Lidando com a angústia no Ano-Novo

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

O filósofo S. Kierkegaard escreveu dizendo que aquele que aprendeu a lidar com sua angústia, aprendeu o mais importante: Lidar com a angústia. Sabe o que é isso?

Poucas semanas após a eleição recente para presidente do Brasil, um conhecido meu de Brasília fez contato comigo me pedindo para atender um deputado federal famoso, seu amigo, que estava entrando em depressão pela derrota do seu candidato à presidência. Ele estava muito angustiado e parecia que começava a entrar num estado depressivo.

A sensação de impotência produz angústia. E às vezes a angústia é um sentimento que vem misturado com tristeza. Angústia gera aflição e tristeza gera desânimo. É ruim e desagradável se sentir impotente diante da injustiça, da impunidade, do abuso de poder de magistrados, políticos, empresários que manipulam a opinião pública e também destroem pequenos empreendedores talvez, também, por ajuda de sociedades secretas. Quando uma pessoa bem informada vê que há tanta coisa ruim que já acontece e que se vislumbra que acontecerá, isso pode gerar um estado emocional doloroso, e caso a pessoa não encontre uma saída para sua angústia e tristeza, ela pode entrar em depressão pela perda da esperança.

Dói pensar que a sociedade será muito afetada pela ideologia que fala do “bem comum”, envolvendo este “bem comum” o controle, a castração da liberdade, cheio de conflitos de interesses não só econômicos, mas, e principalmente, ideológicos. Machuca pensar em injustiças sociais não só praticadas pela liderança política de um país, qualquer país, como pela ignorância de boa parte da população que tendo a faca e o queijo nas mãos em termos de escolha de seus governantes pela eleição, decide erradamente, influenciada pela manipulação da opinião pública produzida por poderosas redes de comunicação que são, na verdade, dúbias, jogando para este ou para aquele lado conforme o interesse do momento, interesse econômico e de liberdade transgressora de princípios saudáveis de conduta.

Outro dia li uma frase interessante que dizia: “Impotência não é desamparo.” Somos impotentes diante de males que nos afligem ou atingem nosso país e que ocorrerão nos próximos anos no mundo, quanto mais nos aproximamos da “agenda 2030” quando será imposta uma nova ordem social mundial conforme o interesse e desejo dos poderosos desse mundo, liderados pelo poder, que, conforme descreve o apóstolo Paulo em sua segunda carta aos Tessalonicenses, capítulo 2 e versículo 4: “... aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto e tomar lugar no Templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus.” (Bíblia Ave Maria).

Impotência não é desamparo. Somos amparados por aqueles que nos ajudam. E há os que nos ajudam. Aceitar a impotência diante da injustiça social não é o mesmo que ficar desamparado e omisso diante da dor social. Fazer o bem é o melhor remédio contra este e outros tipos de injustiça. A resposta está no bem e não no revide do mal com o mal que se apossa de poder em nome de um amor equivocado. O mal tem seu limite. Ele não avançará nem mais um segundo e nem mais um milímetro além do que também está estipulado. A vida cobra o bem. O tempo mostrará o bem e o mal, de forma que ficará claro para todo o Universo esse assunto de justiça e injustiça. O desafio é ter força para esperar e suportar a dor, e evitar ser conivente na prática da injustiça.

Aceitar a impotência diante da injustiça de um povo, de um governante, de um conhecido ou parente, é o primeiro passo para o alívio da angústia e da tristeza. No Ano Novo que começa, levantemos a cabeça com humildade, mas com esperança. Não com arrogância que pode se manifestar por frases tipo “que venha o novo ano”. Não há justiça nesse mundo mal, portanto a saída não é a direita, a esquerda, o centro. A saída é de cima. Bom Ano Novo com a força de cima para lidar com a angústia e a tristeza, até que a justiça surja e acabe de vez com a mentira, a fraude, a corrupção e a maldade de baixo! Não vai demorar.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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