Os 22 anos do Projeto Piabanha

quinta-feira, 18 de junho de 2020

O majestoso Rio Paraíba do Sul nasce no Estado de São Paulo e deságua no Oceano Atlântico em São João da Barra, no norte do Estado do Rio de Janeiro. Ocupando um bioma marcado pela Mata Atlântica, sua bacia drena 24% do estado paulista, 39% do estado fluminense e 37% de Minas Gerais, sendo responsável pelo abastecimento de água para mais de 14 milhões de pessoas. Como compreende centros de expressiva concentração urbana e industrial, esses três estados colocam em risco a biodiversidade do Paraíba do Sul.

Antes mesmo do processo industrial, o Vale do Paraíba fluminense e paulista, desde o último quartel do século 18, ficou sujeito a devastação de sua mata para a implantação da cultura da cana-de-açúcar seguida do ciclo econômico do café. A redução da área original de cobertura vegetal do vale provocou a erosão acelerada dos morros acarretando o assoreamento do rio.

Já nas últimas décadas, o lançamento de esgoto doméstico com baixo percentual de tratamento e de dejetos industriais têm ameaçado diversas espécies de peixes nativos como o surubim-do-paraíba e a piabanha. Estima-se que o Rio Paraíba do Sul possuía cerca de 127 espécies de peixes, das quais 115 nativas e 12 introduzidas. São peixes de valor comercial no Rio Paraíba do Sul a piabanha, o piau branco e vermelho, a tainha, o dourado, a traíra, o robalo peva e flexa, o cascudo ou caximbau e o curimatã, curimbatá ou carpa do rio.

Para evitar que essas espécies aquáticas desapareçam de sua bacia foi criado o Projeto Piabanha que comemora 22 anos de atuação. Não fosse essa iniciativa muitas espécies já teriam sido extintas. Na celebração de seus dois decênios de atividade, o Projeto Piabanha lança a campanha “Em defesa dos rios, em defesa da vida” reunindo colaboradores, voluntários e parceiros.

Utilizando as redes sociais objetivam levantar a pauta da conservação, proteção e recuperação para a sustentabilidade das espécies de peixes em extinção no Rio Paraíba do Sul. Para tanto, o projeto conta com o apoio institucional do Instituto Humanize, Pesagro-Rio, Carinho Eco Green (Copapa), Uenf – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais – Cepta, ICMBio e da Universidade Mogi das Cruzes.

O Projeto Piabanha mobiliza recursos, tecnologias e pessoas em defesa dos rios, em especial para a conservação dos peixes da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, com ênfase nas espécies aquáticas ameaçadas de extinção. É formado pela Associação de Pescadores, aquicultores familiares e amigos do Rio Paraíba do Sul, uma organização da sociedade civil de interesse público municipal e estadual, com sede no município de Itaocara, no noroeste fluminense.

Nessas mais de duas décadas consolidou estudos, pesquisas, experiências e resultados na participação do Plano de Ação Nacional retendo o maior plantel de reprodutores de espécies nativas de peixes da bacia hidrográfica do Paraíba do Sul. O Projeto Piabanha representa uma oportunidade socioambiental de transformação e impactos positivos para uma área de mais de 55 mil quilômetros, com 40 espécies ameaçadas de extinção, incluindo os peixes piabanha, surubim-do-Paraíba, grumatã e toda a população ribeirinha que vive em seu entorno.

Com o auxílio de parceiros realizam o repovoamento nos rios Pomba e Paraíba do Sul com peixes marcados, objetivando preservar as espécies ameaçadas de extinção. A marcação em peixes é amplamente utilizada para diagnosticar aspectos da dinâmica populacional, crescimento, mortalidade, deslocamento e reprodução. A partir dessa marcação é possível monitorar a fauna aquática e avaliar o êxito do estabelecimento dessas espécies no ambiente natural. O monitoramento conta com a parceria dos pescadores da região e de uma rede ampla de colaboradores.

De acordo com o biólogo e diretor técnico da instituição, Guilherme Souza, ao longo do projeto a Piabanha atingiu um aumento populacional expressivo consolidando a ideia de conservação em um trabalho que se tornou referência no país. Segundo o geógrafo, ecologista e diretor geral da instituição, Luiz Felipe Daudt de Oliveira, “o Projeto Piabanha objetiva ampliar a capacidade de atuação, consolidar novas tecnologias em prol dos rios representando uma voz significativa no movimento ambiental, que vem mudando hábitos arcaicos e arraigados disseminando boas práticas de conservação que atendem as expectativas de corações e mentes.” Esse projeto pode ser mais bem conhecido acessando www.projetopiabanha.org.br ou pelo instagram @projetopiabanha. 

  • Foto da galeria

    O Projeto Piabanha conta com o apoio de instituições governamentais e acadêmica

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    O Projeto Piabanha é uma referência no país

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    Os peixes marcados são monitorados

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