O Brasil, infelizmente, entra na lista da infecção pelo corona vírus

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Apesar de ser uma terra abençoada por Deus, na terça-feira, 25, o Brasil registrou seu primeiro caso de infecção por corona vírus. Trata-se de um brasileiro que estava na Itália, a trabalho e já desceu do avião com os sintomas característicos da doença, a saber, febre, irritação na garganta e tosse, coriza, dificuldades para respirar, aliás, em tudo semelhante a uma gripe comum. Mas, o diferencial é a frequência das infecções do trato respiratório baixo, com o aparecimento das pneumonias, casos mais graves e que podem levar à morte.

O brasileiro em questão veio da Lombardia, região norte da Itália, país que está registrando um grande surto da doença. Com a intensificação de seus sintomas, ele procurou o hospital israelita Albert Einstein, na capital paulista e os testes foram positivos para o SARS-CoV-2 (novo corona vírus). Apesar da positividade inicial foi feita uma contra prova, no Instituto Adolf Lutz, que confirmou, na quarta feira 26, tratar-se de uma infecção pelo novo vírus.

De acordo com a nota do Ministério da Saúde, o corona vírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente, denominado SARS-CoV-2) foi descoberto em 31 de dezembro de 2019 após casos registrados na China, mais especificamente na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, considerado o foco inicial da doença chamada de novo corona vírus (COVID-19).

Eles foram isolados pela primeira vez, em humanos, em 1937, no entanto, só em 1965 surgiu a denominação atual do vírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. A maioria das pessoas se infecta com os corona vírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a contraírem suas tipagens mais comuns, o alpha corona vírus 229E e NL63 e beta corona vírus OC43, HKU1.

As investigações sobre as formas de transmissão ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato, está ocorrendo. Qualquer pessoa que tenha contato próximo (cerca de um metro) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposto à infecção.

Apesar disso, a transmissão do corona vírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como: gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão; contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O período médio de incubação desses vírus é de cinco dias, com intervalos que podem se estender até 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde o contato inicial.

Talvez, o fato de só agora o Brasil estar sofrendo os efeitos dessa verdadeira pandemia, seja pelas condições climáticas, pois aqui no hemisfério sul, estamos no verão e as pessoas ficam mais fora de casa. Já no hemisfério norte é inverno, com temperaturas baixas o que obriga as pessoas a ficarem confinadas em ambientes fechados, propiciando uma maior propagação da contaminação.

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo corona vírus. Entre elas estão: lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool. Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Evitar contato próximo com pessoas contaminadas. Ficar em casa quando estiver doente. Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo. Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção). Como o carnaval já terminou, onde a concentração de pessoas é muito grande em função da frequência a blocos de rua, desfiles das escolas de samba e muita gente nas arquibancadas, e não foi registrado nenhum caso da infecção, é torcer para que esse caso de São Paulo seja um fato isolado. No entanto, as autoridades devem rastrear passageiros e tripulação desse voo que chegou em Guarulhos, pois o risco de novos casos é grande. O resto é torcer para que seja mesmo um caso isolado.

Aos primeiros sintomas, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde, pois tratamento precoce é fundamental para um pronto restabelecimento.

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