O desabafo histórico da filha do médico do presidente

Max Wolosker

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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Achei muito interessante esse desabafo, encontrado nas redes sociais e publicado no Jornal da Cidade online, na edição da última sexta feira, 7, da filha do médico que operou o presidente Jair Bolsonaro, quando da facada recebida em Juiz de Fora-MG, durante a campanha eleitoral de 2018, para a presidência da República, o qual publico aqui:

“Às pessoas honradas

Meu pai é o médico do Bolsonaro e estão mentindo e falando um monte de absurdos a respeito dele, e isto é muito injusto e gostaria de passar a versão real dos fatos.

Meu pai, dr. Antônio Luiz Macedo, é médico e faz desde cirurgias simples até complexas, como câncer do aparelho digestivo; não é um oncologista, e, sim, um cirurgião gastroenterologista. A facada foi real e causou sequelas que provavelmente acompanharão Bolsonaro pelo resto da vida.

As cirurgias foram complexas, apesar dele ter conseguido retirar a bolsa de colostomia, mas sobraram inúmeras aderências que eventualmente causam sub-oclusão; então, de fato, ele passou mal. Não é um atestado médico, é real. O presidente teve de ser sondado (sonda nasogástrica) e se encontra em tratamento clínico e observação para ver se o intestino dele volta a funcionar sozinho.

Não se sabe ainda se precisará de uma nova cirurgia, mas meu pai acredita que provavelmente não. Em casos como o do presidente, são comuns estas sub-oclusões e provavelmente se repetirão.

Meu pai acidentou-se aos 12 anos e teve uma paralisia facial. Sofreu muito e é um vencedor, alguém que se fez sozinho na vida. Faz em média 600 cirurgias por ano, opera pessoas de graça também, e tudo que conquistou foi por mérito dele. É um workaholic que sacrificou a vida e o convívio conosco pela profissão.

Não tira férias e, às vezes, viaja na semana de Ano Novo para descansar. Está sempre 24 horas no hospital. Sai de casa às 6h da manhã e volta meia-noite/1h da madrugada, de domingo a domingo. Ele não descansa, trabalha direto a semana inteira. Viajou com o dinheiro dele, não do governo. Nunca utilizou verba pública, nunca recebeu favor algum do governo.

É um cidadão sério que estava em Nassau, Bahamas, Caribe, e de lá não saem voos todos os dias; só às terças e quintas. Como era urgente, ele precisou sair na terça de lá; então, o hospital em que trabalha enviou o avião para buscá-lo. Não foi avião da FAB, não foi avião pago pelo governo, nada disso.

Meu pai tampouco estava nas Maldivas, nem no prostíbulo Bahamas. Pagou a viagem a Nassau com o dinheiro dele, como fez e faz em tudo na vida. Aliás, eu que organizei esta viagem.

E meu pai teve que voltar porque foi ele o cirurgião que mexeu na barriga do presidente Bolsonaro, que é uma barriga difícil em virtude da facada e de todos os procedimentos posteriores ao qual foi submetido.

Então, caso se tornasse cirúrgico, nenhum assistente dele, se sentiu apto a operar, a cuidar do presidente sem meu pai. Foi isso. Não existe qualquer mentira ou segredo. Tem exames, laudos, tudo das cirurgias. Aliás, meu pai nunca recebeu um real por ter tratado do Bolsonaro, jamais cobrou nada. O governo, nem ninguém, nunca pagou nada a ele.

Então, eu acho muito triste que coloquem a honra e o caráter dele em xeque, misturando política com medicina. De fato, na época da outra eleição, o então candidato estava fragilizado e não tinha como participar de debates. Não foi nenhum golpe, apenas conduta médica que ele achou pertinente, no momento.

Política e ideologias à parte quer acreditem ou não, houve uma facada que trouxe sequelas, e, eventualmente, este quadro poderá se repetir, mas as pessoas são tão ignorantes que não pesquisam, não se informam, julgam sem saber da parte técnica.

Gente, as pessoas são tão fanáticas que desprezam a vida dos outros, a saúde, por ideologia e política. Ofendem um médico que é um orgulho para o país, não um marqueteiro, político, e, sim, uma pessoa reconhecida internacionalmente pelos feitos na medicina.

Só para finalizar: quando ele era jovem e tinha entrado na faculdade, um professor disse ao meu pai que ele jamais seria um cirurgião devido ao defeito na face, que deixou um olho dele com a necessidade de usar um pesinho para fechar. E este mesmo professor, anos depois, foi operado por ele e teve a vida salva.

Que país é esse em que não valorizam uma história linda de superação e se atentam a ofender e ridicularizar um defeito no rosto que tanto trouxe tristeza e sofrimento para ele e para todos nós, sua família!”

Beatriz Macedo Lopes

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