Nesta quarta-feira, 20, entrou em vigor o decreto municipal 879, com novas regras de restrição das atividades comerciais. O prefeito Johnny Maycon, após o Hospital Municipal Raul Sertã atingir 100% dos leitos de enfermaria e UTI exclusivos para pacientes com Covid-19, além da proximidade de superlotação nas demais unidades particulares entendeu que a melhor maneira de tentar coibir a proliferação do vírus foi retroceder a retomada gradual das atividades no município na vigência da bandeira vermelha.
O decreto reduziu o horário de funcionamento do comércio e restringiu o contingente de mão de obra nas indústrias, além de impossibilitar aos bares e restaurantes o consumo in loco. Este último setor, por exemplo, não recebeu a notícia com bons olhos. Mariana Pontes e Fernando Bon, donos de um restaurante self-service no bairro Olaria, por exemplo, tiveram que se adequar às novas regras. No estabelecimento deles, dois funcionários entraram em férias e houve uma redução de 40% no volume dos alimentos que são servidos.
“Não entendi porque proibir o consumo no local. Os clientes entram no restaurante com máscaras e só as tiram quando começam a comer. Não vejo porque fechar o restaurante dessa forma. No final do ano tivemos a normalização do volume de clientes. Diminuímos, também, cerca de 80% do que compramos para abastecer o restaurante. Para esta semana temos estoque guardado, mas para a próxima não sabemos o que fazer, caso essas medidas continuem”, disseram os danos.
Dono de uma rede de lojas de açaí com três unidades no Centro, Olaria e Paissandu e uma barbearia, Rafanele Braz viu seu movimento cair em até 60% com o endurecimento das restrições desde ontem. “O nosso produto, por ser natural, o cliente prefere consumi-lo em taças, o que só pode ser feito na própria loja. Esse é o nosso diferencial”, exemplificou.
Rafanele também alertou para as despesas extras de todo início de ano como o IPVA e o IPTU e questionou como os empresários do comércio arcar com esses pagamentos com a inconstância que a pandemia vem causando no setor. “Como o comércio vai conseguir se manter, tendo que pagar os salários e impostos? Em dezembro pagamos o 13º, em abril tem a declaração de imposto de renda e como fazer? Agora tem o IPTU, quem tem carro paga o IPVA. Quem aluga loja se vira no aluguel e o locatário não vai querer negociar, porque no ano passado ele já fez isso. Teve locatário que deu isenção de três e seis meses de aluguel. Tem que se pôr no lugar dele, também”, ponderou.
O lojista também se mostrou preocupado com o aumento do desemprego e com o abismo social cada vez maior. “Quem sofre com isso é a população mais pobre. Se um comerciante tem um funcionário com 20 anos de casa e outro com um mês, quem que ele vai demitir se precisar chegar a esse ponto? E às vezes esse funcionário que começou a trabalhar estava desempregado há mais de um ano”, lamentou Rafanele.
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