As mães brasileiras estão cada vez mais sobrecarregadas, esgotadas e insatisfeitas. Isso é que aponta a mais recente pesquisa sobre a saúde mental materna no Brasil, a qual demonstra que 97% das mães do país se sentem sobrecarregadas, 94% esgotadas e 91% insatisfeitas ou tristes. Os dados integram o estudo intitulado “De Mãe em Mãe” que entrevistou mais de 800 mulheres de todo o país.
As razões para a sobrecarga são diversas e muitas delas estão relacionadas a questões culturais, que atribuem às mães a função de principal responsável pelo cuidado do lar e dos filhos. Assim, a dupla jornada de trabalho e a falta de apoio, estão entre os fatores que têm feito com que as mulheres trabalhem quase dez horas semanais a mais do que os homens, especialmente lidando com afazeres domésticos e com o cuidado de pessoas, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As mães representam um terço da população brasileira e a desigualdade de gênero ainda presente no país reflete expectativas sociais de que elas sejam supermulheres e equilibrem com perfeição: carreira, família, relacionamentos e autocuidado. Essas expectativas se traduzem no formato de cobrança, tanto naquela que é imposta pela sociedade quanto na que as mulheres fazem sobre si próprias ao tentarem maternar de forma eficiente, suprindo todas as necessidades da criança, cuidando da casa e, ao mesmo tempo, tendo sucesso constante no desenvolvimento do seu trabalho, conforme explica a psicóloga Jaine Melo.
“A rotina normalmente é mais ‘pesada’ para as mães devido às diversas atribuições que as mulheres somam ao seu dia a dia após o nascimento da criança. Especialmente com o retorno ao trabalho, a mãe se cobra em conseguir suprir as necessidades das suas tarefas corporativas junto com as demais, que envolvem a casa e a criança. Dessa forma, a saúde mental das mães fica extremamente sensível e elas acabam desenvolvendo uma sensação de esgotamento”, explica a profissional.
Como prevenir ou lidar com o esgotamento mental
De acordo com Jaine Melo, as principais estratégias para prevenir o esgotamento materno são: investir na saúde mental das mães para que saibam que estão sendo ouvidas, criar uma rede de apoio com a qual possam contar e buscar acolhimento em seu ambiente de trabalho. É imperativo também falar sobre a importância da saúde mental e acolher a vivência dessas mães.
"É essencial que aqueles que interagem com mulheres que lidam com a maternidade saibam que elas estão sempre buscando dar o seu melhor e que não há uma lista de regras com o que fazer ou não ao maternar. Por isso, é importante oferecer apoio e não julgá-las, nem colocar a maternidade em pauta como algo que deve ser feito de uma forma padronizada", aconselha a profissional.
Conforme ela destaca, a rede de apoio é importante para assegurar a saúde mental das mães e também o desenvolvimento das crianças, incluindo o emocional, que depende de uma variedade de estímulos e experiências ao longo do tempo. Para se tornar parte da rede de apoio de alguma mãe próxima do seu convívio, há algumas ações que podem ser adotadas, como:
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Entenda as causas, os sinais e os sintomas do esgotamento mental materno para poder oferecer um apoio eficaz;
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Esteja disponível para ouvir e oferecer apoio emocional às mães que estão enfrentando dificuldades. Isso pode ser feito pessoalmente, por telefone, por mensagem de texto ou por meio de outras formas de comunicação;
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Ajude com tarefas do dia a dia, como cuidar das crianças por algumas horas, preparar refeições, fazer compras ou realizar tarefas domésticas;
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Esteja ciente dos sinais de alerta de problemas de saúde mental mais graves e saiba quando e como encaminhar as mães para ajuda profissional;
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Esteja presente de forma consistente e confiável para as mães que você está apoiando. Sua presença e apoio contínuos podem fazer uma grande diferença em suas vidas.
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