A protuberância abdominal

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Mais conhecida como barriga, a circunferência abdominal aumentada, tem um papel importante na história de uma série de doenças. Seu valor de referência está entre 80 e 85 centímetros nas mulheres e 90 e 95 cm nos homens.  Protuberância abdominal aumentada é conhecida também como obesidade em pera, em que as extremidades são mais magras e a região ventral distendida. Muito associada ao “estar bem de vida”, já que muitos acreditam ser sua presença um sinônimo de riqueza, a barriga é fonte de preocupação para os endocrinologistas, cardiologistas e ortopedistas, mas também para muitos alfaiates e modistas.

Além da deposição, em grande quantidade, de gordura na parede abdominal, que é a parte visível da barriga, acontece, também, um aumento da quantidade de gordura nas vísceras (órgãos). Chamada de visceral ou intra abdominal, ela é invisível, porém muito mais perigosa. Poderíamos fazer uma comparação com um iceberg: a parte submersa, invisível, é pior, para a navegação, do que aquela que fica acima do mar. Um dos órgãos que mais sofrem com essa deposição de gordura visceral é o fígado, que quando não tratada pode desencadear, a longo prazo uma cirrose hepática.

Sabemos hoje, que a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças cardiovasculares e o próprio câncer podem ter, entre suas causas, o aumento da gordura visceral. Muitos trabalhos feitos em vários centros de estudo, no mundo inteiro, mostram que o infarto agudo do coração é três a quatro vezes mais frequente nos obesos do que nos magros, assim como nos sedentários em relação aos que fazem exercícios. Citei, também os ortopedistas, pois a obesidade é um fator de alterações articulares importantes. Nossas articulações não estão preparadas para suportar grande quantidade de peso. Daí, que uma campanha do “Abaixo a Barriga”, não seria piada, mas uma necessidade.

A circunferência abdominal, como já foi dito, é considerada normal nos valores de 80 a 85 centímetros, para as mulheres e 90 a 95 centímetros, para os homens, sendo medida com uma fita métrica comum, numa linha que passa pela cicatriz umbilical e pelas cristas ilíacas superiores (aquela ponta de osso que temos do lado do abdome), de preferência com a pessoa deitada.

Quando esses valores são ultrapassados, o especialista sabe que seu paciente entrou na faixa de risco, não importando a idade. A diferença está no fator tempo, pois o jovem, em princípio, levará mais tempo para desenvolver suas lesões, ao passo que o idoso pode ter problemas muito mais cedo. Aliás, essa premissa começa a mudar, uma vez que a idade para o infarto vem baixando, a ponto de não ser incomum conhecermos pessoas que enfartaram com 35 anos de idade ou menos.

Se por um lado a vida moderna trouxe uma melhora no dia a dia das pessoas, por outro, fez surgir uma série de problemas, que em última análise, levam a um comprometimento da saúde. Seja nos fast-foods, com suas altas taxas de gordura; seja na diminuição da atividade física, não somente pela “falta de tempo”, mas, principalmente, na modernização dos serviços, fazendo o homem se deslocar menos; seja no stress a que estamos submetidos, é preciso que alguma coisa seja feita para que o homem possa usufruir a modernidade, sem comprometer sua saúde. Um exemplo típico é o do telefone. Nos seus primórdios, como eram poucos, as pessoas tinham que se deslocar para poder utilizá-los. Posteriormente, cada casa tinha o seu telefone e, em muitas, a extensão. As pessoas passaram andar menos. Com o celular ninguém mais anda, pois fala-se sentado ou deitado.

Uma programação que inclua atividade física diária, alimentação saudável e uma atenuação do stress, certamente levara a uma perda de peso, a uma diminuição da cintura abdominal e uma melhora na expectativa do tempo de vida, com diminuição dos riscos cardiovasculares e prevenção do diabetes, assim como uma estabilização da pressão arterial. São medidas simples, cuja execução pode significar um aumento brutal na nossa qualidade de vida. Sem falar que hoje existem medicamentos que atuam não só na diminuição da circunferência abdominal, como na diminuição ou mesmo desaparecimento da gordura hepática.

Tudo isso é possível, desde que se tenha conhecimento do problema e vontade de resolvê-lo. O que não falta hoje são academias de ginástica e locais para uma boa caminhada. Portanto, mexa-se, cuide bem da sua saúde.

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