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A batalha pela vida
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A semana que passou foi muito triste para mim, pois perdi dois amigos, cujas vidas foram ceifadas por esse maldito vírus chinês. Anselmo, eu conhecia desde os sete anos de idade, vizinho que era da minha avó, em São Paulo; César, morador de Serra, no Espírito Santo, foi meu amigo de juventude, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Apesar de me comunicar, sempre, com a sua irmã, o último contato que tive com Anselmo foi há mais ou menos um mês, por telefone; com César falava sempre pelo “Face”, ainda mais que ele estava na Comunicação Social, com um programa de calouros na TV local. Rômulo, meu primo irmão, faleceu há mais ou menos um mês, em Niterói.
Minha irmã e meu cunhado, desde a última quinta feira, 20, sem falar no meu caseiro e seu filho, também testaram positivos para a praga que veio da China. O mais angustiante é que meu cunhado, minha irmã e Anselmo já estavam vacinados com as duas doses e César iria tomar a segunda dose no dia em que foi internado. Meu caseiro tomou a primeira dose a mais de 15 dias. Aliás, alguns relatos mostram que mesmo com teste positivo pode-se tomar a vacina, pois esta vai aumentar o número de anticorpos contra a virose.
Casos de pessoas que contraíram o coronavírus, mesmo imunizadas, têm causado dúvidas acerca da eficiência das vacinas disponíveis. Afinal, estarei protegido contra a doença se tomá-la? Como explicar o caso de pessoas que foram internadas ou morreram mesmo após serem imunizadas?
Para entender essas e outras questões, é preciso saber, em primeiro lugar, que é possível contrair o coronavírus mesmo que já se esteja vacinado. Isso porque nenhum imunizante disponível, atualmente no mundo tem eficácia de 100% contra o vírus Sars-CoV-2, o que significa que algumas pessoas podem ser infectadas mesmo depois de tomar as duas doses, afirma Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
No entanto, grande parte das vacinas disponíveis previne casos graves e óbitos por Covid-19, desde que haja tempo para o organismo desenvolver a imunidade necessária, após a segunda dose. Não dá para esperar eficácia semelhante ao divulgado nas pesquisas com apenas uma dose ou antes do tempo sugerido pelos pesquisadores, explica o infectologista Rodrigo Mollina, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Mas, é possível que muitos adoeçam após tomarem a vacina por que como ela não previne a infecção, as pessoas podem ter Covid-19 e se contaminarem, se não houver tempo hábil para resposta do organismo à vacinação. E, apesar dos estudos apontarem que os imunizados podem ter sintomas mais leves, os casos graves que aparecem entre eles, geralmente, estão relacionados com pacientes idosos, cujas doenças prévias são pioradas com a Covid-19, ou entre doentes crônicos com diabetes, problemas cardíacos ou pulmonares, que têm seus quadros agravados enquanto a vacina ainda não fez efeito.
Poderia ser indagado o porquê de muitas pessoas morrerem após serem imunizadas; na maioria das vezes isso tem relação com outras doenças ou comorbidades existentes antes do diagnóstico de Covid-19. Essas pessoas costumam ter o sistema imune debilitado e, por isso, nos casos de óbitos entre pessoas que tomaram a vacina, deve ser levado em conta o histórico médico e de doenças, além do tempo de imunização. É importante avaliar cada caso, investigar as comorbidades e a faixa etária.
Na realidade, ao sermos contaminados, passamos a travar uma grande batalha que é a manutenção da vida. Como em toda guerra há pessoas que saem ilesas, outras feridas (no caso aqui, sequelas) e, infelizmente, aqueles que pagam com a própria vida. Se lamentamos a morte daqueles que não conhecemos, imagine a dos nossos amigos, parentes e entes queridos. É uma dor profunda que nos deixa tristes e sem palavras.
Rômulo, Anselmo, César, vocês deixam muitas saudades e um vazio enorme no coração de seus parentes e amigos, pois por mais que saibamos que a morte é uma consequência da vida, jamais nos acostumaremos a ela. Mesmo que as religiões tentem minimizar esse fato, nos prometendo a vida eterna. Descansem na paz do Senhor e zelem por nós.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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