Câmara Municipal lança livro em seu bicentenário

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Na próxima segunda-feira, 14, a Câmara de Vereadores de Nova Friburgo, vai lançar  em sessão solene o livro “Memórias do Legislativo Friburguense, 200 anos de história da Câmara Municipal de Nova Friburgo”. De acordo com o historiador e coordenador Ricardo da Gama Rosa Costa, o livro inicia com o artigo de minha autoria, “As posturas policiais em Nova Friburgo no século XIX (1820-1888)”, que trata da legislação construída pelos vereadores friburguenses na época do Império, quando Nova Friburgo era uma vila estabelecida em meio à sociedade oligárquica e escravista brasileira.

Na sequência Rodrigo Marins Marretto descreve “Nas rotas do café e da escravidão: um estudo das dinâmicas socioeconômicas da vila de Nova Friburgo (1822-1888)” o processo de desenvolvimento da vila no período em que a principal preocupação das autoridades e dos proprietários locais era com a escravidão e o uso do trabalho escravo voltado para manter os caminhos e as estradas que transportavam o café produzido em Cantagalo e nas freguesias de Nova Friburgo, em direção ao porto do Rio de Janeiro.

Tanto o meu artigo quanto o de Rodrigo apresentam uma realidade histórica que não pode ser esquecida, a existência da escravidão e a presença da população negra em Nova Friburgo, responsáveis pela produção da riqueza e por grande parte da formação cultural do nosso povo. O terceiro artigo de autoria de Rodrigo Marretto e Gabriel Almeida Frazão “Em benefício da elegância e a salubridade pública: Jean Bazet e a boa sociedade imperial na vila de Nova Friburgo (1828-1852)”, nos apresenta a trajetória política do primeiro presidente da Câmara Municipal eleito, um dos membros da migração suíça para a vila de Nova Friburgo, que atuou como médico dos colonos suíços, o que lhe conferiu prestígio suficiente para que vencesse as eleições para vereador em cinco ocasiões e assumisse a condução da administração da vila nos seus primeiros anos.

Gabriel Frazão é também autor de “Caminhos e descaminhos de um político local: considerações sobre as estratégias e a trajetória de Dimas Ferreira Pedrosa (Nova Friburgo – 1844-1882)”, texto que aborda a ação política controversa de um vereador friburguense que se destacou ao representar os interesses dos proprietários e suas necessidades econômicas, com destaque para a questão relativa à manutenção das estradas, procedimento indispensável ao sucesso dos negócios da classe dominante da vila e da região. Em seguida Anne Thereza de Almeida Proença no artigo “Senhor Vereador Doutor: as frentes de atuação de Carlos Éboli na Câmara Municipal da Vila de Nova Friburgo (1870- 1880)” aborda a atuação do médico italiano Carlos Éboli durante seus dois mandatos como vereador, acima de tudo preocupado com a manutenção da salubridade pública da vila, o que também atraía visitantes de diversos pontos da província e do país em busca da cura para suas enfermidades ou para veraneio.

O artigo de Maria Ana Quaglino “A Câmara Municipal e a iluminação pública no século XIX” analisa parte do processo de modernização urbana da vila de Nova Friburgo, mais especificamente sobre a instalação e substituição de sistemas de iluminação pública na cidade buscando entender os motivos que levaram a municipalidade a adotar lampiões à base de derivados de petróleo, num momento em que a energia elétrica já começava a ser implantada em outros municípios.

O sétimo artigo de autoria de João Raimundo de Araújo e Sonia Rebel de Araújo “A Nova Friburgo na Velha República: aspectos políticos (1890-1930)” trata do processo de transição da vila a município após a proclamação da República, analisando os conflitos entre os grupos políticos que representavam, de um lado, a tradicional sociedade construída sobre as bases da economia agrária escravista e, de outro, aqueles que se apresentavam como modernizadores ao defenderem a instalação das indústrias têxteis em Nova Friburgo.

A industrialização da cidade, por sinal, dependeu da substituição da iluminação a gás pela energia elétrica, tema este de Almir Pita Freitas Filho, “A Câmara Municipal e a iluminação elétrica em Nova Friburgo (1902-1911)”, que aborda a atuação do poder público local, através do Legislativo, na adoção de medidas com vistas à implantação de serviços de utilidade pública, mais precisamente a iluminação elétrica, no instante em que Nova Friburgo vinha se tornando um atraente polo de interesses ligados ao comércio e serviços diversos, em especial médicos, turísticos e educativos, para o que era premente a modernização via energia elétrica.

Ricardo da Gama Rosa Costa com o texto “Galdino do Valle Filho e a construção da hegemonia burguesa em Nova Friburgo (1911-1961)” destaca a trajetória da principal figura pública representativa dos ideais liberais burgueses na primeira metade do século XX, responsável pela construção do projeto hegemônico em defesa dos interesses do empresariado ligado à nascente indústria têxtil, instalada em consequência da estratégia política vitoriosa de Galdino, da qual fez parte também a ideologia da Suíça Brasileira.

Em seguida, Maurício Antunes Raposo analisa a formação do núcleo integralista no município, que reuniu adeptos e simpatizantes da versão brasileira do fascismo. Por meio do artigo “Júlio Ferreira Caboclo e a Ação Integralista Brasileira na Câmara Municipal de Nova Friburgo (1936- 1937)”, Maurício evidencia a liderança política conservadora do professor e jornalista Júlio Caboclo. Por fim, o artigo de Elizabeth Vieiralves “Medicina e Poder Político em Nova Friburgo: Amâncio Mario de Azevedo, o Médico dos Pobres” centra sua análise no estudo das relações entre a medicina e o poder político, a partir da trajetória dos médicos que dirigiram os destinos de Nova Friburgo entre os anos de 1947 e 1977, passando pela herança do “galdinismo” até a proeminência da liderança popular de Amâncio Azevedo, cuja carreira política como vereador, prefeito e deputado federal esteve associada ao atendimento a diversas demandas sociais advindas das camadas populares na cidade.

O livro é igualmente coordenado pela assessora de comunicação da Câmara Fernanda Guimarães, que nos informa que exemplares serão distribuídos gratuitamente entre as instituições e escolas, mas por ter uma tiragem limitada, a população terá acesso baixando a obra disponível no site da Câmara Municipal.

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    A Câmara Municipal é a instituição mais antiga do município

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    O prédio da Câmara foi demolido para abrir a Rua Monte Líbano

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