Suas emoções e sua saúde física

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A revista Newsweek, de 3 de outubro de 2005, publicou uma matéria de capa abordando o tema: doenças cardíacas e emoções. Mostrou que dieta e exercícios não são o segredo único e completo para a saúde cardiovascular. Muitas evidências em estudos científicos sugerem que o aspecto psicológico exerce influência importante nesta questão.

Em janeiro de 1994, às 16h30 houve um terremoto perto de Los Angeles. Dentro de uma hora, após o terremoto, e pelo resto daquele dia, o pessoal médico procurou ajudar pessoas aglomeradas ou bloqueadas dentro de edifícios que estavam assustadíssimas. Também houve uma onda de ataques cardíacos dentre as pessoas que haviam sobrevivido ilesas ao tremor.

Nos meses seguintes ao terremoto, pesquisas em duas universidades examinaram relatórios médicos do Condado de Los Angeles, encontrando incrível aumento de mortes cardíacas que pularam de 15.6 (média diária), para 51 no dia do terremoto!

A maioria destas pessoas que tiveram o ataque cardíaco tinha história de doença coronária ou fatores de risco tais como alta pressão arterial. Mas os que morreram não estiveram envolvidos em esforços de resgate e nem haviam estado sob escombros. Por que eles morreram? Um artigo na revista científica The New England Journal of Medicine explica que “o estresse emocional pode precipitar eventos cardíacos nas pessoas que são predispostas para os mesmos.” (Newsweek, p.50, Oct 3, 2005). Aquelas pessoas estavam extremamente assustadas!

Edward Suarez, professor associado de psiquiatria e comportamento humano da Duke University encontrou que 50% das pessoas que têm ataque cardíaco não têm alto colesterol. O risco de fatores sociais e psicológicos são tão grandes como a obesidade, o tabagismo e a hipertensão arterial para produzir ataques cardíacos. Pessoas com alto escore de testes que medem níveis de raiva, hostilidade ou depressão têm níveis duas vezes mais alto de proteína-C-Reativa, que é um marcador inflamatório correlacionado com risco cardiovascular.

Debra Moser, professora de enfermagem da University of Kentucky em Lexington apresentou no Congresso da Associação Americana de Cardiologia em 2004 o resultado de uma pesquisa envolvendo 536 pacientes que tiveram ataques cardíacos. Ela mediu níveis de ansiedade com teste psicológico de múltipla-escolha, verificando se as pessoas tinham ou não posteriores complicações como um segundo ataque cardíaco enquanto estavam no hospital. As que tiveram o mais alto nível de ansiedade medido nos testes foram quatro vezes mais propensas a sofrer complicações do que as com níveis baixos. 

Por outro lado, emoções positivas têm um papel importante para nossa saúde. Karen Matthews, da University of Pittsburgh, observou 209 mulheres com pós-menopausa saudável durante três anos. Ela encontrou que as mais otimistas tinham menos espessamento em suas artérias carótidas (que levam sangue para o cérebro). O resultado foi de 1% nas otimistas para 6.5% nas pessimistas.   

Dr. Dean Ornish, da California University em São Francisco, recomenda que as pessoas melhorem o relacionamento afetivo com os outros, busquem ser mais abertas, evitem solidão e isolamento social, manifestem compaixão, perdoem, exerçam altruísmo, serviço voluntário para a comunidade, procurem um grupo de apoio emocional se necessário, desenvolvam sua espiritualidade. Pessoas após um ataque cardíaco têm risco de morrer dentro de seis meses quatro vezes mais se permanecerem sozinhas e deprimidas, segundo Ornish. Na Yale University homens e mulheres que se sentiam mais amados e apoiados tiveram menos bloqueio em suas artérias coronárias._______

Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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