Ainda considerada uma doença nova — para muitos —, o câncer de próstata é uma enfermidade que aflige o homem desde quando sequer havia como descrevê-la. O primeiro caso de tumor maligno em humanos data de 35 mil anos, e até hoje cientistas buscam pistas sobre a origem e os mecanismos de um mal não totalmente desvendado.
O câncer, e uma série de moléstias caracterizadas pela multiplicação anormal de células, acompanha a vida na Terra: a mais antiga evidência de um tumor maligno data de 350 milhões de anos e foi detectada no fóssil de um peixe. Em seres humanos, um neandertal de 35 mil anos, encontrado em Stetten, na Alemanha, é, até o momento, o primeiro paciente oncológico diagnosticado.
A área da paleoncologia foi criada na década de 1980 por um grupo de médicos egípcios e gregos, nacionalidades com tradição milenar no tratamento de câncer. Papiros dos tempos dos faraós e textos da época dos grandes filósofos traziam indicações de como lidar com a doença.
O interesse dos oncologistas nas pesquisas históricas sobre tumores malignos vai além da curiosidade. A expectativa é de que, do passado, surjam pistas a respeito do desenvolvimento de um mal que ainda aguarda ser decifrado.
Nos últimos anos, técnicas de imagem mais sofisticadas têm permitido detectar diversos tipos de câncer em múmias e humanos fossilizados. Há 5 anos, cientistas do Centro Senckenberg de Evolução Humana e Paleoambiente da Universidade de Tübingen, na Alemanha, anunciaram a descoberta do mais antigo caso de leucemia de que se tem notícia. Usando tomografia computadorizada de alta resolução, eles detectaram indícios da doença em um esqueleto de 7 mil anos pertencente a uma mulher que morreu com 30 a 40 anos.
De volta ao século 21, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que cerca de 1/3 das mortes por câncer se devem aos 5 principais riscos comportamentais e dietéticos: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física, uso de tabaco e de álcool. Portanto, devemos refletir seriamente sobre o significado do Novembro Azul e tentar conscientizar os homens a terem cuidados reais com a própria saúde.
O preconceito não pode ser obstáculo
O cuidado deve estar presente o ano inteiro, mas, mundialmente, o mês de novembro é dedicado a alertar para o combate ao câncer de próstata. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), um homem morre a cada 38 minutos por causa desta doença.
O diagnóstico precoce é a melhor forma de identificar o câncer de próstata, até porque alguns sintomas, como dor nos ossos, desconforto, vontade frequente de urinar e presença de sangue na urina ou no sêmen, só aparecem em um estágio já avançado.
Mesmo com a ausência de sinais, homens a partir de 50 anos devem procurar um médico para realizar exames preventivos. Pessoas que se encontram em grupos de risco, ou seja, com histórico da doença na família, negros e obesos devem ficar atentos já a partir dos 45 anos.
O tabu do toque retal
O tabu em relação ao exame de toque retal é uma das questões mais prejudiciais para o diagnóstico precoce e o consequente tratamento da doença. A cada dia 42 homens morrem em decorrência desse tipo de câncer e aproximadamente três milhões vivem com a doença, segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Datasus (2017).
Cerca de 20% dos casos de não conseguem ser diagnosticados através do exame sanguíneo (PSA). Daí a importância do exame de toque retal, que dura apenas 10 segundos, tempo que pode tirar um homem das estatísticas. O exame de toque retal permite que o médico avalie possíveis alterações na glândula, como o endurecimento, sendo o método mais preciso para a identificação de nódulos suspeitos.
Atenção para a alimentação
A campanha não se limita apenas a homens que já chegaram à idade do exame anual. O Novembro Azul chama atenção para o cuidado integral da saúde masculina ao longo de toda a vida. Muitos estudos apontam que uma vida saudável diminui as chances do desenvolvimento do câncer de próstata.
Evitar o consumo excessivo de gordura, principalmente a animal, e controlar o peso, auxiliam na prevenção da doença. É bem recomendada a ingestão de tomate, especialmente no câncer de próstata. Existe uma substância chamada licopeno, encontrada no tomate, que é um preventivo para próstata.
Aos pacientes que gostam de tomate, é recomendado o seu consumo e também do extrato de tomate, que é concentrado e tem um efeito profilático na saúde da próstata.
Esse é o tipo de câncer mais frequente entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele, ocorrendo geralmente em homens mais velhos - cerca de seis em cada dez casos são diagnosticados em pacientes com mais de 65 anos.
Próstata — É uma glândula do sistema reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas e se assemelha a uma castanha. Localiza-se abaixo da bexiga e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.
Sintomas — Na fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas e quando alguns sinais começam a aparecer, cerca de 95% dos tumores já estão em fase avançada, dificultando a cura.
Tratamento — Cerca de 20% dos pacientes são diagnosticados somente pela alteração no toque retal. Outros exames poderão ser solicitados se houver suspeita de câncer, como as biópsias, que retiram fragmentos da próstata para análise, guiadas pelo ultrassom transretal. O exame de toque retal e de PSA, são os principais meios para detectar a doença precocemente, quando as chances de cura são maiores e os tratamentos, menos invasivos. Converse sempre com seu urologista sobre o tema, tirando dúvidas e quebrando preconceitos.
(Fontes: UFF, Casa de Saúde São José, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Urologia)
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