Maternidade depois dos 40, casamentos homoafetivos e mulheres pretas como maioria das mães solo são as principais transformações no perfil das famílias do país nas últimas décadas. São inúmeras as histórias que mostram a pluralidade das novas famílias brasileiras.
Recentes transformações sociais deram mais visibilidade e reconhecimento para as novas configurações das famílias no país
O tal “padrão” passou a ser questionado à medida que famílias mais plurais vêm ganhando espaço. O número de mulheres que se tornaram mães depois dos 40 anos dobrou, o casamento entre pessoas do mesmo sexo quadruplicou, as taxas de natalidade caíram e a constatação de que a maioria das famílias é chefiada por mães solo pretas e da periferia são alguns dos fatores que compõem a diversidade das famílias no país.
Segundo o dicionário Michaelis, o primeiro significado da palavra “família” é: “Conjunto de pessoas, em geral ligadas por laços de parentesco, que vivem sob o mesmo teto”. Mas nem mesmo o nome oficial do Dia Internacional da Família, instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993, e celebrado em 15 de maio, imprime o plural capaz de representar as famílias modernas.
Para marcar esse posicionamento, o Brasil afirmou, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, que as políticas públicas nacionais são voltadas para todas as famílias, sem discriminação, e rejeitou a recomendação de outros países que defendem o conceito de “família tradicional”. Para saber como essas transformações atravessam as vivências das crianças, o [Portal] Lunetas ouviu pais e mães que reforçam a pluralidade com suas histórias particulares em lugares diferentes do Brasil.
O avanço dos direitos sociais das mulheres, conquistado a partir de maior escolarização, crescente participação no mercado de trabalho e a liberdade sexual, por exemplo, favorece a possibilidade de ter filhos depois dos 40.
De acordo com a cientista social e professora do departamento de demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (Unicamp), Joice Vieira, com mais educação, o cenário cultural e econômico também mudou, pois, como as pessoas se dedicam mais ao trabalho e a qualificações, sobra menos tempo para constituir família. “Ter filhos está deixando de ser uma experiência obrigatória, já que a independência financeira e a autorrealização são esperadas primeiro”, pontua.
Vieira destaca que parte da população feminina acima dos 40 anos opta pela maternidade via reprodução assistida, sinal de que cada vez mais as mulheres se apropriam de suas próprias histórias. É o caso, por exmeplo, de Ana Cláudia Carvalho, comunicóloga e mãe das gêmeas Marcela e Giovana, 4.
“Eu sempre sonhei em ser mãe e, por ser solteira, decidi que esperaria até os 40 anos. Tentei uma fertilização in vitro com os meus óvulos e implantei dois embriões. Deu certo de primeira”, conta.
Ela completou 40 anos um mês antes do nascimento das gêmeas. Desde então, nunca foi questionada negativamente sobre a maternidade tardia e solo. O que chega a ela são perguntas de outras mulheres que se identificam com o desejo de ser mãe mas que têm medo de tentar uma produção independente.
“Acredito que as mulheres podem ser o que elas quiserem e quando elas quiserem. As dificuldades estão presentes, mas cada uma escolhe a melhor maneira de viver bem”, pontua.
O assunto continua nas páginas seguintes desta edição. Confiram!
(Fonte:lunetas.com.br)
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