O que você quer no casamento?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 05 de março de 2020

Casamento é uma união de duas pessoas diferentes. Diferentes não só quanto ao gênero masculino e feminino, mas em relação à muitas outras coisas. A diferença entre o cérebro masculino e feminino é real. A mulher tende a usar a lógica com afetividade, enquanto que o homem usa a lógica com racionalidade. Por exemplo, a mulher abre a porta do guarda-roupas e se depara com mais de 20 vestidos, 30 saias, 35 blusas, 25 pares de sapatos (fora as sandálias) e diz ao marido: “Não tenho nada para vestir hoje!” Ela não diz isso usando lógica racional, mas emocional. Nesta frase dela existe um pedido oculto ao marido, que pode ser: “Me ajude a escolher?”

Outra diferença entre homem e mulher tem que ver com a imagem espacial. Geralmente mulheres dirigem veículos com muito mais cautela do que nós homens. Mas quando uma mulher para o carro numa esquina ou cruzamento para ver se pode seguir, a tendência é parar muito atrás, o que pode dificultar a visão dela sobre o tráfego na rua que ela quer entrar, ou parar muito na frente, o que pode atrapalhar os carros que passam ali na frente do carro dela. Ou quando está num supermercado e olha para as prateleiras à sua frente na procura de, por exemplo, certa marca de macarrão, a mulher diz: “Não tem a marca que eu quero!”. Mas tem sim, é porque está um pouco mais abaixo, ou mais à direita ou mais para a esquerda.  Isto não tem nada que ver com inteligência.

Outra coisa, a mulher em geral usa a linguagem como forma de ligação com as pessoas. É como se para fazer e manter o contato social teria que estar falando o tempo todo. Por isso, num casamento, quando uma esposa inteligente fica falando com seu marido sobre um assunto, tipo, onde passar as férias, ela comenta, levanta perguntas, fala de dúvidas, e o papel do marido é mais ouvir do que ter mesmo que dar as respostas das perguntas que ela mesma levantou, porque muitas vezes ela já sabe as respostas, mas faz perguntas do ponto de vista emocional e não racional, não para serem necessariamente respondidas pelo companheiro, mas para que ele fique ali com ela naquele “diálogo”.

Um dia a jornalista Ana Paula Padrão cobria as olimpíadas no exterior. Em certo momento, estando ao vivo, ela olhou para a paisagem local e exclamou mais ou menos assim: “Que lugar romântico!”. Se fosse um jornalista homem, mesmo sendo um indivíduo afetivo, dificilmente ele diria isso. Talvez iria dizer: “Que local lindo!”.

Mas agora vem uma pergunta para o homem e para a mulher sobre casamento. O que o homem quer no casamento? Ele quer o status do casamento ou a esposa? E o que a mulher quer no casamento? Ela quer o romance ou o esposo?

Muitos homens casados podem ficar mais ligados na ideia do que o casamento oferece para ele (comida, arrumação da casa, alguém para cuidar dos filhos, sexo) do que na pessoa da sua companheira. E mulheres casadas podem ficar mais ligadas na ideia do romance do que no fato de que ali na frente dela, convivendo sob um mesmo teto, existe uma pessoa, o marido.

Que problemas isto pode causar? No caso dos maridos, eles podem ficar fissurados na mulher como objeto de satisfação sexual, podem esperar que sua esposa seja boa “dona de casa” e faça os “serviços de casa”, sem valorizá-la como pessoa, como indivíduo. No caso das esposas, elas podem ficar obsessivas com querer romance e atenção, e podem não valorizar aquele homem, aquele indivíduo ali convivendo com ela.

É como se o sexo ou o desejo da “dona de casa” para o homem, por um lado, e a fissura da mulher por romance, por outro lado, fossem uma droga viciante, algo que sem o qual a pessoa pode ter “síndrome de abstinência”. Ou seja, ficar irritada, impaciente, nervoso, rabugento, ansiosa, ou triste, insone, frustrado e até agressiva ou agressivo.

O que é mais importante num casamento, o status de casado e o sexo ou a companheira? O romance idealizado ou o companheiro?

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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