(In)Segurança

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

(In)Segurança

O leitor certamente tem a dimensão de que levar certas denúncias adiante, enfrentar certos interesses infiltrados, honrar o juramento em contextos desenhados para premiar o erro, a vista grossa, a colaboração, são posturas que envolvem riscos, sobretudo quando muitos que deveriam estar fazendo o mesmo preferem ignorar os fatos, ou tirar proveito deles.

Vale para o Judiciário, para o Executivo, para o Legislativo, para o cidadão engajado, e também para a imprensa.

Prato frio

A coluna não costuma trazer este tema à tona, mas recentemente algumas fontes de credibilidade começaram a manifestar preocupação, deixando transparecer a mobilização de forças denunciadas (ou na iminência de o serem) no sentido de “dar um susto” em vozes denunciantes, aqui em nossa cidade.

Nada a ser feito agora, enquanto certos assuntos estão “quentes”, mas daqui a pouco, quando pautas de naturezas diversas estiverem em destaque e a associação entre grupos incomodados e o ato eventualmente praticado não seja tão evidente.

Planejando?

A própria coluna andou recebendo mensagens nitidamente intimidatórias tão logo começou a denunciar a aquisição de medicamentos com sobrepreço, e já tomou as medidas cabíveis a esse respeito.

E, de acordo com o que foi possível entender, o nome do vereador Professor Pierre chegou a ser citado como alguém a ser “assustado” no futuro próximo.

Precedente

Tudo talvez não passe de uma tentativa de construir um clima intimidatório, mas não podemos nos esquecer que no fim de 2017, exatos 40 dias após a peça que reuniu as informações levantadas pela operação legislativa “Mãos de Sangue” ter sido entregue ao Ministério Público Federal, o carro do vereador Professor Pierre sofreu um impacto que a perícia confirmou ser compatível com disparo de arma de fogo.

Evidentemente as forças que se mobilizaram naquela altura estão igualmente incomodadas com as consequências daquela mesma fiscalização.

União necessária (1)

Enfim, a coluna registra estes sinais a fim de alertar a sociedade a respeito de tais possibilidades, chamando atenção para a importância da atuação conjunta de todos que entendam ser correto enfrentar comportamentos incompatíveis com o interesse coletivo.

É a omissão de muitos que faz com que poucos se tornem alvos destacados, e cabe à sociedade deixar claro seu interesse e sua disposição em lutar pela verdade, enfatizando que já passamos da era na qual silenciar vozes era tão fácil quanto puxar um gatilho ou simular um acidente.

União necessária (2)

Se muitos vereadores fiscalizassem, se muitos jornalistas apurassem e denunciassem, se a população se unisse, cobrasse e se fizesse ouvir, e se o judiciário agisse com maior celeridade - apesar do acúmulo de trabalho -, certamente o respaldo e a segurança de quem defende o que é interesse de todos seriam muito maiores.

Tal união, tal diluição de protagonismos, tal manifestação de compromisso em favor do bem comum são muito necessárias neste momento em Nova Friburgo, e a coluna conta com o apoio dos leitores e dos colegas da imprensa para deixar claro que ninguém está sozinho nessa luta.

Sounds of silence

Dito isso, talvez seja importante acrescentar que Nova Friburgo não tem amadores em suas linhas de defesa.

Existe sim uma reserva informativa de segurança, bem guardada e distribuída entre uma rede de confiança, pronta para ser acionada na eventualidade de qualquer ação de natureza truculenta contra qualquer agente fiscalizatório de nossa cidade.

Se alguém acha que tudo o que se tem é divulgado, então está muito mal-informado.

Regras simples

No fim, é muito simples.

Estão incomodados?

Então partam para o debate, desmintam cara a cara, caso a caso.

Querem ser elogiados?

Então façam por merecer.

Mais um

O PSTU de Nova Friburgo confirmou a pré-candidatura do bancário Hugo Moreno, de 32 anos, a prefeito nas eleições de outubro.

Hugo já havia sido candidato em 2016, quando obteve 1101 votos, equivalentes a 1,07% do total.

Tiradentes

A coluna tem sido procurada sistematicamente por moradores do Loteamento Tiradentes, no Amparo, pedindo apoio para dar publicidade à situação de isolamento que vem sendo imposta aos moradores desde que escorregamentos de terra interromperam o serviço de transporte coletivo, em meio ao grande volume de chuva que caiu sobre o distrito recentemente.

Além do buraco no acesso ao loteamento moradores reclamam também da falta de iluminação pública no trecho mais perigoso, justamente onde há a cratera.

Tão simples

Tendo igualmente sido confrontado com alguns destes relatos, o repórter Guilherme Alt encaminhou algumas perguntas simples à Secom.

Basicamente questionou se o ex-vereador Aylter Maguila era habilitado para conduzir a van que foi disponibilizada para transportar os moradores, e por que era ele, um subsecretário, quem estava dirigindo a van, e não um motorista dos quadros municipais.

Ao que parece, no entanto, o repórter mirou no que viu e acertou no que não viu.

Tem motivo?

A primeira resposta teria sido simples, uma vez que o ex-vereador é sim habilitado para realizar o transporte.

Já a segunda seria importante, e de interesse tanto da prefeitura quanto do próprio subsecretário, diante da possibilidade de interpretação do caso como utilização da máquina pública para fins clientelistas, às vésperas de um pleito eleitoral.

Tanto mais quando se considera a postura governista do ex-parlamentar quando ocupou uma das cadeiras na Câmara Municipal.

Difícil

Em vez de qualquer explicação, no entanto, optou-se simplesmente por interromper o serviço, e jogar a culpa - através de uma série de áudios em ambiente protegido - em quem procurou o jornal levantando questionamentos.

Quer dizer: pelo visto, perguntar ofende sim, e se a ajuda não puder vir pela via conveniente, então não vem por lugar algum.

Difícil, viu?

Na forca

Em resumo, o caso acabou servindo para expor divisões entre representantes de moradores e flagrantes conflitos entre interesses eleitorais de quem pretende representar o distrito no plenário a partir de 2021.

Ao que parece, ser o salvador da pátria se tornou mais importante do que efetivamente salvar a pátria.

E o Tiradentes segue sendo enforcado.

ENTENDA O CASO.

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