Lidando dia a dia com a incerteza da Covid-19

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Estamos atualmente vivendo num mundo de muita incerteza com a situação de evolução rápida da Covid-19. Não sabendo o que ocorrerá adiante ou temendo se nós ou um dos membros de nossa família poderá adoecer, é cabível surgir ansiedade e medo. 

Devemos agora adaptar nossas rotinas diárias para incluir distância social, trabalhar em casa e para muitos limitar o contato direto com aqueles que amamos. Em função deste momento de isolamento, queremos prover a você algumas dicas para ajudá-lo a lidar, prestando atenção particular à sua saúde emocional e bem estar. 

Seja você um paciente, cuidador, membro do staff do hospital ou de família recentemente enlutada, estas dicas podem ajudar a administrar a incerteza, a ansiedade e o medo.  

Crie uma rotina – isto provê uma estrutura para seu dia e aumenta seu senso de controle. Tenha como alvo levantar-se cada dia no mesmo horário. Planeje seu dia com “pedaços” de tempo – para as refeições, trabalho, estudo, exercício, trabalho doméstico e conexão on line com amigos e familiares. Escreva diariamente uma lista dos “para fazer” e assinale como “feito” na medida em que você completa a tarefa.

Permaneça conectado – isto é especialmente importante já que agora temos que limitar nosso contato pessoal com os outros. Aumente o uso de tecnologia para ficar em contato com aqueles que você veria pessoalmente. Use recursos on line com modalidades de vídeos porque ver outros realmente aumenta a sensação de conexão. Comece um chat (conversa) com um grupo familiar, de amigos ou com seus vizinhos como uma forma de entrar em conexão. Convide seus amigos para uma reunião social on line. Procure se comunicar mais regularmente pelo telefone ou por texto com aqueles que estão mais isolados, como os idosos ou pessoas que vivem sozinhas. 

Coloque atenção no seu autocuidado – isto é ainda mais importante em tempos de aumentado estresse e vulnerabilidade. Pratique maior higiene, especialmente lavar as mãos com sabão. Atente para uma boa nutrição na medida em que o estresse causa impacto no seu desejo de comer. Ouça música. Faça algo criativo. Exercite sua mente e aprenda algo novo. Tente usar um aplicativo sobre relaxamento. Comece uma lista de gratidão escrevendo cada dia sobre o que você é grato hoje.

Limite sua exposição à mídia – isto é uma coisa que você pode controlar. Se prenda a fontes confiáveis de informações sobre a Covid-19, tais como a Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde ou agências governamentais locais. Limite a quantidade de tempo que você ouve e vê as notícias cada dia – especialmente se existem crianças em sua casa. Tente restringir a observação de notícias para um horário regular agendado do seu dia. Somente encaminhe informação para outros que venham de uma fonte confiável. 

Verifique seu pensar – o modo como pensamos afeta a maneira como sentimos e nos comportamos. Examine seu pensar fazendo a si mesmo algumas perguntas simples: Está meu modo de pensar contribuindo para minha ansiedade ou estresse? Que pensamentos estão me deixando mais estressado? Como mudar meu modo de pensar para meu bem estar? Escreva seus pensamentos preocupantes e suas respostas para as perguntas acima e tente se ater aos fatos, e faça este exercício conversando com alguém. 

Aproxime-se – não sinta medo sozinho. Telefone para um amigo. Telefone para um serviço comunitário de ajuda. Tente falar com um conselheiro pelo telefone. Procure informações de organizações confiáveis sobre suas preocupações particulares, por exemplo, como falar com crianças ou pais idosos sobre a Covid-19.

Este documento é somente para fins de informação. O conteúdo não tem a intenção de substituir um conselho, diagnóstico e tratamento de profissional médico. Sempre procure o conselho de seu médico ou outro qualificado prestador de serviço de saúde com qualquer pergunta que você possa ter quanto à condição médica. 

Obs.: O texto acima é de um psicólogo do Departamento Psicossocial de Oncologia e Cuidado Paliativo do Instituto do Câncer Dana-Faber, da rede de hospitais da Universidade de Harvard, nos EUA. É uma tradução livre editada que fiz e as recomendações são do documento original.

 

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