O amor que a saudade guarda

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 07 de novembro de 2022

Escrevo esta coluna no dia de finados com o livro “Meu Amigo Partiu” nas mãos, de Andrea Viviana Taubman, delicadamente ilustrado por Sandra Ronca, ambas amigas que guardo com carinho no coração. Cada palavra minha retrata a saudade que sinto por aqueles que partiram, pessoas que amei e por quem fui amada. Cada palavra minha é uma rosa que lhes ofereço com o melhor do meu afeto, principalmente a meu filho amado a quem gostaria de dar uma rosa amarela, cor de sua preferência, e ao filho da Sandra Ronca. 

Andrea escreveu “Meu Amigo Partiu”, Centro de Estudos Vida & Consciência Editora, em homenagem ao melhor amigo de sala de aula do seu filho, vítima da tragédia em 2011, que ocorreu em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Nós três, unidas pela literatura, fomos tocadas pela perda. Hoje é o dia do ano em que nos recolhemos para homenagear pessoas que nos deixaram e contemplar as histórias de amor que com elas tivemos.

A literatura nos abraça com belos textos que mostram que a vida termina, como “A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver”, Editora Sextante, em que a médica Ana Cláudia Quintana Arantes, geriatra e gerontóloga, com pós-graduação em Psicologia, narra sua experiência com pacientes terminais. E “É de Morte”, editora FTD, em que Flávia Savary escreve contos juvenis para abordar a morte. 

Li esses livros querendo entender a morte e para melhor aceitar a ideia que a vida é finita, haja vista que é um dos mais difíceis entendimentos que alguém possa ter. Penso que talvez seja necessário viver anos e anos para aceitar com firmeza e desprendimento de espírito essa certeza imponderável.

Por outro lado, é bom pensarmos nas relações que estabelecemos com as pessoas que partiram, revermos como estivemos ao lado delas e como contribuíram para a construção do nosso destino. É bom recordar os fatos até para interpretar os momentos difíceis que com elas tivemos e chegar a conclusões que venham a melhorar nossos modos de viver. É bom orarmos pelos mortos porque a religiosidade nos ensina a respeitá-los e a aproveitar o legado que nos deixaram. 

Hoje é o dia de acenarmos a eles com alegria por tê-los tido em nossas vidas.  Certamente, em um tempo futuro também não estaremos mais aqui. Quando eu partir, confesso, gostaria de receber acenos calorosos dos vivos para fortalecer minha caminhada espiritual. 

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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