Tempo começa a melhorar, mas ainda chove nos próximos dias

Cemaden emite nota técnica alertando para risco de inundações e deslizamentos; cidades vizinhas sofreram mais do que Friburgo
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Poste que caiu na Serramar no fim de semana (Fotos de reprodução da web)
Poste que caiu na Serramar no fim de semana (Fotos de reprodução da web)

O canal de umidade da Amazônia que provoca chuvas constantes em todo o Sudeste desde o fim do ano começa a se desconfigurar a partir desta segunda-feira, 10, mas ainda deixa muitas instabilidades ativas, pelo menos até quarta-feira, 12. O tempo em Nova Friburgo melhora progressivamente no decorrer da semana, e a previsão é de sol no fim de semana. 

A semana começa, no entanto, com previsão de mais chuva, o que é muito preocupante, já que o solo está extremamente encharcado e o nível dos rios da região não param de subir.  Nesta segunda e terça-feira, uma baixa pressão atmosférica vai reforçar as áreas de instabilidades já existentes  na Região Serrana, onde, em alguns pontos isolados, pode chover forte.

O Centro Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden-RJ) emitiu nota técnica alertando para o risco de  inundações e deslizamentos de terra no Sudeste nos próximos dias, incluindo a Região Serrana do Rio. A nota observa que os rios da região  já se encontram em elevação em muitos municípios, sendo observados extravasamento de canais, alagamentos e inundações em áreas urbanas.

Transtornos em Friburgo

A chuva persistente por dias seguidos não provocou grandes estragos em Nova Friburgo. A Secretaria Municipal de Defesa Civil informou nesta segunda que o Município está em estágio de observação e registrou uma média de 44,8mm de chuva nas últimas 48 horas, sendo 31,9mm somente nas últimas 24 horas. A localidade que registrou o maior volume de chuva nas últimas 24 horas foi São Geraldo, com uma média de 44,6mm. 

No último fim de semana a Defesa Civil de Nova Friburgo atuou em quatro ocorrências emergenciais em virtude das chuvas, todas sem vítimas. A primeira foi uma queda de árvore na RJ-142, na altura do Recanto da Serra Pedra Riscada, na noite de sábado, 8. A árvore atingiu a rede elétrica e o tráfego de veículos ficou interrompido por volta de quatro horas. A segunda ocorrência também foi uma queda de árvore, desta vez na Rua Uruguaiana, em Olaria, por volta das 7h10 desta segunda-feira, 10. 

No terceiro chamado, a Defesa Civil foi acionada por volta das 7h30 por conta de um deslizamento de barreira na Avenida Brasil, no distrito de Conselheiro Paulino, na altura do número 420. Ainda na manhã desta segunda-feira,  também houve uma queda de barreira na RJ-150, no distrito de Amparo, próximo ao Sítio Vale Feliz. A rede elétrica também foi atingida e a Energisa foi acionada para auxiliar nos trabalhos.

Antes  de tudo isso, um dos maiores transtornos foi provocado pela queda de uma árvore sobre a rede elétrica, no Km 71 da RJ-116, em Mury, na noite de sexta (acima). O principal acesso à cidade ficou interditado nos dois  sentidos durante três horas, a partir das 18h52. O incidente não deixou feridos.

Galhos atingiram a rede de energia, derrubando postes e fiação sobre o asfalto. Motoristas que tentaram usar o desvio pela antiga Linha do Trem também também enfrentaram congestionamentos, pois a via estreita e esburacada não suportou a quantidade de veículos.

Segundo a Rota, a liberação das pistas demorou pois foi preciso a concessionária Energisa fazer antes todo o trabalho de suspensão da energia, aterramento da rede e recomposição do sistema,  sob chuva forte. Somente às 21h19, com os trabalhos da concessionária de energia concluídos, o trecho começou a funcionar no sistema pare e siga, depois que homens da Rota  tiveram segurança para fazer  a limpeza, desobstrução e liberação das pistas.

No fim da manhã de sábado, 8, a RJ-116 voltou a ter o tráfego interditado, nos dois sentidos, também por queda de árvore sobre a rede elétrica. Desta vez o incidente ocorreu no Km 67, em Theodoro de Oliveira (abaixo). Equipes da Energisa foram acionadas e, às 14h, o trânsito já estava em sistema de pare e siga.

Na véspera, a Defesa Civil de Friburgo só foi acionada (199) para duas pequenas ocorrências emergenciais, ambas também sem vítimas. Na primeira, uma árvore caiu no Bairro da Graça, em Olaria, atingindo um veículo estacionado. A segunda  foi  uma pequena queda de barreira na RJ-150, no distrito de Amparo. Outra árvore caiu sobre a Estrada Velha de Amparo na sexta.

As madrugadas de chuva constante vêm tirando o sono de muitos friburguenses, preocupados com a lembrança da tragédia de 2011, que completa 11 anos nesta quarta, 12. 

A RJ-142 (Estrada Serramar) também chegou a ser  interditada duas vezes no fim de semana, primeiro pela queda de um  poste, depois por uma árvore, ambos no trecho entre Lumiar e Casimiro.

Houve quedas de árvores também nas estradas de Amparo (acima e abaixo) e Granja Spinelli, além de deslizamentos de encostas na RJ-148, que liga Friburgo  a Sumidouro.

Entre a manhã de sexta e de sábado as equipes da Defesa Civil tinham atendido apenas cinco ocorrências emergenciais: duas ameaças de queda de árvores, no  Cascatinha e no Córrego Dantas, duas quedas de árvores na RJ-150, no Alto da Chácara do Paraíso, e no Parque São Clemente; e um imóvel com trincas e/ou rachaduras no Perissê. Não houve registro de vítimas ou pessoas desalojadas em Nova Friburgo. 

Cidades vizinhas

Já municípios vizinhos sofreram bem mais com as chuvas dos últimos dias. Em  Cachoeiras de Macacu (abaixo), as  áreas rurais foram  as mais prejudicadas. Em 24 horas, no fim de semana,  a Defesa Civil registrou 26 ocorrências, sendo 15 deslizamentos, seis alagamentos e seis casas interditadas. Até a noite de sábado, havia 37 desalojados e sete desabrigados.

Um vídeo feito por uma moradora mostrou o momento em que uma família foi resgatada por uma picape carregando apenas um cachorro, um fogão e uma máquina de lavar roupas. Outro vídeo mostrou uma mulher em um barco, numa rua que virou um rio.

Em Santa Maria Madalena, a RJ-146,  que liga a cidade a Trajano de Moraes, foi totalmente  interditada depois que a enxurrada levou embora uma parte da pista na sexta (abaixo).

Em Cordeiro, a Rua Padre André Boaventura foi interditada no sábado por conta do risco de afundamento. Parte do acostamento da RJ-160 cedeu (abaixo).

Cantagalo  registrou o terceiro maior acumulado de chuva do estado de sábado para domingo (87,2 mm em 24 horas), perdendo apenas  para Guapimirim e Angra dos Reis.

A RJ-144, estrada que liga os municípios de Carmo e Duas Barras,  também passou a operar  em pare e siga, depois que  parte da pista cedeu (abaixo).

Também na Região Serrana, a Defesa Civil de Teresópolis registrou 14 ocorrências, sem vítimas, na sexta, enquanto a Defesa Civil de Petrópolis atendeu mais de 150 ocorrências em  três dias de chuva.

Governo do estado e DER

O governador Cláudio Castro e o secretário estadual de Defesa Civil (Sedec) e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro, monitoram as chuvas que atingem o território fluminense desde quinta-feira, 6. Na manhã de domingo os dois participaram de uma série de videoconferências com os prefeitos das localidades mais atingidas.

Nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros foi acionado para mais de 90 ocorrências relacionadas às chuvas no estado, a maioria para cortes de árvores e salvamentos, como de pessoas ilhadas. Até o momento, não há registro de vítimas fatais.

Equipes do DER-RJ e da Sedec atuam em toda a região para minimizar os transtornos causados pela chuva. Os profissionais trabalham na desobstrução de vias e contenções emergenciais de encostas. Desde o início dos temporais, engenheiros, técnicos e operários atuam nas rodovias com maquinário e caminhões para desobstruir e limpar os trechos afetados.

Em Friburgo, os atendimentos de emergência foram realizados em dois trechos da RJ-150 (Amparo), na RJ-148 (Sumidouro) e na RJ-142 (Lumiar).

Como A VOZ DA SERRA  noticiou em dezembro, o mês de janeiro deverá ser mais chuvoso do que o normal.  Tudo por causa do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico), que  se estabeleceu na primavera de 2021 e continuará ativo durante todo o verão de 2022. Neste mês de  janeiro, o La Niña ajudará a manter as chuvas acima da média sobre o Centro-Norte do país e abaixo da média na Região Sul.  Nas demais regiões, incluindo o Sudeste, a chuva deve ser regular e volumosa, com acumulados acima da média histórica.

  • O volume de água na Cascata Conde D'Eu, em Sumidouro

    O volume de água na Cascata Conde D'Eu, em Sumidouro

  • Deslizamento na RJ-148

    Deslizamento na RJ-148

  • O Rancho das Pedras, em Sumidouro

    O Rancho das Pedras, em Sumidouro

  • Árvore cai sobre carro no Bairro da Graça, em Friburgo

    Árvore cai sobre carro no Bairro da Graça, em Friburgo

  • Rua Wenceslau Brás, no Cônego

    Rua Wenceslau Brás, no Cônego

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TAGS: Clima