome advém da rua em que se situa, no bairro Jardim Eldorado, onde migrantes nortistas, nordestinos e mineiros viam no clube a única forma de lazer na cidade. Inicialmente era uma equipe amadora, mas vencedora, conquistando 17 títulos de campeão no forte futebol de várzea de São Paulo.

Em 2011 o futebol do clube foi profissionalizado conseguindo, em 2016, chegar pela primeira vez a primeira divisão paulista, o chamado grupo de elite. Foi rebaixado para a segunda divisão várias vezes, até que em 2023, o Água Santa retornou, novamente a Série A1, onde chegou na final pela primeira vez em sua história. Para isso eliminou o São Paulo e o RB Bragantino, conquistando o direito de disputar o título do campeonato com o poderoso Palmeiras, considerado hoje o melhor time do futebol brasileiro, disputando cabeça a cabeça com o Flamengo do Rio de Janeiro.

Não assisti ao jogo, somente aos melhores momentos e aos gols que levaram o Água Santa a sair na frente, podendo empatar o segundo match, no próximo sábado, 8, para se tornar o campeão paulista de 2023. Caso seja derrotado por um gol de diferença, a disputa irá para os pênaltis; caso o Palmeiras vença por mais de um gol, o título ficará com a equipe palmeirense.

Sei que estamos no Rio e não é comum se falar do futebol de outros estados, mas aqui algumas coisas chamam a atenção. Em primeiro, não se pode duvidar da força e importância dos paulistas na formação do PIB brasileiro, pois não é por acaso que São Paulo é o estado mais rico do nosso país. Portanto, isso explica, na minha opinião, a força do futebol do estado, principalmente dos clubes do interior, em relação ao nosso combalido estado do Rio, riquíssimo em banditismo e violência.

Apesar de termos times que se destacaram no atual campeonato de estado como o Volta Redonda que disputou as semifinais, deixando o Botafogo para trás, o Audax (atualmente com sede em Angra dos Reis, já que sua localização original era em São João do Meriti) e a Portuguesa, da Ilha do Governador, nossos chamados clubes de menor investimento não são páreo para os de São Paulo. Aliás, é um fenômeno curioso o fato de, no Rio Grande do Sul, o Caxias de Bento Gonçalves estar na final do campeonato gaúcho, deixando o Internacional para trás. E o primeiro jogo contra o Grêmio terminou em 1 a 1, sendo que o Caxias jogou todo o segundo tempo com um a menos. Sem falar do Ypiranga, de Erechim, que está na terceira fase da Copa do Brasil e nesta quinta feira, 6, encara o Botafogo.

Em segundo, que os times de menor investimento, pelo menos nos grandes centros, à medida que o número de competições aumenta conseguem manter o grupo por mais tempo, deixando de contratar jogadores apenas para disputarem os estaduais. E como o treinamento começa mais cedo, no início dos campeonatos estão mais entrosados que os grandes, recém-chegados das férias.

Em terceiro existe a possibilidade de um maior grau de profissionalização desses clubes chamados pequenos, fazendo com que se organizem melhor e tenham condições de investirem mais no futebol profissional. Largam para trás a maneira amadora de gerir o velho esporte bretão.

Não creio que o Palmeiras sofra uma outra derrota ou mesmo empate com o Água Santa, ainda mais que o segundo jogo será no Allianz Parque, seu estádio, empurrado pela sua numerosa torcida, uma das mais importantes de estado. De acordo com o Wikipédia, a torcida do time de Diadema chega a dez mil torcedores. Creio que será um jogo interessante, pois os águasantenses vão entrar em campo com o coração nas chuteiras, pois um título paulista seria a glória para um clube tão jovem.

Quanto ao meu Botafogo, apesar da SAF (Sociedade Anônima Futebol), pode apenas se sagrar campeão da Taça Rio, cuja única glória é poder disputar a Taça Brasil de 2024. É um título sem expressão disputado entre os clubes classificados do quinto ao oitavo lugares do campeonato do Rio de Janeiro.

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