Proposta de retorno às aulas presenciais divide opiniões em Friburgo

Assunto já havia sido abordado por A VOZ DA SERRA e gerou intenso debate
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
A reunião em que se discutiu o retorno seguro
A reunião em que se discutiu o retorno seguro

Conforme noticiado por A VOZ DA SERRA na última quarta-feira, 16, um grupo de pais e mães de alunos em Nova Friburgo se mobilizou para pleitear o que eles chamam de retorno seguro às aulas. Em suma, a ideia é que a educação passe a ser tratada como atividade essencial, de modo que possa ser feito um planejamento para o retorno opcional e híbrido (presencial e/ou online).

No mesmo dia o grupo se reuniu com o prefeito eleito, Johnny Maycon, para apresentar uma proposta nesse sentido. Para embasar os argumentos, do grupo, eles estavam na companhia de três infectologistas, uma pediatra e uma psicóloga, além de um representante de cada segmento educacional das escolas particulares de Nova Friburgo.

Para saber o que foi discutido no encontro procuramos a assessoria do futuro prefeito, Johnny Maycon, no entanto, até o fechamento desta edição não obtivemos retorno. Também ouvimos uma representante do grupo de pais e mães. Mariana Madeira, que é médica clínica geral e nefrologista e mãe de dois filhos, ressaltou que o encontro foi organizado para que seja iniciada uma discussão ampla para realização do retorno seguro às aulas presenciais.

“Solicitamos a reavaliação do atual plano de retomada das aulas que impõe a necessidade de 28 dias consecutivos de bandeira verde, enquanto praticamente todas as outras atividades foram liberadas. Abordamos as evidências científicas que norteiam o tema e os diversos comprometimentos físicos e psicológicos nas crianças relacionados ao longo período de exclusão social”, declarou Mariana.

Ela reafirmou que o grupo defende o retorno do ensino no sistema híbrido, de forma a contemplar aqueles que querem e precisam do retorno das aulas, porém, respeitando quem entende que ainda não é a hora do retorno presencial.

“Além disso, expusemos ao futuro prefeito o grave problema relacionado às escolas de bairros que estão enfrentando uma importante redução de sua clientela e sérios riscos de falirem, levando ao desemprego centenas de famílias”, alertou Mariana Madeira, que completou: “Por último, definimos os próximos encontros para darmos continuidade à discussão, de modo que o processo de reabertura seja feito com total segurança e de forma justa, sem que as crianças sejam prejudicadas”, disse.

Reportagem levantou debate

Após a publicação da reportagem que deu voz ao pleito de alguns pais e mães que desejam o retorno das aulas presenciais, o assunto gerou enorme repercussão na cidade. Somente na página do jornal no Facebook, até o final da tarde desta quinta-feira, 17, a publicação já havia recebido mais de 120 reações, 110 comentários e dezenas de compartilhamentos.

O assunto, polêmico, ganhou o apoio de dezenas de pessoas, mas também foi duramente criticado por pessoas contrárias ao retorno das aulas presenciais antes da estabilização da pandemia ou de uma vacinação em massa da população.

As opiniões favoráveis e contrárias

Entre os mais de 100 comentários, muitos foram favoráveis à solicitação, ou pelo menos ao início da discussão do tema. “O povo que está nos bares não nos representa. Igualar escola com bares não faz sentido. No bar você vai por opção. Na escola a presença não é opcional, é um dever. Então, por favor, vamos ser mais coerentes”, disse Gisele Gorita.

“A maioria das pessoas está indo trabalhar, a vida continua. Não sou a favor de ficarem em bares, mas será que ninguém viu que as crianças estão adoecendo mentalmente fora da escola? Sou a favor do esquema híbrido”, afirmou Juliana Latini, que completou: “Colégio não é só a parte acadêmica, tem muita coisa envolvida”, completou.

Por outro lado, a proposta também foi alvo de muitas críticas: “Um pai e uma mãe conscientes querem mesmo é a proteção de seu filho e familiares, e não colocar vidas em risco. O que ouvimos de profissionais da saúde é que existem muitas crianças sendo contaminadas por esse vírus maldito. E elas estão em casa”, afirmou Areane Brust.

“Discordo completamente. Não há segurança para essa volta, justamente no momento em que os casos estão aumentando assustadoramente. Perigo imenso para os alunos e também para os profissionais de educação e funcionários das escolas”, disse Beth Joy.

O que vale atualmente

Até que novo decreto seja publicado alterando novamente as regras sanitárias no município, continua valendo a determinação que suspende as aulas presenciais em Nova Friburgo até o próximo dia 31. Além disso, o Governo Municipal já divulgou também o “Plano de Retomada das Aulas Presenciais em Nova Friburgo” que entrará em vigor quando houver segurança para profissionais, alunos e famílias. O documento elenca uma série de parâmetros, orientações, e recomendações para todas as redes de ensino – públicas e particulares – de modo que o plano possa ser posto em prática assim que possível.

Já no âmbito estadual, a Secretaria estadual de Educação (Seeduc), através do secretário Comte Bittencourt, apresentou recentemente duas possibilidades de modelos de ensino para a volta das atividades escolares em 2021: híbrido (remoto e presencial, com turmas em sala de aula em dias alternados) ou somente remoto, a serem adotados de acordo com as recomendações do Comitê Científico e das autoridades de saúde. O retorno está previsto para fevereiro. 

 

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