Forçar a barra

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Li um pensamento que diz: “Quanto mais eu forço as coisas, mais dura fica minha vida.” Forçar é diferente de esforçar. Forçar é querer controlar, enquanto que esforçar é se empenhar em fazer uma tarefa.

Alguns de nós somos tendentes a querer controlar as coisas e até as pessoas. Isso aumenta a tensão, a preocupação e o estresse interno (pessoal) e externo, no relacionamento com os outros.

Procurar entender de onde vem sua tendência para controlar, é um bom primeiro passo para a recuperação que alivia o peso na vida. Talvez você cresceu se sentindo inseguro por dificuldades em se sentir amado, aceito e valorizado. E essa insegurança pode estar empurrando você para querer controlar tudo na ideia de que o controle resolve a insegurança e o que faltou emocionalmente. Não resolve. A insegurança emocional pode ser resolvida com aceitação das suas limitações, perdas, sem revolta. Tem que ver com perdoar pessoas que não conseguiram lhe dar a nutrição afetiva que produziria segurança. E tem que ver com valorizar sua pessoa pelo que você consegue ser e fazer, mesmo lutando com a sensação de insegurança.

Esta carência (real ou imaginária) pode estar há anos causando em sua pessoa uma sensação de abandono, de falta de identidade. Mas é possível romper esse padrão de comportamento para que a vida se torne leve, sem você ter que forçar as coisas para que se tornem como você quer. Importante entender que não temos poder de controlar outra pessoa. Nesse caso cabe pensar que ela vai ser o que ela consegue ser e não o que você queria que ela fosse.

Procure pensar e detectar que coisas em sua vida você está tentando forçar a barra, especialmente no sentido de atitudes de manipulação de pessoas e também de forçar a si mesmo sem se permitir relaxar e descansar. Decida interromper este comportamento seu. Abra mão de querer controlar. Evite ficar obsessivo quanto ao comportamento de outra pessoa e se volte para viver sua vida, um dia de cada vez.

Vai ficar mais leve sua existência. As pessoas com quem você convive se sentirão mais à vontade com sua presença. Isso pode facilitar o afeto delas chegar até você e, até certo ponto, melhorar algumas de suas carências. E você pode conseguir gostar mais de si de forma não egocêntrica.

Você não precisa controlar ninguém hoje. Controlar é uma ilusão e acabar com a ilusão é um grande passo para encarar a realidade e aprender a viver com ela de modo melhor. Não somos deuses. Não podemos tudo. Não conseguimos tudo dos outros, mesmo dos que nos amam de verdade.

Comece agora mesmo a desmontar seu jeito de ser controlador ou forçador de barra em qualquer sentido que isso existe em sua vida. Sente no banco do carona. Olhe para as montanhas. Faça seu melhor, se esforce para praticar hábitos saudáveis, e para de forçar a barra. É aliviante.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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