Resenha da belíssima obra de Khaled Hosseini

As pipas são uma paixão nacional entre os meninos do Afeganistão dos anos 70 e os amigos Amir e Hassan não fogem a essa regra
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
(Foto: Reprodução)
(Foto: Reprodução)

“O Caçador de Pipas” conta a história de dois amigos, Amir e Hassan, que nasceram e cresceram no Afeganistão na década de 1970; Amir é um garoto nascido numa família rica, ganhando tudo que deseja, porém vive tentando a aprovação de seu pai; Hassan veio de uma família humilde, sendo seu pai um simples empregado na casa do pai de Amir. Sendo assim, considerados de “raças” opostas, ambos estavam sempre juntos, apesar das brincadeiras maldosas de Amir contra Hassan.

O autor da obra, Khaled Hosseini, mostra com maestria ambos os lados da sociedade do Afeganistão naquela época, a partir do olhar dos dois garotos. Amir frequenta a escola e tem vários amigos, enquanto Hassan vive ocupado com os afazeres domésticos e não sabe ler nem escrever. Hosseini constrói muito bem as personalidades diferentes dos amigos: Hassan é leal e corajoso; e Amir é egoísta e covarde.

A história se passa na capital do Afeganistão, Cabul, onde todos os anos havia uma competição de pipas — uma brincadeira que ambos adoravam. O evento atraía várias crianças, e suas famílias, e elas tinham que levantar suas pipas e duelar no ar para cortar a linha dos outros. Aquele que conseguisse ficar com sua pipa intacta até o fim, era o vencedor; Hassan era um hábil caçador de pipas, e como se adivinhasse onde as pipas cortadas cairiam, corria atrás delas e sempre as encontrava. 

Até que, durante uma dessas competições, na correria, os garotos se perdem um do outro, e Hassan acaba sendo encurralado por meninos que, por desprezo com sua etnia, o violentam. Amir assiste a tudo, escondido, com medo de intervir. O episódio muda completamente a personalidade de Hassan e a relação entre os dois. E Amir vai se culpar durante anos pelo o que aconteceu com seu amigo. 

Mas voltando à competição, Amir ganha o prêmio, com ele, o sonhado reconhecimento do pai. Hassan, comovido com a felicidade do amigo, decide ir atrás da pipa que o transformou em campeão, quando é abordado pelo grupo que o atacaria, também inimigos de Amir. Este, ao decidir procurar o amigo, se depara com a cena brutal, não faz nada para ajudar Hassan, e foge. 

Ainda assim, ao longo de toda a sua vida, já vivendo separados há anos, o sentimento de Hassan se manteve intacto, desde quando diz, numa passagem de suas infâncias: “Por você, faria isso mil vezes!”

Em busca da redenção

Alguns anos se passam, e uma guerra eclode no Afeganistão, e Amir segue com seu pai para os Estados Unidos. Após vinte anos, Amir recebe um telefonema de um velho amigo da família que o convida para voltar à sua terra natal. Assustado, mas decidido, ele aceita. Quem sabe para tentar se redimir com a culpa que carrega  há décadas.

O autor Khaled Hosseini utiliza a primeira pessoa durante o livro inteiro, através da visão de Amir; vez ou outra, usa termos árabes que podem ser entendidos pelo contexto e algumas vezes traduzidos. Os ambientes são muito bem descritos e contextualizados: como era o país nos anos 70, conflitos e guerras, contraste das vidas das pessoas na sociedade e sua imensa desigualdade, o preconceito, entre outros rígidos costumes. Tudo contribuindo para o enriquecimento da história.

A obra é emocionante, carregada de sentimentalismo. Não é uma história com final feliz nem triste. Hosseini nos entrega um final agridoce, deixando os leitores emocionados com algo mais realista e condizente com a realidade apresentada no decorrer do enredo.

A cultura afegã, o valor da AMIZADE, o ARREPENDIMENTO e a CULPA que corroem o psicológico.  Carregando a reflexão de cada ação que cometemos e como e quanto influenciarão o nosso futuro e de todos que nos rodeiam. Algo único, comovente e humano. (Texto redigido a partir de publicação emalternativanerd.com.br)

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