Empresários defendem "flexibilização com responsabilidade"

CDL, Sincomércio, Acianf e Firjan regional enviam ofício a prefeito alertando para risco de falências e desemprego
quinta-feira, 07 de maio de 2020
por Jornal A Voz da Serra
Comércio fechado em Nova Friburgo (Fotos: Henrique Pinheiro)
Comércio fechado em Nova Friburgo (Fotos: Henrique Pinheiro)

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo (Sincomércio), a Associação Comercial (Acianf) e o conselho regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) encaminharam ao prefeito Renato Bravo, através de ofício, um pedido em nome dos empresários do comércio, solicitando que sejam adotadas medidas de flexibilização do comércio friburguense com vistas a evitar uma série crise no setor que pode resultar em falências de empresas e uma onda de desemprego. As entidades manifestaram sua preocupação diante a prorrogação da quarentena em Nova Friburgo decretada pelo prefeito para até a próxima segunda-feira, 11, a princípio. 

No ofício, assinado pelos presidentes da CDL e do Sincomércio, Braulio Rezende; Júlio Cordeiro, da Acianf e Márcia Carestiato (conselho regional da Firjan), é sugerida a retomada gradual das atividades observando as medidas de prevenção como higienização constantes das mãos, disponibilização de álcool gel, uso de máscaras por funcionários e clientes e a limitação da circulação de pessoas nas lojas para evitar aglomerações. 

No entanto, a classe e também a população friburguense necessitam saber ao saber qual o raio X da pandemia no município, como o número de leitos disponíveis para pacientes com Covid-19 e o funcionamento efetivo do Hospital de ampanha para se definir com clareza as medidas de flexibilização do comércio e demais setores e serviços que movem a economia local.  

De acordo com a CDL e o Sincomércio, empresários do setor têm se manifestado favoráveis à flexibilização para preservação das próprias empresas e dos milhares de empregos gerados por elas na cidade. Os empresários se mostram preocupados com o fechamento das lojas, pelo menos até o próximo dia 11, conforme determinado no último decreto municipal, e com eventual prorrogação deste prazo em decorrência da pandemia de Covid-19, mas asseguram que a posição está longe de subestimar o grave problema de saúde causado pelo coronavírus. Além da obediência a todas as normas de higiene nos ambientes de trabalho e de proteção aos empregados e clientes, os lojistas defendem a abertura do comércio em horário reduzido.

Opiniões de lojistas

Proprietário de lojas de calçados no Centro e em Olaria, Fabrício Marques Stutz opina que a prefeitura deveria permitir que o comércio retomasse as atividades, desde que se comprometesse a limitar a entrada de pessoas nos estabelecimentos e oferecesse a funcionários e consumidores máscaras e álcool em gel. Ele comenta que os clientes já pedem às empresas para serem atendidos.

“Apoio a flexibilização com responsabilidade, obviamente. Preciso pagar fornecedores e tenho demanda dos clientes pelos produtos. Observo que os supermercados estão lotados, há filas enormes nos bancos, então não faz sentido as lojas não atenderem dois ou três clientes por vez. Nós, empresários, só queremos trabalhar”, assinala.

Fabrício relata que suspendeu temporariamente contratos de funcionários, ampliou prazos com fornecedores e, ainda assim, se encontra apreensivo com o futuro dos negócios. Na visão dele, falta contrapartida oficial para superar a crise. “Até agora o governo não deu suporte aos empresários, que, no momento, não têm nada. A saída é a volta do comércio, com os devidos cuidados”, salienta.

Manoel Geraldo Müller, dono de quatro lojas no Centro, também ressalta que o comércio aberto não provocaria mais aglomerações do que as que vêm acontecendo nas filas de bancos e supermercados. Segundo o empresário, “a quarentena em Nova Friburgo se resume aos pequenos comerciantes”. Ele diz que enfrenta dificuldade imensa para manter em dia as obrigações de suas empresas.

“Penso que o comércio poderia funcionar das 12h às 18h e que nenhum empresário discordaria se a prefeitura sugerisse um expediente menor. É importante que as lojas abram, claro que seguindo as medidas de segurança contra a doença”, destaca. Marcelo Cintra se junta aos demais lojistas na queixa de que o setor leva sozinho a culpa de que acarretaria aglomerações, na hipótese de reabrir suas portas. Ele acentua que é impossível haver mais filas nas lojas do que as existentes hoje nos bancos. Dono de três óticas no Centro – adiou a inauguração da quarta em razão da pandemia –, Marcelo considera absurdo que seu ramo não conste nos decretos municipais como essencial, a exemplo do que ocorre em outras cidades do Estado do Rio.

“Particularmente, não entendo como as óticas ficaram de fora da autorização para funcionar em Nova Friburgo. Questionei isso à prefeitura, mas não obtive resposta. Em relação ao comércio de modo geral, acho que a flexibilização poderia ser implantada com conscientização. Os empresários deveriam ter atenção redobrada com as condições das lojas, horários e, se for o caso, com rodízio de empregados. Tudo para minimizar danos”, afirma.

Marcelo Cintra reclama igualmente da demora na liberação das linhas de crédito anunciadas pelo Governo Federal como ajuda emergencial às empresas. “O programa de auxílio no pagamento da folha salarial, que vai durar por dois meses, significa muito pouco. Os empréstimos não chegaram. Mesmo sem acertar com fornecedores e utilizando as ferramentas trabalhistas disponíveis, o comércio não tem mais recursos para sobreviver”, lamenta.

 

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