A vida é um sopro

Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

A vida é um sopro. Como essa frase tem soado familiar ultimamente. E como faz sentido. Quando o “combo” reflexivo que envolve as dores das perdas, do medo do que poderia ter sido e não foi, da consciência de que a vida passa, de fato, muito rápido, que o tempo realmente não volta e que todos aqueles conselhos de avós que ouvimos quando crianças nada mais são do que a expressão da vida real com a qual invariavelmente nos deparamos, muitas vezes pensamos: precisamos ser felizes. Hoje.

O conceito de felicidade é tão flutuante e complexo, quanto relativo. É típico imaginarmos que “com saúde está tudo ótimo”. Viver sem dor, não enfrentar um diagnóstico triste nem tampouco um tratamento difícil, estar com todas as taxas indicadas no exame de sangue em dia, vida transcorrendo perfeitamente, sem nenhuma enfermidade é, de fato, uma existência à beira de um oásis. Contudo, pergunto: basta ter saúde plena para que o indivíduo se sinta verdadeiramente feliz? Quantas pessoas em perfeitas condições de saúde reclamam noite e dia da ausência de dinheiro, amor, da beleza, do dia cinza, do amigo que não respondeu à mensagem, do sapato que não comprou e sentem-se infelizes? A perspectiva é completamente diferente quando a pessoa encontra-se acamada, por exemplo.

Qual seria o pacote ideal de desejos? Nesse universo compelido pelas redes sociais em que consumimos diariamente a felicidade alheia de forma escancarada, para todos os gostos, o desafio parece ser ainda maior. Se a metade vazia do copo, a razão daquele estado de espírito da tristeza for a falta do amor, a solidão, a sensação de distanciamento de um par para amar, com alguns cliques e a expressão do amor se fará na tela do celular ou do computador. Felicidade alheia. Se é a prosperidade o valor mais almejado da vez, também as redes sociais podem se encarregar de apresentar diversas formas de que o dinheiro não deixou de circular, de que as pessoas estão consumindo, investindo, realizando. Se basta o físico ideal, a aprovação no concurso, o acesso à determinada universidade, a aquisição e um carro novo, seja o que for, as redes sociais também podem fomentar o desejo e afastar o indivíduo da realidade da sua própria vida.

No fundo, para muitos ainda há de chegar um dia em que se perceberá que a felicidade, aquela felicidade mesmo, com f maiúsculo, não se compra, não se posta, não se vende. Felicidade genuína não se faz com marketing. Se faz com experiências. Com sentimentos. Com o rastro de luz que carregamos conosco ao longo da nossa vida. Que as expectativas da sociedade não existem para serem necessariamente atendidas. Que não apenas em par é possível vivenciar e vivificar o amor. Dá para ser ímpar. E ser feliz! Amor próprio, sabe?

A felicidade real é a busca nem sempre sã, nem vã. Mas necessária. O ser feliz nem sempre é possível. Mas não há beco sem saída que resista a uma expectativa de felicidade. Felicidade é também escolha. 

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Paula Farsoun

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Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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