Nova Friburgo, uma senhora de 203 anos

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Pelo segundo ano consecutivo, não tivemos como comemorar o aniversário da cidade. Nova Friburgo completou 203 anos no último domingo, 16, sem festas ou desfiles em virtude da pandemia que nos assola e transtorna a nossa existência. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial, no dia 16 de maio de 1818. D. João VI recém-coroado rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ansioso por desenvolver a agricultura e intensificar a colonização no interior do Brasil. D. João VI assinou um decreto em que autorizava o agente do Cantão de Fribourg, na Suíça, a estabelecer uma colônia de 100 famílias na antiga Fazenda do Morro Queimado, no alto da serra.

Acreditava-se naquela época que o clima da região seria mais favorável para os imigrantes suíços apesar do terreno escolhido não ser o mais apropriado para a agricultura. A sede da colônia recebeu o nome de Nova Friburgo em função da procedência dos seus primeiros colonizadores, oriundos em maior quantidade do cantão suíço de Fribourg.

Como a patifaria é universal, Sebastien Nicolas Gachet incluiu mais 161 famílias do que havia sido combinado nos contratos firmados entre Portugal e a Suíça e, de 1819 a 1820, chegavam à Fazenda do Morro Queimado, pertencente ao município de Cantagalo, 261 famílias, pois Gachet quis lucrar mais do que o combinado. Talvez a confusão em se falar que Nova Friburgo foi colonizada por suíços advenha do fato de que a maioria das famílias que aqui chegaram, ser de colonos. Eles vieram para cá fugindo da fome e de dois invernos rigorosos que destruíram suas lavouras.

Assim, na realidade, eles foram os fundadores da cidade, pois, até 1818, o Brasil era uma colônia portuguesa, já que Pedro Alvares Cabral, nosso descobridor, era português e, quando aqui chegou em 1500, estava a serviço de D. Manuel, rei de Portugal.

A chegada de mais 161 pessoas foi um transtorno já que as acomodações não previam esse número, o que obrigou as autoridades a colocar mais de uma família por casa. Esse fato além da qualidade das terras disponíveis não ser adequada ao cultivo, desagradou os recém-chegados e muitos migraram para Lumiar, Bom Jardim e Santa Maria Madalena. O bisavô do meu sogro, um dos Voirol que aqui chegou, migrou para Sumidouro. O sobrenome da família foi aportuguesado para Warol.

São 203 anos de puro encanto, deixando uma marca no coração até de quem não é filho da terra. E desde os tempos mais antigos, essa cidade de temperatura amena no verão e fria no inverno, dona de belas paisagens vem conquistando fãs. Eu, por exemplo, vivo aqui desde 1977.

Tive de conhecer a história da cidade desde sua fundação, para entender o seu dinamismo, sua caminhada para o sucesso, suas conquistas. Foi de grande importância para escrever minha monografia de conclusão da faculdade de Comunicação Social, cujo título era “Rádio Sociedade de Nova Friburgo: A mídia falada chega a Friburgo”.

Além de ter sido um grande polo industrial até a crise do petróleo em 1982, a cidade foi e continua sendo um centro importante de cultura. Para se ter uma ideia dessa afirmação contávamos com pelo menos três bons teatros (hoje são quatro) e vários cinemas sendo os mais conhecidos o São José, o Leal e o Marabá, todos desaparecidos (hoje são seis, três no Friburgo Shopping e outros três no Cadima Shopping). Grandes colégios contribuíram e contribuem para o ensino não só de friburguenses como de jovens de outras cidades, pois o Anchieta em sua fase inicial era um internato, assim como Fundação Getúlio Vargas cujas atividades foram encerradas em 1977.

Além dos colégios mais tradicionais como o Nossa Senhora das Dores, o Mercês, o Jamil El-Jaick, o Ribeiro de Almeida (hoje Instituto de Educação de Nova Friburgo, Ienf), a cidade tem outros que contribuem para a educação dos futuros friburguenses.

Tudo isso, sem falar do seu potencial turístico não só por suas belezas (nossas montanhas, nossos vales e nosso visual principalmente ao entardecer), sua gastronomia, seu polo de moda íntima, o teleférico, a Queijaria Escola e muitas outras atrações.

Parabéns Nova Friburgo e que sua população reflita sobre o seu passado e projete um futuro ainda melhor.

Publicidade
TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.