Faça algo hoje para aliviar a dor de alguém

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Nesta existência não dá para não ter dor. Geralmente o bem estar vem depois da dor e não sem ela. Parece que para todos nós, seres humanos, o prazer vem depois da dor, depois do sofrimento. Mas a dor volta. O que sentimos de bom passa. Mas o que sentimos de ruim, também passa. Mas volta.

Já atendi gente famosa, artistas de TV, músicos, compositores. Eles aparentam para o público só ter felicidade, fama, sucesso, dinheiro, mas a verdade, por detrás dos bastidores, é que eles têm dores difíceis, boa parte com casamentos destruídos, divorciados, um filho para cada canto, alguns são dependentes de drogas. Dor.

Philip Yancey em seu livro “Onde está Deus quando chegar a dor”, na página 52, escreveu: “Se eu gastar a vida procurando a felicidade em drogas, conforto e luxo, terei enganado a mim mesmo. ... A felicidade virá a mim inesperadamente, como subproduto, como surpresa adicional, depois de eu ter investido a vida em alguma coisa de valor. E, provavelmente, esse investimento terá incluído a dor. Sem ela, é difícil imaginar o prazer.”

Investir sua vida em algo de valor. Mas é incrível como que uma boa parte da humanidade mergulhou no materialismo na ilusão de buscar a felicidade com mais uma casa, mais uma filial da empresa, mais um milhão na conta bancária. E para conseguir o crescimento econômico, se apela para tudo, propinas, sociedades secretas, manipulação da notícia, conflito de interesses entre empresários e políticos. Como me disse o esposo de uma cliente que eu atendia se referindo ao mundo corrupto na área dele, ele que era um empresário bem sucedido na área imobiliária de uma grande cidade do Estado de São Paulo: “É tudo uma nojeira!”

Também conheci um ambientalista que me disse que recebia ameaças de morte porque defendia o meio ambiente de regiões onde os megaempresários do ramo de construções queriam destruir para levantar seus empreendimentos imobiliários.

Quanto sofrimento o povo experimenta e que poderia ser eliminado pela liderança política, se fossem pessoas realmente comprometidas com o alívio da dor humana! Yancey comenta: “O sofrimento é uma mensagem geral de advertência a toda a humanidade de que algo está errado com o planeta e de que precisamos de uma intervenção externa radical.” (p.76). A saída não está dentro, está fora da humanidade.

Nem sempre o mal é punido nessa vida, e por isso os corruptos seguem em suas vidas devassas impunes. Só para citar um exemplo: um líder político corrupto se torna membro de uma comissão de ética! Isso é o mesmo que colocar o lobo para tomar conta do galinheiro. Quem pode mudar isso?

A dor continua. A pandemia pode arrefecer, mas virão novos problemas sociais de sofrimento piores. Não se pode acabar com o sofrimento na impunidade, na exaltação de pessoas de caráter no mínimo duvidoso, e a mídia não cansa de fazer isso. Certa vez li que uma boa maneira de você exaltar a si mesmo é exaltar outra pessoa ou instituição que, no fundo, talvez não mereça elogios. A mídia vive exaltando pessoas famosas dúbias, que têm uma vida privada cheia de complicações ligadas a comportamento disfuncional e, pior, violando a lei, dos homens e de Deus. Mas o povo aplaude. Parece que esquece a corrupção de um líder. Depois o reelegem. Como entender isso? Tantos anos de ditadura e agora com tantos anos de democracia com eleições, ainda não aprendemos? Onde está o problema que causa tanta dor na população?

O problema está no caráter das pessoas. Nossa maior luta é contra nós mesmos, conta nosso eu egoísta, orgulhoso, desonesto, que sempre quer levar vantagens para benefícios pessoais. O problema está no coração, e Jesus disse que é dele que procedem tudo o que contamina a vida, as relações sociais, gerando dor e sofrimento.

Você pode fazer sua parte fugindo da corrupção em sua vida pessoal e praticando algo, dia a dia, que produzirá alívio da dor de alguém, não só de sua família, mas de qualquer ser humano. Dê de si mesmo para ajudar outro indivíduo. Isto produzirá bem estar na pessoa que recebe sua ajuda, e em você mesmo. Você pode fazer algo, simples que seja, hoje mesmo para diminuir a dor de alguém. Faça isso, mesmo com alguma dificuldade, e verá que o alívio de seu próprio sofrimento virá em seguida.

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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