Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Mais um crime ambiental se delineia em Friburgo
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Da mesma maneira que o condomínio Eduardo Guinle, autorizado pela prefeitura, durante o governo de Rogério Cabral, foi um crime, mais um atentado se perpetra contra a já sofrida cidade de Nova Friburgo. De acordo com reportagem de A VOZ DA SERRA, publicada na edição do último dia 20, “a responsável pela licença ambiental que poderá permitir a derrubada de 12.560 metros quadrados de Mata Atlântica para a construção de um condomínio entre os bairros Tingly e Suíço, no centro de Nova Friburgo, a Superintendência Rio Dois Rios do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a solicitação de autorização para supressão de vegetação nativa do bioma em questão ainda está em análise”.
De acordo ainda com a reportagem, “a prefeitura também já recebeu pedido de licenciamento da obra, que só depende agora da licença ambiental do Inea, entre outras condicionantes técnicas, para ser iniciada”. Creio que não haveria a mínima necessidade de estudos ambientais e de permissões, devendo tal pedido já ter sido cassado no nascedouro. Em princípio, a Mata Atlântica, deveria ser preservada, justamente ela que desde o descobrimento do Brasil vem encolhendo a olhos vistos. Um exemplo vivo da sua destruição é o desaparecimento da fruta Cambucá (Plínia Edulis), cujos únicos exemplares se encontram no parque municipal do Cambucá, em Cantagalo. Aliás, desde 2003 que ela foi transformada em árvore símbolo do município. A título de informação essa fruta é da família da jabuticaba, só que de coloração amarelada.
Mas, a ganância de empreiteiros e governantes não tem limites, principalmente num estado como o nosso, onde o vil metal tem uma importância decisiva. No caso do Cônego, é sabido que a fonte de abastecimento de água do bairro é pequena e, que o crescimento desenfreado de condomínios, vai levar nos próximos cinco anos a uma falta de água importante. Ainda mais ser sabido que uma parte dessa água foi desviada para o Alto de Olaria, durante o segundo governo Paulo Azevedo.
O Eduardo Guinle terá, quando pronto, 50 casas de três a quatro quartos, ou seja, em torno de 200 moradores. A preservação de vegetação nativa, obrigatória e fiscalizada pelo Inea, foi uma piada, porém recebeu o aval daquele importante órgão estadual. O mesmo que concedeu a licença para o crematório de lixo hospitalar, no Córrego Dantas. Foi o Ibama que embargou aquela transgressão, e a ordem veio de Brasília, não da sucursal do estado.
Acontece que com a degradação da cidade do Rio de Janeiro e de Niterói, muitas famílias estão descobrindo as delícias climáticas e gastronômicas de Friburgo, além da sua aparente tranquilidade se comparadas com aquelas duas cidades citadas. Daí a necessidade de se expandir o setor de moradias, sem nenhum estudo sério de impacto do meio ambiente e da dinâmica da mobilidade urbana. Em função do crescimento populacional dos bairros Cascatinha e Cônego, os engarrafamentos na Avenida Conselheiro Julius Arp, em direção ao Paissandu são frequentes e a qualquer hora do dia. O trânsito na Avenida Alberto Braune e nas avenidas que margeiam o Rio Bengalas, está sempre complicado. Imaginem um condomínio de 12.600 metros quadrados, em pleno centro da cidade, e com ruas estreitas para se chegar à Praça Getúlio Vargas. O que será da rede de água e esgoto já tão combalida naquela região, o que provoca constantes alagamentos nas ruas que desembocam nessa mesma praça?
Creio que está na hora de se pensar em sair do já tão populoso centro e adjacências e expandir a cidade para os arredores da estrada Teresópolis-Friburgo, ou criar vias alternativas de escoamento do trânsito. Do jeito que as coisas estão caminhando, a qualidade de vida do friburguense vai piorar cada vez mais.
Salvemos a Mata Atlântica, não a mais um condomínio no centro da cidade para degradar ainda mais aquela região.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário