A Polícia Federal deflagrou, na última quinta-feira, 27, a Operação Libertatis 2, que objetivou cumprir 21 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça contra suspeitos de integrar uma organização criminosa internacional especializada no comércio ilegal de cigarros, produzidos com o emprego de trabalho análogo à escravidão. Um dos alvos da ação é Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, apontado como integrante da máfia de cigarros e herdeiro da contravenção em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Pelo menos 12 mandados de prisão foram cumpridos, um deles em Nova Friburgo, no Loteamento Jacina, na Chácara do Paraíso.
Segundo a investigação, o grupo falsificava e comercializava cigarros produzidos com o emprego de trabalho análogo à escravidão e tráfico de cidadãos paraguaios. Além dos mandados judiciais, também foram emitidas ordens de bloqueio, sequestro e apreensão de bens, avaliados em cerca de R$ 350 milhões — na lista há veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie, assim como valores depositados em contas bancárias. Na casa de um dos alvos, foram apreendidos R$ 48 mil em espécie.
Investigação
A investigação que gerou os 21 mandados de prisão foi iniciada em fevereiro de 2023, com a descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros falsos, em Duque de Caxias. Na ocasião, os policiais encontraram trabalhadores paraguaios que eram submetidos a regime escravo. Segundo a investigação, a quadrilha falsificava e comercializava os cigarros que produzia com o emprego de embalagens falsas. O bando também teria usado violência e ameaças para que comerciantes de regiões dominadas pela organização fossem obrigados a adquirir o produto falsificado e revender apenas o cigarro fornecido pelo grupo investigado.
Durante a Operação Smoke Free, que ocorreu em novembro de 2022, a polícia descobriu que o mesmo bando contava com uma espécie de célula de serviço paralelo de segurança, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros.
Além disso, integrantes de outra parte da quadrilha são apontados como os responsáveis pelo fornecimento de insumos, maquinários e mão de obra escrava oriunda do Paraguai. Segundo a investigação, esta célula do grupo era administrada por uma mulher que possuía um serviço de segurança particular por parte de um policial militar.
Segundo a PF, os investigados poderão responder por crimes de organização criminosa; redução a condição análoga à de escravo; tráfico de pessoas; crime contra a saúde pública; fraude no comércio; sonegação por falta de fornecimento de nota fiscal; crime contra a relação de consumo; falsificação e uso de documento falso; violação de direito autoral; lavagem de dinheiro; e evasão de divisas.
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