Cinco dias após a denúncia feita com exclusividade por A VOZ DA SERRA sobre as condições precárias da Unidade Básica de Saúde (UBS) Ariosto Bento de Mello, no bairro Cordoeira, uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde esteve no local na manhã desta terça-feira, 10, para retirar tudo que estava, literalmente, abandonado no local, se deteriorando devido à ação das inúmeras goteiras e infiltrações que tomaram conta do imóvel, sem o telhado desde que a obra de reforma do telhado foi iniciada, em março de 2019. A obra foi paralisada quatro meses depois.
Nossa equipe de reportagem acompanhou parte da retirada dos equipamentos da unidade de saúde. Somente durante a manhã, duas kombis e dois caminhões baú deixaram o local lotados de equipamentos e materiais que podem ser aproveitados por outra unidade de saúde, ou ao menos devidamente preservados, até que a reforma do espaço seja concluída. Já à tarde fomos recebidos pelo vice-prefeito e secretário de Saúde, Marcelo Braune, que esclareceu detalhes sobre a polêmica obra e as medidas tomadas por ele desde que assumiu o comando da pasta.
“A gente vem apagando uma série de incêndios, tanto na parte administrativa, quanto nas unidades de saúde. São tantos assuntos prioritários que só conseguimos enxergar uma situação tão séria quanto essa da UBS Cordoeira em novembro. Imediatamente abrimos um processo administrativo para apurar as responsabilidades pelo que estava ocorrendo lá. Mas o mais grave não é a paralisação da obra, mas a direção do posto que não tomou os cuidados e precauções necessários para a preservação de tudo que estava lá dentro. Hoje (terça-feira,10) mesmo tentamos contato com a diretora do posto para que ela abrisse a unidade, mas não conseguimos encontrá-la”, afirmou Marcelo Braune.
De fato foi necessário arrombar o portão e a porta de entrada do posto de saúde porque a diretora não foi encontrada. Superado esse problema, foi iniciada a retirada de tudo que estava largado no local. Diversos itens tiveram que ser descartados, mas muita coisa foi aproveitada e ganhou destinação imediata.
Jogos e brinquedos foram doados à creche municipal Maria da Conceição Abicalil, que divide muro com a UBS. Lençóis em bom estado serão levados ao Hospital Maternidade, que tem essa demanda atualmente. Talões de prontuário médico, receituário e declaração de comparecimento serão redistribuídos às unidades de acordo com a demanda de cada uma. Tudo foi encaminhado para o galpão da Secretaria de Educação, no bairro Córrego Dantas.
Prontuários, fichas de atendimento, macas, mesas, cadeiras, longarinas, geladeiras, freezer, fogão, televisão, microondas, cadeira odontológica, compressores, ventiladores, armários, estantes, enfim, tudo que já poderia estar devidamente guardado e preservado foi, finalmente, retirado da UBS Cordoeira. Até alguns resultados de exames de sangue datados de 2017 também foram encontrados.
Questionado sobre o reinício das obras e quem arcaria com o serviço, já que o Ministério da Saúde informou que como o município “não inseriu nenhuma informação da execução no Sistema de Monitoramento de Obras (SISMOB) e não cumpriu o prazo para início do serviço, a obra consta como cancelada”, Marcelo Braune foi enfático: “O ponto final para esse assunto será a retomada das obras. Estamos com esperança que isso ocorra ainda esta semana. Hoje (terça-feira) estava agendada uma reunião do empreiteiro com o prefeito Renato Bravo para tratar disso. Esperamos que o mais breve possível essa obra seja concluída”, revelou o vice-prefeito e secretário de Saúde.
Marcelo Braune ainda concluiu: “Acredito que caso a gente não consiga rever esse valor vindo do Governo Federal, a verba oriunda da venda de ações da Energisa, na qual houve uma determinação do Ministério Público para que parte deste recurso fosse destinado à saúde, poderemos utilizá-lo para finalizar as obras da UBS Cordoeira”, esclareceu.
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