Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
A intimidade de uma reflexão
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
O poeta Solidade Lima, vencedor por duas vezes, na categoria poesia, do
Concurso de Literário Nacional Julio Salusse da Academia Friburguense de
Letras, nas 4ª. e 5ª. edições, em 2017 e 2018 respectivamente. Em 2020,
muito nos honra ter conhecimento de que Solidade foi vencedor do XVIII
Prêmio Nacional Fritz Teixeira Salles de Poesia, da Fundação Cultural Pascoal
Andreta, Monte Sião, Minas Gerais, com o poema A Íntima Chama.
Solidade Lima é amigo da nossa Casa, presente no grupo de amigos da
AFL no whatsApp.
Nosso poeta fez em a A Íntima Chama uma viagem ao seu interior. Com
essa poesia fui até o âmago da minha existência e abracei meus medos e
incertezas. Acredito que este percurso seja um dos maiores desafios de
qualquer vivente, cujo espírito está revestido por um corpo; a pele tem paredes
rígidas. Queremos, pois, a liberdade plena que vai além dos limites corporais;
possivelmente sejamos um espírito em experiência corpórea, o que nos faz
ansiar pela ausência de restrições. Além do mais, somos, sem dúvidas, o mais
imperfeito dos seres; enquanto inacabados, desejamos atingir a beleza, a
perfeição e a plenitude nos modos de ser e fazer. Como as experiências que
temos estão aquém das expectativas, esmiuçamos nossos ossos, conforme ele
disse, para compreender o hiato que sentimos diante de tudo; somos feitos de
hiâncias. Talvez, por isso, fazemo-nos escritores e produzimos, quase sempre,
ao nosso pequeno modo de olhar, o melhor dos textos. Construímos literatura
com primor para termos a sensação de que, pelo menos nas palavras,
conseguimos vislumbrar o nirvana idealizado.
Esta viagem provoca o encontro entre o sujeito, sujeitado que é, quem
gostaria de ser, como é percebido pelos outros e concebido pelo grande Outro.
É uma viagem, se espontânea ou não, que causa uma surpreendente
exposição da pessoa a si mesmo. Se amarga? A realidade objetiva apresenta a
verdade, e, por vezes, não queremos encará-la. Mas é uma reflexão
necessária para conseguirmos viver mais um dia. Para termos mais um
amanhã. Um modo de nos socorrermos? De nos salvarmos? Não mais do que
um esforço para aceitarmos os frágeis amores em tardes de céu azul. E como
temos momentos assim; ninguém é bela da tarde por longo tempo. Ah, como
precisamos nos esforçar para compreender nossas tantas e estranhas
metáforas.
Vivemos uma vida para conquistarmos certezas, já que a única que temos
é a morte; somos efêmeros e não admitimos sê-lo. Ninguém nos entende mais
do que nós, e quanto mais nós nos buscamos na vida, mesmo sentados na
varanda, observando-a passar, melhor nos conhecemos. Por isso precisamos
que uma íntima chama ilumine nossos tortuosos caminhos.
Deixo a vocês a profunda poesia de Solidade Lima para que possam se
adentrar. Sem medo e pudor.
Também um abraço em nosso amigo poeta.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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