Solução para um carente emocional

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Novelas, romances e seriados enxarcam a mente das pessoas com a ideia de que conseguindo amor dos outros, tudo ficará maravilhoso, como se ao achar o “amor da minha vida” os problemas acabam. Isso não é realista e nem tem base na ciência.

Se você está infeliz e espera que um romance o salve, é provável que esteja esperando que seu cônjuge atenda a todas as suas necessidades, deve estar sobrecarregando-o com expectativas irrealistas, seu cônjuge sente que nunca consegue agradar você e talvez você esteja tentando mudá-lo. Isto pode produzir desilusão e levar você a fantasiar que um novo parceiro irá satisfazê-la melhor.

Ao buscar um novo romance para curar a sensação de infelicidade, sem entender onde você errou no relacionamento anterior, as chances de separar no segundo relacionamento é grande porque você repetirá as mesmas falhas do anterior.

Muito do que fazemos ou não fazemos na vida é ligado ao que está em nosso inconsciente. Muito de nossa vida mental nos empurra para este ou aquele tipo de pessoa. Por exemplo, se você viveu com um pai ou mãe que o depreciava, isto pode ter influenciado seu respeito próprio, sua noção de valor pessoal e mais tarde pode levá-lo a se relacionar com pessoas que irão abusar de você.

Portanto, é importante antes de sair à procura da pessoa ideal, do “amor da minha vida”, trabalhe consigo para amadurecer emocionalmente, corrigindo os erros em seu comportamento que prejudicam o relacionamento. O mais importante quanto a necessidade de receber amor não é procurar pela pessoa certa, mas fazer o melhor que puder para se tornar a pessoa certa.

Se você se sente infeliz no seu relacionamento afetivo atual, se quer melhorar, procure tudo o necessário, do que depende de sua pessoa, para investir em seu amadurecimento emocional, em vez de partir logo para outro relacionamento.

Muitas pessoas com desejo intenso por amor não tiveram boa nutrição de afeto na infância. Se isso não for trabalhado por elas, surgem decepções. Quem cresce com falta de afeto passa pela vida esperando que a ferida cicatrize achando que precisa de outros para se curar, quando, na verdade, a cura depende de autoaceitação e autorrespeito que se confunde com amor e aceitação de outras pessoas. Claro, não há nada de errado querer amor e aceitação externos, mas isto se torna complicado quando as expectativas de afeto são exageradas.

Pessoas carentes de amor colocam uma excessiva importância no afeto. Podem até pensar que nada mais importa. Já ouvi muitas dizerem que perdendo o amor de alguém, a vida não faz mais sentido. Estas têm dificuldade em deixar o afeto ir e vir naturalmente. Podem se tornar possessivas e controladoras com os que lhes dão afeto, fazendo isso para evitar sua própria dor. Porém, isso em geral leva a brigas ou separação porque exigem demonstrações constantes de afeto, estressando o relacionamento. Algumas podem se anular em nome de obter carinho do outro, fazem sacrifícios para agradar a pessoa de quem espera carinho. É verdade que o amor nos leva a nos sacrificar pelo outro, mas um carente de amor e romance pode fazer isso de forma extrema, ruim para ela. Carentes de afeto buscam isso nos outros para tentar preencher seu vazio pessoal. Vai ajudá-las aprenderem a amar a si mesmas, respeitar sua pessoa e aceitar seu vazio, considerando que não existe ninguém que possa preencher tudo o que desejamos.

Não existe nada de errado em querer um amor romântico. Ele faz parte da vida entre um esposo e uma esposa. Mas carências do passado infantil podem perturbar isso e levar à obsessão por afeto. Então, é necessário entender essa questão e trabalhar para que o passado carente não perturbe o presente em termos afetivos.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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